Conselhos do tio e ganho de massa: Matheus Alessandro ‘ressurge’ no Flu
Técnico Abel Braga elogiou atuação do jovem atacante, que é sobrinho do ex-zagueiro Fernando, e ressaltou postura dele durante os treinamentos da última semana
Matheus Alessandro vinha tendo poucas oportunidades na temporada - foram nove jogos até o momento -, mas foi a primeira opção do técnico Abel Braga para mudar a cara do Fluminense diante de um São Paulo que vinha vencendo o duelo no Maracanã, no último domingo. Na volta para o segundo tempo, o jovem entrou na vaga do zagueiro Frazan, o que fez o time tricolor, inclusive, mudar de esquema tático, passando do 3-5-2 para o 4-3-3.
O treinador já vinha elogiando a postura dele (e do atacante Robinho, que também entrou contra o Tricolor paulista) nos treinamentos e afirmou que as escolhas que são feitas sobre quem vai atuar passa pela meritocracia no elenco.
Fora das quatro linhas, Matheus Alessandro conta com uma preciosa ajuda familiar. Ele é sobrinho do ex-zagueiro Fernando, que tem passagens por clubes como Flamengo e Vasco, que o acompanha e de quem ganha conselhos.
- Ele está em um momento crucial da carreira, de definições. Comecei a dar uns pitacos, não por ser o dono da verdade, mas porque já passei por muita coisa que ele ainda não passou. Então, quanto mais eu puder ajudar, vou ficar feliz. E, no futebol, não tem outro jeito. Se o treinador está optando por outro atleta, só nos treinamentos se vai poder mostrar que pode ter chance. E para aproveitá-la, só com trabalho - disse Fernando, ao L!.
Na entrevista após a partida, Abel Braga ressaltou também um ganho de massa muscular que Matheus Alessandro teve, o que teve uma parcela de influencia na hora da escolha de colocá-lo na partida. Para Fernando, esse trabalho nos bastidores fez o jogador melhorar em campo. Fora isso, os elementos que envolveram a partida contra o Tricolor paulista podem fazer o jovem ganhar ainda mais confiança.
- Ele é um jogador leve e o Fluminense tem estrutura de ponta para fazer com que jogadores assim ganhem massa muscular e não alterem as características. Ele ganhou quase dois quilos. Para um memnino de 21 anos, é muito bom. Ganha em força, fica mais em pé, ganha no arranque... A chance que ele teve contra o São Paulo, tendo 45 minutos em campo, os elogios do Abel, isso tudo dá confiança. É o que ele precisa - afirmou o ex-zagueiro.
Elogios de Abel, conselhos de Fernando e trabalho fora das quatro linhas. Da Taça das Favelas à chance no Maracanã, Matheus Alessandro ressurge como arma para um setor considerado, até outro dia, carente no elenco tricolor.
'Chegou muito franzino'
Matheus Alessandro chegou ao Fluminense para o Sub-17, após destacar-se na edição de 2012 da Taça das Favelas. Carlos Cintra, coordenador da captação de Xerém, lembrou que o jogador chegou magrinho, mas que demonstrou qualidade com a bola nos pés e acabou passando nos testes, sendo aproveitando pelo clube.
- Lembro que o Matheus chegou em Xerém muito franzino, mas tinha aquela alegria, aquele drible e a irreverência típica dos jogadores das comunidades do Rio. Vimos que tínhamos uma boa jóia na mão. Ele recebeu a chance de mostrar o seu valor e correspondeu muito bem. Foi aprovado e começou a trabalhar para evoluir como jogador e também como pessoa. Mostrou uma boa capacidade de entendimento tático, foi testado em algumas posições, mas foi no ataque que ele mais se destacou - disse.
Cintra ressaltou ainda que, atualmente, no Brasil, há um ânsia pelo uso das crias da base, mas que, no Tricolor, há um planejamento para que as coisas possam ter melhores resultados:
- O futebol brasileiro, infelizmente, ainda tem a cultura do imediatismo, mas isso não combina com divisão de base. Temos sorte de termos em Xerém uma continuidade, um planejamento, um norte para o nosso trabalho. O Matheus tem apenas 21 anos, ainda vai evoluir muito. Vai oscilar, o que é natural da idade.
Ex-técnico lembra cobrança própria
Antes de chegar ao Fluminense, Matheus Alessandro passou pelo Padre Miguel F.C., um projeto social da Vila Vintém que começou a formar o jovem para o futebol. Hoje, esse time se chama Caixa D'água e é o atual campeão da Taça das Favelas. No ano em que disputou esta competição, o atacante atuou pelo time Vila Vintém e depois, enfim, chegou ao Fluminense. Luciano da Silva Mattos, ex-treinador de Matheus, ressaltou o comprometimento do jovem mesmo quando era mais novo. Para ele, o atacante ainda pode se tornar titular no futuro se mantiver o foco.
- O Matheus Alessandro começou no projeto (Padre Miguel F.C.) de seis para sete anos. Ele sempre foi determinado e se cobrou nesse aspecto de treinar bem todos os dias. Sempre era uma final de campeonato. Com certeza ele pode ser titular desse time. O Matheus precisa de uma sequência boa de jogos para se firmar e pegar mais confiança. Ele sempre sonhou e colocou como objetivo jogar em um grande time e agora ele conseguiu vestir a camisa do Fluminense - disse Luciano.
Mesmo que Matheus ainda esteja brigando para ter mais oportunidades com o técnico Abel Braga, o ex-treinador do menino falou sobre a receita para aproveitar as boas chances e relembrou a luta do jogador para chegar até o clube das Laranjeiras.
- Sempre quando tenho uma oportunidade converso com ele. Falo que o momento dele vai chegar, para estar preparado e treinar bastante. O Fluminense tem muitos jogadores da mesma posição que a dele, porém o diferencial dele pode ser a determinação, lembrar de tudo que ele passou para chegar ali, toda dificuldade de um menino de comunidade. Falo sempre para ele escutar o Abel, porque o Matheus está sendo treinado pelo melhor treinador do Brasil.