Como Fernando Diniz consolidou a base do Fluminense e motivou a luta por títulos
Treinador melhorou um ambiente que já era bom no Flu e deu nova cara a um grupo que quer ser protagonista nas principais competições
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É inegável a ótima fase que vive Fernando Diniz no Fluminense. De volta ao clube "muito melhor do que partiu em 2019", como ele mesmo disse na primeira entrevista coletiva, o treinador tem aproveitamento superior a quase todos os campeões brasileiros desde 2012 e muito além de apenas o que foi implementado dentro do campo, o ambiente do lado de fora é o melhor possível para tentar levar o Tricolor de volta aos grandes títulos.
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Diniz foi apresentado no retorno ao Fluminense em 2 de maio, dias depois de Abel Braga entregar o cargo para evitar maiores desgastes por conta das atuações ruins. Foi um movimento rápido do clube e que contou com o apoio dos jogadores desde o primeiro minuto. Os pedidos por ele eram claros e de vários lados nos bastidores, tanto para a diretoria quanto para a imprensa.
É importante começar pontuando que o ambiente com Abel era um dos melhores dos últimos tempos no Flu. Na despedida no CT, atletas, funcionários, presidente e o próprio treinador se emocionaram muito no momento em que foram comunicados da saída. Quando voltou para inauguração da placa do campo 2 em homenagem a ele, o veterano deu um longo abraço em Diniz em um papo somente dos dois.
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A forma como foi feita a troca do comando, inclusive, parece ter contribuído para a excelente fase que vive o Fluminense. De maneira rápida, com um nome de consenso e que já conhecia uma boa parte dos atletas. Diniz, inclusive, repete incansavelmente como vários nomes do elenco já foram alvos dele em outras equipes no passado. Um grupo com a cara dele, como o próprio já definiu.
Nomes como Paulo Henrique Ganso, Germán Cano e Jhon Arias já vinham muito bem com o treinador anterior e seguem sendo regulares no melhor momento do time em 2022. Méritos a Diniz, portanto, no crescimento de autoestima - principalmente - de jogadores como Samuel Xavier, Caio Paulista, Manoel, Nonato e até Matheus Martins, que ganhou a missão de substituir Luiz Henrique.
INTENSIDADE E RELAÇÃO AMOROSA
Desde que Fernando Diniz chegou ao CT Carlos Castilho, a imprensa só teve acesso ao final de um dos treinos em três meses. Mas pela postura que se observa dentro do campo já é possível projetar o que acontece nos treinamentos. Gritos, cobranças, frases algumas vezes cômicas e muita intensidade são a marca principal do treinador, que sempre guarda um tempo para conversar pessoalmente com algum jogador nas atividades.
Diferente de 2019, Diniz implementou no Flu um sistema rígido de treinamento das bolas paradas ao final dos treinos. Tanto na parte defensiva quanto na ofensiva. Para fazer valer o "Dinizismo", ele também cobra fortemente a recomposição rápida após a perda da bola, fazendo com que os jogadores corram para trás imediatamente para fechar os espaços. Mas a base de toda a preparação é "simples": um time solidário e que lute pela bola com disposição.
Com a falta de tempo para treinar e as poucas semanas livres desde que chegou, Fernando Diniz utiliza muito os vídeos. Na mesma sala onde os jogadores se sentam para a entrevista coletiva, o treinador aproveita para relembrar a última partida e já fazer uma projeção do jogo futuro. Como grande estudioso que é, ele vê partidas até de madrugada e passa de seis a sete horas analisando e entendendo os confrontos.
Com o vídeo, a ideia é corrigir os erros e alertar sobre as qualidades e defeitos dos próximos adversários. Diferentemente de boa parte dos treinadores, até o tradicional treino regenerativo é aproveitado dentro do CT Carlos Castilho. Além de intensas e sem hora para acabar, como já ouvido diversas vezes nos corredores, as atividades trabalham bastante com espaço reduzido e trocas de jogadores e de posições, o que ajuda a explicar Caio Paulista na lateral, André na zaga, entre outras variações.
RELAÇÃO DE PAI
Abel Braga é o tipo de treinador visto como um "paizão" pelos elencos onde passa. No Fluminense não era diferente, até para os mais experientes. Com Fernando Diniz o sentimento familiar continua, mas de outra maneira. O treinador, que já protagonizou momentos como os xingamentos a Tchê Tchê dentro do campo, faz questão de ressaltar que o lado humano é uma das partes fundamentais do dia a dia e contagia o grupo.
- Falei uma vez só sobre esse episódio do Tchê Tchê, e a minha relação com o jogador é muito mais do que aquilo que aparece. A minha vinda para cá tem uma participação dos jogadores, daqueles que jogaram comigo e daqueles que jogaram contra mim. O que eu faço com o jogador é uma relação amorosa que só quem fecha com o amor entende. A principal missão da minha vida é ajudar o jogador de futebol a ter uma vida digna por meio do futebol. Eu tenho uma preocupação com os jogadores que quase ninguém tem, uma preocupação de pai para filho - disse o treinador em coletiva.
A sintonia com os jogadores, que vão abraçá-lo em praticamente todos os 49 gols marcados nos 24 jogos até aqui, se reflete também na arquibancada. Exceto pelo início de Abel Braga, que tem uma longa e intensa história no clube, Diniz é um dos poucos treinadores recentes que tem o nome cantado de maneira frequente pela arquibancada. E ele faz questão de retribuir. Ao final de todas as partidas vai até o Setor Sul, aplaude e agradece.
- Eu já trabalhei no Vasco com o Fernando, então para mim foi muito mais fácil porque já conhecia ele e sei o que quer dentro do campo, o que quer que eu faça. Foi tudo muito mais fácil. Também poder melhorar dia a dia, porque sempre tem que melhorar em todos os sentidos. Fernando faz com a gente um negócio que ninguém faz e estamos entendendo cada dia melhor sua forma de jogar e estamos todos muito comprometidos com isso - falou Cano em entrevista ao LANCE!.
- Estou completamente apaixonado pela forma como o Diniz treina. Tenho aprendido demais e vou me tornar uma pessoa e um atleta muito melhor. E, com certeza, seja como treinador, comentarista ou qualquer coisa, serei muito melhor por estar trabalhando com ele hoje. É um cara acima da média, diferente de qualquer um que já trabalhei no quesito campo. O que ele faz é coisa de fenômeno - disse Felipe Melo no "WibCast".
- É um cara que treina muito, que se dedica muito. Ele fica até de madrugada vendo jogos de outras equipes e os nossos jogos. Ele trabalha com muito vídeo e conversa. No próprio campo, ele pensa em todas as situações possíveis, estuda os adversários. Mas o trabalho mental que é feito é fundamental para puxar o melhor de cada jogador. É uma palavra de confiança. Ele fala: pode errar à vontade e diz que fui eu - afirmou Nonato ao "Bem, Amigos".
VITÓRIA FLUMINENSE
— Fluminense F.C. (@FluminenseFC) August 9, 2022
Que seja uma semana cheia de vitórias a todos vocês, Tricolores! pic.twitter.com/8SrsSE6bh2
O Fluminense de Fernando Diniz volta a campo neste domingo para o que talvez seja o maior desafio nessa ótima sequência de 13 jogos sem perder. Às 19h, o Tricolor enfrenta o Internacional no Estádio Beira-Rio, pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro. O Flu é o terceiro, com 38 pontos. O Corinthians, em segundo, tem 39, enquanto o líder Palmeiras tem 45.
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