Entenda o que é miocardite, problema no coração que atinge Ganso, do Fluminense
Lance! ouviu especialista em cardiologia e tira todas as dúvidas
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Após ser diagnosticado com uma miocardite, o meio-campista Paulo Henrique Ganso ficará afastado do Fluminense por, pelo menos, quatro semanas. O clube comunicou neste sábado (18) que o jogador descobriu o problema durante os exames de pré-temporada.
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Mas o que é a miocardite? Como ela afeta o corpo e quais podem ser consequências? O Lance! ouviu o médico especialista em cardiologia Bernardo Noya de Abreu, cardiologista do Hospital do Coração (Hcor) de São Paulo, para tirar todas as dúvidas.
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O que é miocardite?
De acordo com o médico, a miocardite é uma inflamação do músculo do miocárdio no coração e pessoas de diferentes faixas etárias podem ser acometidas com o problema.
Como se desenvolve miocardite?
A inflamação da miocardite é viral e acontece como diversas outras inflamações causadas por um vírus, seja ela por uma gripe mais aguda, covid-19, dengue e outras viroses gastrointestinais ou respiratórias. Segundo Noya, nove em dez pessoas (ou seja, 90% dos casos) que foram acometidas por miocardite sofreram com infecções virais alguns meses antes.
Essa é a hipótese trabalhada pelo próprio Fluminense, que informou em sua nota oficial que Ganso contraiu uma forte gripe no mês de novembro. O período está dentro da janela de pós-infecção prevista pela cardiologia, que é de dois a seis meses após o quadro viral do paciente.
- É uma resposta exagerada do corpo, confundindo o vírus com o músculo do coração e atacando esse músculo achando que é o vírus. Então a miocardite é um quadro pós-infeccioso viral - afirma o médico.
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Bernardo Noya também afirma que o acometimento da miocardite pode acontecer por uma predisposição específica do paciente a um tipo de vírus, onde ele é menos resistente e pode sofrer esse tipo de inflamação. Não há um único tipo de vírus que cause o problema.
- Todos nós temos quadros infecciosos virais com frequência. Mas, em algum momento, você tem um vírus e pode estar suscetível ao acometimento cardíaco. Pessoas próximas a ele [Ganso] podem ter pegado o mesmo vírus, mas não tiveram miocardite porque não tinham essa predisposição - completa.
Qual a gravidade da miocardite?
Segundo o médico, a miocardite pode acometer o paciente em diferentes níveis. Desde o mais simples, muitas vezes nem notado pelo paciente, até casos com alguns sintomas. Em casos mais avançados, a miocardite pode evoluir para arritmias, que também podem ir da leve até a mais intensa, e em casos extremos pode levar ao paciente à morte.
O Tricolor informou que o meia não teve qualquer tipo de sintoma e a situação foi descoberta apenas durantes os testes médicos para a reapresentação do elenco na temporada. A alta do paciente depende da realização de exames e não tem prazo definido.
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Vale ressaltar que, por se tratar de um quadro de infecção do músculo causado por um vírus, a miocardite é encarada como um problema transitório. Não há qualquer relação estabelecida entre miocardite e doenças do coração como infarto ou pressão alta.
Ou seja, problemas como o do meia dinamarquês Eriksen, que teve um mal súbito em campo e hoje atua com o auxílio de um desfibrilados no peito, não tem relação com a situação enfrentada por Paulo Henrique Ganso.
Como tratar a miorcardite?
O tratamento da miocardite pode acontece por uso de medicamentos para controlar a infecção, mas, principalmente são direcionados exames ao paciente para controlar o nível da infecção. Bernardo Noya afirma que a primeira bateria acontece quatro semanas após o diagnóstico, justamente o período anunciado pelo Fluminense.
Os exames feitos podem ir desde exames de sangue para medir os níveis da infecção e biomarcadores de lesão cardíaca, além de ecocardiograma, ressonância cardíaca e holter.
- Tudo depende da forma como você foi diagnosticado e do grau de infecção encontrado. Se a infecção é leve, menos exames são necessários [...] A partir do momento que você tem o diagnóstico de miocardite, que pode ser retroativo no exame de rotina ou por algum sintoma, o que se orienta é suspender o exercício físico. No máximo exercício do dia a dia, como subir escadas, andar de um lugar ao outro... ficam suspensos treinos na academia ou prática de esportes, seja a pessoa atleta de alto rendimento ou não. Tudo até que os exames laboratoriais e de imagem sejam concluídos. O paciente só é liberado a partir do momento que o mal súbito seja de uma probabilidade muito baixa - explica Bernardo Noya.
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O especialista do Hcor reforça que o protocolo adotado de aguardar quatro semanas para o exames é o mais atual possível, que foi reformulado entre 2023 e 2024. Antes, a recomendação era a suspensão de atividades físicas por, no mínimo seis meses.
Agora, caso os exames apontem um resultado positivo, o atleta é liberado com um mês. Caso seja detectada a permanência ou agravamento do quadro, é preciso aguardar mais quatro a oito semanas até uma nova bateria de exames seja feita.
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