Integração entre time principal e base é a força e o desafio do Fluminense no futebol feminino
Thaissan Passos e Amanda Storck reforçam importância da mescla entre experientes e jovens, algo visto também na equipe masculina do Tricolor
A relação entre o time profissional do Fluminense e a base é forte e já reconhecida no futebol masculino há décadas. Entretanto, essa importância está sendo criada também nas equipes femininas. Com uma parceria fechada desde 2018 por um time principal e de formação, o Tricolor chega, neste sábado, ao sucesso nas duas frentes: a final do Campeonato Carioca adulto, contra o Botafogo, às 15h, no Estádio Nilton Santos, e a decisão do Brasileirão Sub-18 com o Internacional, às 21h30, no Beira-Rio.
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Como é possível observar nas listas de relacionadas, atletas da base sempre estão integradas ao principal. Algumas, inclusive, são até titulares como Tarciane e Luany. Outras aparecem também no banco de reservas, como Kailane, Núbia e Luiza Travassos. Fato é que o sucesso nas duas competições fará com que essas jovens não possam disputar as partidas, desfalcando, inevitavelmente, um dos grupos. Thaissan Passos, treinadora do time adulto e auxiliar do Sub-18, valorizou a integração.
Veja a tabela do Campeonato Carioca
- Acredito que o desenvolvimento em geral da modalidade inicia a partir do momento, que nos preocupamos com a formação de atletas, o processo de crescimento da atleta precisa ser planejado, estar passando pelas etapas pertinentes a sua faixa etária. As pessoas são diferentes, cada um de nós tem seu tempo de amadurecimento, ter as categorias de base em atividade, e ter um maior número de atletas em competições, dando mais oportunidades de crescimento, de minutagem de tempo de preparação, isso favorece lá no topo da pirâmide - disse.
Amanda Storck, gerente de futebol feminino do Fluminense, também valorizou essa mescla entre as mais experientes e as mais jovens.
- Fazemos um trabalho integrado, até porque a Thaissan, treinadora do time adulto, é coordenadora da base. Essa integração é muito natural. As meninas que começam a se destacar na base sobem para o adulto, às vezes para fazer banco ou como titular, como a Tarciane e a Luany. O primeiro gol marcado pelo Fluminense nesse retorno do futebol feminino, no Brasileiro, foi da Tarciane. Então essa integração ocorre o tempo inteiro. No Carioca, em diversos jogos, sempre que havia possibilidade, as meninas estavam reforçando. É desta forma que trabalhamos.
Vale ressaltar que a parceria firmada entre o Fluminense e o Daminhas da Bola em 2018 visava o retorno do futebol feminino ao clube, que deu toda a estrutura e investiu em profissionais ao longo desse tempo. Para Amanda, o caminho até os grandes jogos, disputas de título e o desenvolvimento em geral é natural pelo trabalho feito.
- Estar na final do Brasileiro Sub-18 e novamente do Carioca é um processo natural. Conforme o trabalho vai evoluindo e progredindo, conquistamos resultados. Estamos trabalhando muito para que este momento chegue. Quando o futebol feminino do Fluminense recomeçou, no final de 2018, a parceria foi mais metodológica, com a treinadora e atletas de base, não é como vemos no futebol feminino - explicou.
- O que acontece às vezes é um projeto todo pronto e o time de camisa só dá realmente a camisa. O Fluminense não é assim. Arcamos com todos os custos, dá estrutura, muitos profissionais vieram. Evoluímos muito enquanto equipe, vindo mais profissionais de mercado, inclusive, com a possibilidade de treinarmos dentro do CT Vale das Laranjeiras para evoluirmos e chegarmos a estes resultados - reforçou.
As "Meninas de Xerém" estão sendo vistas também pela Seleção Brasileira. A comissão técnica e a treinadora Pia Sundhage estiveram em Laranjeiras para assistir ao primeiro jogo da final da competição de base, quando o Tricolor venceu por 2 a 1. Luany, Tarciane e Ravena, por exemplo, estavam na convocação para período de treinos com a Seleção Sub-20 em fevereiro.
- No meu ponto de vista a educação e o esporte são ferramentas poderosas, quando alinhadas conseguimos formar cidadãs fortes, com a consciência da sua importância na sociedade. O esporte educa, dá responsabilidade, compromisso individual e coletivo. Luto para que as meninas possam sonhar, ser o que quiserem, atletas de futebol, árbitras, comentaristas, médicas, o que seja, mas que tenham coragem de lutar por seus objetivos - afirmou Thaissan.