Se dentro de campo o Fluminense conseguiu reverter as previsões iniciais e sonhar até com Libertadores, fora das quatro linhas o cenário é de instabilidade. Sem um patrocínio master e com poucas garantias para dar, o Tricolor voltou a atrasar salários dos jogadores e não há previsão de pagamento das pendências.
Além dos vencimentos de julho, pela CLT, o clube carioca deve um mês (junho) de direitos de imagem aos atletas. Esse impasse sobre as receitas e a falta de segurança impactam também na contratação de reforços para o elenco já enxugado de Marcelo Oliveira, como aconteceu com Ignacio González.
O Flu tem medo de repetir a saia justa que passou em janeiro deste ano, quando quitou as dívidas com Gustavo Scarpa depois dele não aparecer nos treinamentos, pouco antes dele entrar na justiça para conseguir sua liberação do clube. Na ocasião, os débitos com o elenco continuaram e isso gerou um mal-estar geral.
Depois de um início de ano mais tranquilo, o Fluminense precisou pegar um empréstimo em abril e adiantar as cotas de TV em maio. No mês passado, o dinheiro da venda de Douglas entrou em caixa e ajudou a resolver algumas pendências.
A estratégia para contratações nesta temporada tem sido optar pelos empréstimos ou reforços com custo zero. Everaldo, Júnior Dutra, Paulo Ricardo, Cabezas, Digão, De Amores, Léo, Airton, Marlon, Dodi e Gilberto, por exemplo, estão todos emprestados.
Venda de jogadores
Uma das esperanças do Fluminense para conseguir desafogar as dívidas é a venda de jogadores do elenco ou que o clube tem apenas direito a porcentagem de transferência. É o caso de Richarlison. O atacante foi vendido pelo Watford ao Everton, ambos da Inglaterra, e o Flu estima ter direito a cerca de R$ 17 milhões.
Outra forma possível é negociar os jogadores que hoje são essenciais para o time. É o caso do atacante Pedro. Em alta no ano, ele foi sondado por clubes como Borussia Dortmund (ALE), Bordeaux (FRA) e Napoli (ITA), mas o Tricolor recusou as ofertas por achar os valores abaixo do esperado. Os cariocas, vale lembrar, tem direito a apenas 50% do jogador. Outros que também tiveram interessados foram o lateral Ayrton Lucas e o zagueiro Roger Ibañez.
Prejuízos no Maracanã
As principais fontes de renda do Fluminense estão ligadas a seus torcedores. Um dos problemas que a gestão encontra para equilibrar as finanças é a utilização do Maracanã. Antes da parada para a Copa do Mundo, o clube das Laranjeiras acumulou um prejuízo de R$ 785.241,73 no estádio.
Das cinco partidas realizadas no local até aquele momento, apenas uma teve saldo positivo nas finanças tricolores: no empate em 1 a 1 com o São Paulo, pela terceira rodada do Brasileiro, foram R$ 33.140,94 de lucro. Depois do Mundial, o Flu ganhou quase R$ 30 mil contra o Palmeiras, mas voltou a ver os valores no negativo contra o Bahia, com R$ 100.923,44.