No Brasil, quando o assunto é o nome do treinador Alexandre Gama, diretamente os torcedores que acompanham futebol vão remeter o nome do comandante ao de Romário, ex-jogador. Isto porque, em 2004, quando assumiu interinamente o Fluminense, Gama barrou o ídolo brasileiro e da torcida e recebeu uma boa alfinetada.
- Ele acabou de sentar no ônibus e já quer ir na janela? - disparou o Baixinho.
Foi assim, o conturbado início de carreira de Alexandre Gama no futebol como treinador profissional. Antes, ele comandava o sub-20 do Fluminense e já havia sido interino em 2002. Quase 15 anos após esse episódio, totalmente superado, Gama ganha a vida pela Ásia. Mais precisamente na Tailândia. Atual treinador do Chiangrai United, clube fundado em 2009, e que aparece pela primeira vez entre os melhores colocados no nacional - a equipe é a 3ª colocada com 21 rodadas - o treinador sonha alto.
E para chegar até esse momento na carreira, aos 48 anos, Alexandre Gama precisou superar algumas desconfianças no futebol brasileiro para ser eleito o melhor treinador, de qualquer modalidade esportiva, da Tailândia. Isto, em 2015, quando faturou o bicampeonato nacional pelo Buriram United.
- Minha carreira está indo muito bem. Todos os países que passei, sempre fiz um bom trabalho. Tenho portas abertas, deixei respeito com todos na Ásia. Conquistamos coisas fora do Brasil que são importantes par ao futebol brasileiro e para mim. Abriu muitas portas, na Ásia minha carreira está consolidada. Recebo muitas ofertas e fico feliz por isso - afirmou o treinador em conversa com o
Meu grande projeto agora é fazer o Chiangrai ser o protagonista na Tailândia. Sempre foi de meio de tabela e hoje brigamos pelas primeiras colocações.
O nome do treinador é sempre visto como boa opção para as seleções locais. E Gama já foi procurado por algumas. Mesmo sem esse sonho, inicial, de retornar ao país natal, o comandante não esquece o Fluminense. Clube que o colocou no cenário nacional e a quem ele garante muito carinho e apreço.
- Sou grato a todos os clubes que passei. Em especial ao Fluminense, que foi onde comecei tudo, como jogador e treinador. Tenho o sonho de um dia ajudar o Fluminense de alguma maneira. Gosto do clube, as pessoas gostam de mim. Quero continuar fazendo o máximo aqui fora, para elevar o nome dos treinadores brasileiro - garante.
Mas a vontade de Gama não passa só pelo clube das Laranjeiras. O treinador também tem sonhos altos pela Ásia. E o grande foco, agora, é ter a chance de conquistar a Liga dos Campeões de lá.
- Meu grande projeto agora é fazer o Chiangrai ser o protagonista na Tailândia. Sempre foi time de meio de tabela e hoje brigamos pelas primeiras colocações. Trouxeram para fazer um trabalho diferente. Investiram em estrutura, jogadores, tudo de primeira. Trouxe todos que precisei, em termo de comissão. Nosso projeto é levar ao título e à Champions. Tenho essa obsessão para ser campeão continental aqui. Penso, também, em treinar alguma seleção por aqui. Tive propostas, não deu certo, mas tenho esse sonho - comenta.
Em 2013, Alexandre Gama ganhou até mais uma projeção no futebol nacional. Foi eleito o terceiro melhor técnico do Campeonato Carioca, quando dirigia o Madureira, mas as coisas não saíram como o esperado. Sem nenhuma procura por grandes ou médios clubes do Brasil, da Série A nacional, Gama foi se aventurar na Ásia. Lá se reencontrou e ganhou destaque. Passou pela Coréia do Sul, Qatar, até chegar à Tailândia. De onde não pretende sair.
- Hoje não tenho vontade de voltar não. Já sofri por isso, de querer se reconhecido no Brasil como sou aqui fora, mas nas duas vezes que tentei voltar, voltei com prestígio, cheguei no Brasil e as portas não abriram. Trabalhei em clubes bons, que me deram condições. Fui bem no Madureira, mas mesmo assim as coisas não aconteceram. Não foi da forma como imaginava. Preferi voltar e não tenho sonho de treinar no Brasil. Um dia vou retornar porque sou brasileiro. Quero continuar aqui. Nunca posso dizer nunca. Se acontecer e tiver que voltar será ótimo. Mas minha cabeça está voltada para Ásia - comentou.
"Hoje não tenho vontade de voltar não. Já sofri por isso, de querer se reconhecido no Brasil como sou aqui fora",
Alexandre Gama
Ao analisar a nova geração de treinador, Alexandre Gama se coloca como mais um promissor da safra brasileira, que conta com Zé Ricardo, Fabio Carille, Jair Ventura e Roger, como principais exemplos.
- A nova safra é muito boa. Todo mundo quer se atualizar e melhorar. Tem ótimos treinadores, me incluo nessa nova safra, tenho 48 anos, apesar de bastante tempo no mercado, me incluo nessa. Tomara que tragam coisas boas para o futebol brasileiro - celebra.