Ao L!, Angioni explica ‘incertezas’ do sub-23 do Fluminense e futuro dos jogadores
Pandemia do novo coronavírus pode acabar com competições e deixar cenário da categoria complicado, acabando com a continuidade da equipe no clube tricolor
A pandemia do novo coronavírus provocou uma série de mudanças nos planejamentos dos clubes. No Fluminense, além de repensar a realocação dos recursos e do calendário, há também a incerteza com relação à continuidade do time sub-23. O projeto, liderado pelo diretor executivo de futebol do Flu, Paulo Angioni, está ameaçado, já que a CBF ainda não sabe se terá condições de realizar o campeonato da categoria. Em contato com o LANCE!, o dirigente explicou a situação atual e pontuou que o Tricolor já estuda alternativas para não ser pego de surpresa.
- Podemos dizer que temos bastante incerteza e estamos trabalhando com as duas hipóteses. A que seria melhor está um pouco distante em função de tudo que está acontecendo. E estamos trabalhando a outra alternativa para que no momento que soubermos que não terá competição, já tenhamos um caminho a percorrer - explicou.
Internacional, Athletico Paranaense e Bahia já encerraram as atividades das equipes sub-23 antes mesmo de qualquer definição por parte da CBF. Para Angioni, outros clubes também devem seguir o mesmo caminho, assim como o Fluminense segue analisando a melhor alternativa.
- A luta do Fluminense neste momento, que tem participação ativa do presidente do clube, é fazer uma competição alongada, com um calendário estendido. Isso facilitaria manter a categoria e evidenciá-la no mercado nacional. Com essa transformação do mundo, todas as coisas se modificaram. Uma coisa é certa, aquilo que gostaríamos, de ter uma competição mais longa, passa a ser inviável. As preocupações com as orientações das secretarias de saúde dificultam ainda mais aglomeração, viagens interestaduais. Uma série de requisitos que colocam em risco a competição, que com certeza não será longa. Dizer que está em perigo é muito próximo de uma realidade. Estamos aguardando alguns pronunciamentos e nos preparando para a possibilidade de não ter competição. Em princípio estamos aguardando - avaliou.
O time sub-23 foi criado com o objetivo de ajudar no desenvolvimento dos jogadores do Fluminense ainda sem espaço no grupo principal, mas com idade estourada do sub-20. Isso porque existe uma produção em massa de atletas em Xerém e nem sempre os jovens estão prontos para subir de categoria. Angioni entende que essa transição é um dos grandes problemas do futebol.
- Estamos vivendo um ano inimaginável. Uma série de incertezas e preocupações. A única coisa que temos próximo do certo é o isolamento social. Mudou toda vida do mundo de forma geral. Há prejuízos grandes nesse sentido. Dentro disso, tem algumas coisas que são evidentes, como a categoria sub-23. O Fluminense é extremamente adepto a isso por entender uma série de razões, inclusive a maturação mais longa do atleta. O Brasil passou a maturar jogador até 19 anos e descartar para frente. Isso causa prejuízo institucional e do mercado. Nem sempre todos estão plenamente prontos com 18 anos - afirmou.
SITUAÇÃO DOS JOGADORES
Como a ideia do projeto é justamente promover o amadurecimento dos jogadores antes de eles serem aproveitados pela equipe principal, existe uma dúvida com relação ao futuro dos atletas caso o sub-23 acabe. Alguns deles, inclusive, já chegaram a ser aproveitados por Odair Hellmann nesse início de temporada. Outros ainda tem idade para retornar ao sub-20.
- Temos ainda sete ou oito jogadores que são sub-20, podendo jogar competições que forem acontecer da base no Rio de Janeiro. Eles estarão disponíveis para atuar. Quem tem a situação mais complicada são aqueles mais velhos, da geração de 99, que não tem mais idade para a base. Caso as coisas não aconteçam como a gente pretende - e eu acredito que não irá, penso muito nessa possibilidade -, nós vamos procurar um caminho para colocar esses atletas em atividade. Tudo ainda está no plano de hipótese, mas estamos olhando esse outro cenário de não ter competição - afirmou Angioni.
A ideia principal do Fluminense é aproveitar como puder esses jogadores que já tem contrato. Inclusive porque o clube entende a importância da categoria. A rescisão dos contratos ainda é um pensamento mais distante e a prioridade será realocar os atletas para melhor desenvolvimento.
- Estamos trabalhando com muita transparência. Esse é o norte da administração do clube. Temos monitorado os atletas e eles, como os outros, continuam em casa no primeiro momento. Vão fazer os exercícios monitorados e orientados pela fisiologia e preparação física da equipe principal. Enquanto não houver possibilidade de retorno, vamos continuar trabalhando com eles à distância. Assim que tivermos certeza de algo, falaremos. Eles com certeza já tem o conhecimento através das mídias de que é uma competição que está correndo risco. Mas vamos transmitir isso para eles e aguardar os próximos passos. Com certeza o Fluminense não será surpreendido pois já está trabalhando nas duas frentes - completou.
VEJA OUTRAS RESPOSTAS DE ANGIONI:
A continuidade tem a ver com a CBF e a competição ou também envolve o financeiro?
Acredito que esse conceito da permanência da categoria para frente vai existir, até porque é uma necessidade para o futebol brasileiro no meu modo de entender. Esse ano alguns complicadores se fazem presente. O custo do sub-23 não é barato para quem organiza a competição. Como todos estão tendo dificuldades financeiras, acredito que essa competição, em função do que eu já disse e mais o custo, fica mais afastado de ser realizado. Com relação ao custo interno, já existe. Todos os jogadores têm contrato em vigor, alguns em 2021, outros até o fim de 2020, outros entrando em 2022 ou 2023, que é o caso de atletas da base. Com relação a rescisão de contrato, ainda não discutimos isso. Estamos criando os mecanismos para tomar as medidas certas no momento certo. Foi uma orientação da presidência. Se tivermos a possibilidade de emprestar alguns jogadores será excelente. A rescisão acredito que é pouca chance, pode ser um caso ou outro, mas não a maioria.
Como foram as orientações aos jogadores neste período de isolamento social? Existiu algo específico para eles diferente do que houve para o principal?
A mesma coisa que foi orientado a eles antes das férias foi para o profissional. E assim será e continuará sendo. Vão continuar recebendo todas as informações do departamento físico e da fisiologia do clube através de videoconferência, como é com o time principal. Como era antes da parada.
Como está a situação do campo 3 do CT, que seria utilizado pelo sub-23? A previsão era ficar pronto em fevereiro, mas ainda não está.
Está próximo do final, na fase de plantio. Mas isso nunca atrapalhou. Sempre trabalhamos em dois turnos. Como o Fluminense tem dois campos disponíveis, isso nunca atrapalhou e nem estaria agora se as atividades voltassem à normalidade. Está na fase de complementação final. A pandemia pode ter ocasionado um atraso.