A temporada de 2017 tinha tudo para ser o grande ano da carreira de Douglas. Ainda em janeiro, recebeu grande elogios do recém-chegado Abel e o posto de titular absoluto. O início, com direito a título da Taça Guanabara, foi animador. Mas, depois, as dores causadas por uma artrite reativa tiraram o atleta de campo por mais de três meses.
Sem muitas explicações da imprensa, do clube, e dos médicos, a torcida ficou sem entender o que se passava com o camisa 8. Na verdade, nem ele mesmo sabia. Nesta terça, Douglas contou parte do seu drama pela primeira vez.
- Era algo que acontecia e eu não entendia, dores muito fortes, principalmente perto do púbis. Não conseguia andar, tinha noite que não conseguia nem dormir. Cheguei no médico de cadeira de rodas, senti medo de não voltar a jogar - revela o jogador, antes de concluiu aliviado.
- Tudo tem um propósito. Eu venci na vida e, agora, bola para frente para ajudar o grupo do Fluminense.
No último domingo, contra o Vitória, Douglas voltou após 102 dias sem disputar jogos oficiais. Teve boa atuação nos 73 minutos em campo, mesmo debaixo do forte calor em Salvador. O garoto fez questão de agradecer quem o apoiou durante o período.
- Agradeço a Deus, ao departamento médico do Fluminense e ao doutor Douglas, aos meus pais pela força e também, a minha própria dedicação. Além do professor Abel que me colocou como titular no primeiro jogo de volta, confiou em mim e terminei o jogo bem. Estou de volta aos gramados fazendo o que mais gosto.
ENTENDA O CASO DA LESÃO E DO TRATAMENTO DE DOUGLAS
Com a palavra - Douglas Santos, coordenador médico do Fluminense
Levou um tempo até a artrite reativa ser diagnosticada no caso. Essa demora tem a ver com o fato dele ser jogador de futebol?
'É o primeiro caso que vejo no futebol. Olhar pra ele no dia seguinte do jogo dava pena. Inchava articulações, não conseguia andar'
'Ele teve um problema que começou no ano passado, uma artrite bem difícil de acontecer no futebol. Não achei nada desse tipo no futebol. É uma artrite específica de esforço. Tivemos todos os cuidados sob algo que poderia evoluir para algo muito difícil de ser tratado. Graças à dedicação dele e ao tratamento conseguimos controlar isso. Os exames estão normais. É uma síndrome. Existe uma enzima que é medida e é a suspeita desse problema. Chegamos ao diagnóstico por exclusão. É o primeiro caso que vejo em jogador de futebol. Olhar para ele no dia seguinte do jogo dava pena. Inchava as articulações, ficava vermelho, não conseguia andar... Já era para ele estar jogando, mas seguramos um pouco. A evolução é muito boa'
Douglas está curado?
'São várias doenças que causam isso. É precoce falar em cura definitiva'
'A dengue é um tipo de artrite. São várias doenças que causam isso. No caso do Douglas, foi uma síndrome reativa. É precoce falar em cura definitiva. O pior período foi depois do jogo do Vasco, em maio. É um precoce, mas com boa margem de segurança. São dois meses treinando e jogando partidas amistosas. Antes ele não conseguia fazer nada. Foi um guerreiro'
Então o tratamento da doença continua?
' Artrite não é uma doença, é um sintoma. Existe um tempo necessário para o tratamento, mas ele tem chances de ficar curado. Tem a ver com a atividade que ele desempenha. Se ele não fosse jogador, não teria nada. Até agora foi muito bem controlado. Ele só fez um jogo, é precoce falar em algo definitivo, mas pelos exames a chance de cura é de 90%'
Douglas usou medicamentos vindos dos EUA no tratamento. Houve ou há alguma precaução a ser tomada para que o jogador não seja flagrado no antidoping?
'Temos que deixar claro: as substâncias são proibidas para uso de atletas. Mas desde que comprove que o jogador precisa, a comissão antidoping libera. Em primeiro caso vem a saúde. É só fazer a solicitação e comprovar. É um procedimento normal, até em problemas dermatológicos'