Luiz Henrique quase lutou judô e ia de Petrópolis a Xerém para treinar antes de virar joia do Fluminense
Em entrevista exclusiva ao L!, o jovem contou como foi o início da trajetória, a gratidão ao empresário e a emoção de vestir a camisa tricolor no profissional
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Em campo, Luiz Henrique mostra personalidade e não tem medo de "ir para dentro", como ele mesmo diz, com a camisa do Fluminense. Fora das quatro linhas, o jovem de 19 anos ainda se acostuma com a rotina do profissional. Na primeira entrevista exclusiva mais longa desde que subiu para o elenco principal, o garoto, ainda tímido, recordou como fazia para ir de Petrópolis a Xerém em um trajeto de cerca de 40 minutos todos os dias para treinar na base do Tricolor e a importância do empresário Johnny Max, a quem considera um segundo pai, para se desenvolver e chegar ao Flu aos 11 anos.
- Comecei na minha comunidade em Petrópolis, que se chama Vale do Carangola. Teve um dia que meus amigos me chamaram para jogar bola no campo de terra e meu empresário, Johnny, me viu jogando bola descalço. Ele me chamou, me levou para a escolhinha dele e foi me treinando, dando o apoio, os treinamentos certos. Fui jogar um campeonato que era uma idade acima e eu era novo. Foi um olheiro do Fluminense me ver, o Edgard, gostou e me levou para o clube. Fiz um teste só e no primeiro dia eu passei - lembrou o jovem.
- Eu saía da escola, almoçava e mal dava tempo. Tinha que pegar o mesmo ônibus para descer e subir. Encontrava meu empresário na cidade para ele me levar para o centro de treinamento. Eu ia também com meu irmão e um amigo dele todos os dias. Tinha dias que ele (Johnny) deixava de dar aula na escolhinha para me levar para treinar e ter o futuro que estou tendo hoje. Eu tinha o apoio da minha família. Meu irmão jogava bola, mas minha mãe não deixava porque ela tinha medo. Ela também não queria me deixar jogar, mas o Johnny chegou na minha mãe, pediu, implorou, chorou para ela deixar porque era meu sonho. E era o sonho dele também, porque ele já teve oportunidade, mas não conseguiu pois na época não tinha gente para apoiar e o empresário enrolou ele. Mas minha mãe deixou eu jogar bola - disse.
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Johnny, inclusive, ajudou Luiz com coisas básicas ao longo da infância do jogador, inclusive levando ele pela primeira vez ao McDonald's. Ainda jovem, o atacante do Fluminense quase desistiu do futebol, mesmo com todo talento, para lutar judô. Mas o empresário foi buscá-lo novamente na comunidade para o retorno aos treinamentos e de lá nunca mais saiu, mesmo com o temor, natural na base, de ser dispensado ano após ano.
- Teve um dia que eu briguei com o Johnny e ele chorou pra mim, para eu não fazer isso. Porque ele queria me ver crescer e jogar no profissional, na Europa e na Seleção. Falei que eu queria fazer judô e não queria mais jogar bola. Ele conversou comigo, me chamou, disse que queria meu melhor. Parei para pensar e voltei a treinar - afirmou.
- Minha relação com ele é muito boa, é um segundo pai. Desde os sete anos ele me acolheu, sempre deu todo suporte do mundo, queria meu melhor. Sempre conversava para eu não entrar nas amizades, no caminho errado. Sempre foi um cara certo, o primeiro empresário no mundo que eu vi que sempre quis o melhor para o jogador. Coloquei na cabeça que ele é um pai para mim, sempre ajudou, deu tudo de melhor. Estou com ele até hoje e nunca vou largar, porque é um pai - completou.
