Hoje vestindo a camisa 10 às costas, Dori se tornou ídolo de uma torcida, mas em outro continente. Bem longe do Rio de janeiro, o atacante, que outrora já foi considerado umas das maiores promessas da base, quer seguir fazendo história na China. Mais precisamente no Nei Mongol Zhongyou FC, clube em que vai para sua terceira temporada consecutiva. Porém, no Brasil, o sucesso não chegou a ser seu companheiro. Foram mais de dez anos vestindo a camisa do Fluminense, artilheiro de diversas competições nas categorias de base, o jogador guarda mágoa do Tricolor carioca. Afinal, em todo esse tempo, foram apenas dois jogos.
O sonho de brilhar em um grande clube brasileiro já virou passado para o jovem de 27 anos. São sete temporadas no futebol chinês, em quatro clubes diferentes - além do Nei Mongol Zhongyou FC, ele passou pelo Changchun Yatai, Guangdong Sunray Cave e Harbin Yiteng. Em seu país natal, apenas Fluminense e Náutico. Natural de Vila Velha, no Espírito Santo, ele não esconde a frustração no Rio de Janeiro.
- Fiquei chateado com o Fluminense. Por eles não terem me dado mais chances na época. Fiz só dois jogos. Era jovem, querendo mostrar trabalho, e não tive essa chance. Fiquei inexperiente e sem confiança. Sem dúvidas que os jogos que fiz estava muito ansioso e não me soltei. Acabei não fazendo o esperado para mim e para eles. Pelo que fiz na base, fui campeão várias vezes, artilheiro e não tive chances. Acho que podia ter jogado mais. Infelizmente não aconteceu - desabafa o jogador, hoje principal jogador do Nei Mongol.
As duas partidas realizadas pelo Fluminense foram em momentos distintos. Em 2008, viu seu time perder para o Náutico, por 2 a 0, em casa, no Brasileiro. Em 2010, empatou em 0 a 0 com o Olaria, pelo Campeonato Carioca. Em 2009, foi o artilheiro do Flu na Copa São Paulo de Futebol Juniores. A mágoa revelada, é condizente. Afinal, o Tricolor carioca é uma das equipes que mais aposta em suas promessas no Brasil. Como efeito de comparação, seu elenco atual conta com mais de 20 jogadores revelados em Xerém. Dori poderia ser um desses em campo.
Contudo, apesar da chateação com a forma como deixou o Tricolor, o Brasil já é passado. O camisa 10 do Nei Mongol ainda sonha em fazer história na China. Um título, por exemplo, está em seus planos, mesmo sabendo da dificuldades da modesta equipe que defende, hoje a 13ª colocada na segunda divisão local, na última temporada.
- O que tenho como objetivo é poder ser campeão por aqui. Por essa história que estou fazendo. Ao longo dos anos, venho dando o meu melhor e só falta o título nacional mesmo. Posso dizer, que pelos clubes que jogo, seria difícil ser campeão, até porque o que eles tem como objetivo, no momento, não é ser campeão. Não é impossível, ainda pretendo ficar pela China, por mais alguns anos, então acho que dá para ser campeão por aqui - contou.
No último ano, foram 21 gols pelo seu atual clube. Com toda a família feliz na China, inclusive suas duas pequenas filhas, Dori não vê o Brasil na sua rota profissional tão cedo. Apenas para curtir férias e visitar familiares e amigos.
- Volto para o Brasil não. Meu plano é continuar na China. Quero seguir vivendo aqui. Vivo bem, me adaptei. Aqui estou realizado. Brasil é só para curtir férias - afirma, comentando sua fase atual na carreira:
- Minha carreira está tudo bem. Estou há sete anos na China, feliz e realizado. Claro buscando outros objetivos, mas até então muito satisfeito com o que venho fazendo por aqui.
Para quem pensa que Seleção Brasileira está nos planos dele, por agora, se engana. Inclusive, ele não descarta até defender a seleção da China, devido ao bom momento vivido por lá.
- Seleção não está nos planos não. Nem penso. Óbvio que ser convocado deve ser uma alegria. Até aqui na China pode acontecer, naturalizando. Para chegar à Seleção Brasileira tem que trabalhar duro e se destacar e acredito que quem está lá são os que se destacam - revelou.
Se o Fluminense é famoso por revelar promessas, Dori não foge essa dessa regra. Mas por enquanto, quem vai comemorando seus gols são os chineses. Infelizmente, a torcida tricolor não teve essa oportunidade no profissional.