Escolhas de Diniz não dão o efeito desejado e Flu segue sem evolução
Apesar do longo tempo de preparação, ataque com Pedro e João Pedro favoreceu apenas um jogador. No meio, Yuri, substituto de Allan, não ofereceu dinâmica ao time
O empate em 1 a 1 com o Ceará foi o suficiente para que o Fluminense deixasse a zona de rebaixamento, porém deixou um sentimento de frustração para os tricolores. Após três semanas de preparação, esperava-se que algumas escolhas do técnico Fernando Diniz fossem dar resultados imediatos. No entanto, não foi o que se viu.
A começar pelo ataque, que apresentou antigos problemas. O time criou chances, mas acabou esbarrando na falta de pontaria e nas escolhas por jogadas erradas. O ponto positivo foi Pedro, que fez a sua melhor partida em 2019. O atacante jogou de forma intensa, com muita movimentação e foi premiado com um gol. Entretanto, a presença dele no time sacrificou um pouco João Pedro, que deixou de ser a referência para atuar pelos lados do campo.
O novo posicionamento fez com que a joia de Xerém tivesse mais atribuições defensivas, gerando um maior desgaste físico. No primeiro tempo, João Pedro até pisou na área, conseguindo duas boas finalizações, porém o ímpeto diminuiu na segunda etapa, tanto que acabou substituído pelo meia Miguel. Apesar da partida sem brilho, Fernando Diniz acredita que João Pedro pode render bem na nova função.
- Acho que o João Pedro fez uma partida muito boa, produziu bastante e taticamente foi bem. Acho que com mais tempo de treinamento nessa posição, ele vai melhorar ainda mais. Chegou a atuar assim na base, então não vejo problema nenhum.
Com a chegada de Nenê, a dúvida que pairou no ar é se o meia poderia jogar ao lado de Ganso. Agora a discussão é se Pedro pode jogar junto de João Pedro. Em tese, o novo reforço foi contratado para suprir a saída de Luciano, que está a caminho do Atlético-MG, e disputaria posição com o atacante já negociado com o Watford, da Inglaterra.
Certo é que opções não faltam para Fernando Diniz. A resolução desse quebra-cabeça foi adiado, já que Ganso terá que cumprir suspensão pelo terceiro cartão amarelo, na partida contra o Vasco, no sábado.
Allandependência?
Outra situação treinada por Fernando Diniz que não deu certo foi a escalação de Yuri na vaga de Allan, que cumpriu suspensão por ter sido expulso no jogo contra a Chapecoense. O volante não possui a mesma qualidade no passe do que o companheiro e as estatísticas da partida mostram isso.
Enquanto esteve em campo, até os 13 minutos do segundo tempo, Yuri deu 51 passes, errando apenas um. Não está ruim, porém a maioria dessas bolas foram para os lados ou para trás. De acordo com o Footstats, 33 passes foram para os companheiros da linha defensiva. Para Daniel e Ganso, responsáveis pela criação das jogadas, foram seis e nove passes, respectivamente.
Os números de Allan são bem diferentes. Contra a Chapecoense, partida em que o volante não teve muito destaque, foram 73 passes, apenas dois errados. Segundo o Footstats, os jogadores de ataque, mais Ganso e Daniel, foram o destino de 33 passes, sem contar os três lançamentos e as duas viradas de jogo.
Sem Allan, Ganso tem que voltar mais para buscar o jogo, o que acaba desequilibrando o encaixe ofensivo do time quando a bola passa do meio-campo. Apesar dos números comprovarem a importância do volante, Fernando Diniz fez questão de ressaltar que não existe uma "Allandependência", mas reiterou que se trata de um grande jogador.
- O Allan é um achado do Fluminense. Tem muita qualidade técnica, física e conta com a empatia do torcedor. Quando entra outro jogador (Yuri), é difícil fazer um comparativo. Mas não tem uma Allandependência. Criamos muitas chances, se tivéssemos feito dois gols, não estaríamos falamos dele aqui. Mas é um jogador especial, de alto nível.
Allan retorna ao time contra o Vasco, no próximo sábado, em São Januário. A tendência é de que com ele em campo, o Fluminense consiga ter uma melhor saída de bola e consequentemente as chances de ter o controle do jogo aumentam consideravelmente.