ODAIR, TIME PRINCIPAL E AMIZADES
Dentro do Fluminense, Luiz Henrique é tido como uma das grandes joias do clube na geração dele. Por isso, no início do mês, o atacante renovou com o Tricolor até setembro de 2025. O objetivo é valorizar o atleta e evitar casos como o de Evanilson. O jovem "furou fila" depois de subir, encantou a comissão técnica, fez o segundo jogo como titular na vitória por 1 a 0 contra o Atlético-GO, pela Copa do Brasil, e foi fortemente elogiado pela torcida e por Odair Hellmann. Tudo isso com apenas 290 minutos em campo.
- Muitas coisas passaram pela cabeça quando me disseram que eu iria treinar com o time principal. Fiquei no quarto pensando que meu sonho era jogar no profissional, o cara do Fluminense me ligou, quase chorei. Falei com meus pais, porque o sonho deles era me ver no profissional. Meu pai é tricolor de coração. O Johnny me falou que era para ficar tranquilo, porque eu teria minha oportunidade. Para comer pelas beiradas, ir devagar porque daria certo - contou o jovem.
Luiz Henrique chamou a atenção da comissão técnica durante a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Ele passou a treinar com o elenco principal desde o retorno das atividades após a paralisação em meio à pandemia da Covid-19. Com alguns conhecidos da base no grupo profissional, a adaptação ficou mais tranquila. Atualmente ele conta também com conselhos de Nenê, Paulo Henrique Ganso e outros mais experientes para crescer "sem medo de jogar". A boa relação é mostrada também no dia a dia. Durante a entrevista, Marcos Paulo e André apareceram na sala para brincar com o amigo.
- Sempre coloquei isso na cabeça de ir para dentro. Os companheiros vem me ajudando nos treinamentos, falando para não ficar com medo de jogar e dar o meu melhor. Na base também era assim, eu sempre fui para dentro, sem medo de jogar. Agora estou aqui para fazer isso no profissional também. O Nenê sempre vem falando comigo e o Ganso também. Dizendo para eu ficar à vontade e jogar como eu fazia na base. O Egídio, meus amigos da base. Falando para eu não ter medo de jogar, porque eu sei fazer. Para me soltar e fazer o que sei fazer. Antes do jogo com o Atlético-GO o Nenê estava me falando para colocar em prática o que faço nos treinos. O Odair também falou "se você não jogar bem, pelo menos corre e faz o que sabe fazer" - disse.
- Já tinha o Marcos Paulo, Evanilson, Miguel, André e Luan aqui, os meus amigos que jogaram comigo na base. Facilitou, foi mais tranquilo para mim. Peguei os treinamentos mais fácil. Já me acostumei, está tudo certo. Estou dando meu melhor nos treinos para colocar em prática. A convivência é muito boa. Já tinha alguns jogadores que eu conhecia, então me senti mais tranquilo e confiante - finalizou.
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JOGAR COMO CENTROAVANTE
- Fiquei bem tranquilo. Eu já havia feito essa posição na base. O Odair me chamou e deu essa oportunidade, coloquei na cabeça que tinha que fazer o meu melhor. E dei meu melhor em campo. Onde me colocar eu vou jogar.
MARATONA DE JOGOS AJUDA OU ATRAPALHA?
- Me ajuda. Meus companheiros sempre vem falando comigo que não tem muito tempo para treinar, mas me ajuda.
SONHOS
- Meu sonho é estar na Europa, jogar na Seleção Brasileira. Meu empresário falou isso para mim também, que quer me ver na Seleção, seja nas categorias de base ou no profissional. Só fui treinar até hoje no sub-17 do Brasil.
ÍDOLOS
- Meus ídolos são o Messi e o Neymar.
ODAIR HELLMANN
- É uma convivência tranquila. Desde o dia que eu cheguei no profissional ele me viu nos treinos, ele já tinha acompanhado na Copinha. É um cara que eu gosto muito, um treinador muito bom. Agora vou dar sempre meu melhor para ele me colocar mais e mais para jogar.
Bora! 👊🇭🇺 pic.twitter.com/We2WcCwN0u
— Fluminense F.C. (@FluminenseFC) September 17, 2020
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