Memórias de Quito: como o Cuenca usa a lembrança da LDU contra o Flu

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O regulamento da Conmebol é fácil de entender: é preciso ter um estádio com capacidade mínima de 20 mil torcedores para sediar uma partida na Copa Sul-Americana à partir das oitavas de final. Com isso, o Deportivo Cuenca (EQU), próximo adversário do Fluminense no torneio, optou pelo Casa Blanca, onde a LDU (EQU) manda os seus jogos. Muito além de logística técnica e financeira, a escolha também passa pela rivalidade: os equatorianos tentam resgatar a "memória de Quito" para usá-la a seu favor. 

Explica-se: a distância da cidade de Cuenca para a de Quito é de 487,7 km, quase 8h de viagem. Para Guayaquil, por exemplo, é de 201,6 km, cerca de 3h30. O estádio escolhido poderia ser o Estádio Monumental de Guayaquil, que pertence ao Barcelona (EQU), mais próximo e com acesso mais fácil, mas optaram pelo Casa Blanca por uma série de fatores - incluindo a rivalidade entre Fluminense e LDU. 

Entre a imprensa equatoriana, não foram poucas as lembranças das finais da Copa Libertadores de 2008 e da Copa Sul-Americana de 2009 quando a troca foi anunciada. O termo "memória de Quito" foi usado para reforçar a rivalidade histórica entre Fluminense e LDU, e o estádio servindo como combustível para o Deportivo Cuenca buscar um bom resultado. 

Entre os torcedores, foi possível observar alguns aparecendo na publicação para provocar com uma "classificação antecipada" do Deportivo Cuenca por enfrentar o Fluminense no estádio. As manifestações de apoio fizeram até alguns torcedores da LDU se colocaram à disposição para ir ao estádio apoiar um dos seus rivais no país no duelo desta quinta-feira. 

Entre diretoria e comissão técnica, o assunto é tratado com mais cautela, mas não é ignorado. O LANCE! conversou com o jornalista Andrés Muñoz, da Radio FM88, que confirmou que alguns dos motivos que cercaram a escolha do Casa Blanca eram aproveitar a altitude a pedido do técnico ‎Richard Páez, o baixo custo após a LDU emprestar o estádio sem custos e usar a rivalidade para criar um atmosfera favorável ao Deportivo Cuenca. 

À medida de comparação, Cuenca está a 2.560 m acima do nível do mar, enquanto Quito está a 2.850 m. Quando Fluminense enfrentou o Nacional Potosí (BOL), nesta edição de Copa Sul-Americana, a altitude era de 4.067 m. Entre os jogadores, novos comentários. O goleiro Brian Heras acredita que "há um temor" por parte do Flu pelo que aconteceu no passado, mas lembrou que são novos jogadores que estarão em campo neste duelo. 

- Creio que sim, acredito que eles tem um temor à parte pelo que aconteceu há alguns anos. Mas agora são novos jogadores, novas caras, é muito diferente. O medo existe por saber que já aconteceu algo que eles não gostaram - declarou.

Já o treinador Richard Páez não falou sobre qualquer "medo", mas sim que torce para que os bons ares do estádio ajudem o Deportivo Cuenca assim como ajudaram a LDU anos atrás. O treinador também aproveitou para elogiar o Fluminense, classificando como uma grande equipe. 

- Esperamos que os ventos frios do Estádio Casa Blanca se repitam (lembrando das finais de Libertadores e Sul-Americana). Que sejam nos deem bons ares para termos ritmo e categoria para vencer o grande rival como é o Fluminense - declarou o treinador. 

A torcida do Deportivo Cuenca não está entre as maiores e está longe de ser uma potência no Equador. A venda de ingressos para a partida contra o Fluminense, nesta quinta-feira, foi dividida em duas partes: a primeira local, na cidade de Cuenca, e a outra em Quito. Há poucos dias da partida, cerca de 2.500 foram vendidos antecipadamente.