Operação Limpidus: Ingressos de sócios foram desviados pelos clubes

Segunda fase da Operação Limpidus foi deflagrada na manhã desta segunda-feira, levando a prisão dirigentes do Fluminense e líder de torcida organizada do Flamengo

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Após a prisão de Artur Mahmoud e Filipe Dias, assessor de imprensa da presidência e diretor de arenas do Fluminense, respectivamente, Marcos Kac, Promotor de Justiça do Ministério Público, deu maiores detalhes da segunda fase da Operação Limpidus, deflagrada na manhã desta segunda-feira, com 14 mandados de prisão preventivas pedidos. Segundo Kac, uma das práticas na relação entre os clubes e torcidas organizadas, alvo das investigações, é o desvio de ingressos destinado a sócio-torcedores para cambistas.

- Todos os aspectos que envolvem a relação entre dirigentes e torcedores quanto aos ingressos cedidos e a venda no câmbio negro, ingressos de meia entrada, são investigados. Você tem, em determinadas oportunidades, desvio de ingressos do sócio-torcedor. Ou seja, o sócio paga uma taxa mensal para ter direito a retirar um ingresso do qual o clube é mandante. É preciso fazer um check-in pela internet. Se você tem 10 mil sócios, 4 mil fizeram check-in. Então você tem uma carga sobressalente de 6 mil que não fizeram check-in e esses ingressos também eram desviados para o câmbio negro. Todos os aspectos serão apurados e a denúncia apresentada no momento oportuno – declarou o Promotor de Justiça em entrevista coletiva na Cidade da Polícia.

Além de Artur Mahmoud e Filipe Dias, funcionários do Fluminense, foram presos o presidente da torcida organizada Raça Fla, Alesson Galvão de Souza, e dois da empresa Imply, responsável pela confecção de ingressos em jogos do Flamengo: Monique Patricio dos Santos Gomes e Leandro Schilling.

A Operação Limpidus investiga a relação promíscua entre os clubes do Rio de Janeiro e torcidas organizadas. De acordo com Marcos Kac, as investigações seguirão após a segunda fase e novas prisões e denúncias podem acontecer.

- A investigação tem seu tempo e isso determina as ações do Ministério Público junto com a Polícia. Nesse momento, entendemos por encerrar essa fase e fazer a denúncia a esses acusados e pedindo a prisão em detrimento daqueles que estavam soltos. Não significa dizer que a investigação cessou. Não significa dizer que a prova é maior ou menor contra quem quer que seja. Ainda existe material para ser analisado para que não deixemos de formular uma denúncia. Existem vários elementos de provas que poderão levar a outras pessoas e novas prisões podem acontecer a qualquer momento - afirmou o promotor.

Daniela Terra, titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) que participa da Operação em conjunto com a Policia Civil e Ministério Público, também reforçou que as investigações continuam e, os dirigentes dos clubes que ainda não foram ouvidos, devem ser chamados para depoimentos, como aconteceu com Pedro Abad, presidente do Fluminense, Eurico Brandão, vice de futebol do Vasco, e Anderson Simões, vice de estádios do Botafogo.

- Já ouvimos o presidente do Fluminense e os vices de Botafogo e Vasco. Nossa intenção é ouvir todos. Fique claro que a intenção desse grupo é moralizar essa questão do futebol. Onde vai parar esse dinheiro? Há provas que esse dinheiro que os clubes, os dirigentes do Rio de Janeiro dão ingressos à torcidas banidas ou não. Eles não têm responsabilidades e precisam sofrer as penalidades do Estatuto do Torcedor - afirmou Daniela a "FoxSports", antes de completar:

- Serão todos ouvidos. Agora começa a fase processual, são colhidas provas, eles (dirigentes) serão ouvidos e, certamente, se houver culpa por parte deles, eles responderão - finalizou a delegada.

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