"Chora vascaíno o sonho acabou, o Germán Cano é tricolor", exalta a torcida do Fluminense na arquibancada jogo após jogo. Uma das contratações mais importantes da temporada, o atacante precisou de três partidas para ser exaltado. Foi justamente na estreia como titular que ele teve esse canto entoado pela primeira vez e nunca mais deixou de encantar e ser decisivo. Na reconquista do Estado por parte do Flu, o argentino foi fundamental para tirar o clube da fila e voltar a colocar a taça nas Laranjeiras dez anos depois com três gols na decisão de 180 minutos contra o Flamengo.
Ele poderia ter saído como vilão. Abriu o placar no primeiro tempo ainda, contando com desvio em Filipe Luís para enganar Hugo e deixar o Flu ainda mais confortável com a vantagem. Mas já na segunda etapa, quando a partida estava 1 a 1, o argentino teve a chance de sacramentar o título, mas acabou perdendo o pênalti. Apesar da pressão rubro-negra, alívio.
Cano já era amplamente conhecido no Rio de Janeiro. Talvez seja exagero chamar de ídolo, mas o atacante caiu nas graças da torcida do Vasco, especialmente após um 2020 como um dos poucos pontos positivos da campanha que culminou no rebaixamento para a Série B. Em 101 partidas pelo Cruz-Maltino, balançou a rede 43 vezes. A relação até se desgastou com o péssimo 2021 do time que não conseguiu subir, mas a decisão pela saída se deu, principalmente, pela questão financeira. E o pai do Lorenzo decidiu apenas "pular o muro", trocando o CT Moacyr Barbosa pelo CT Carlos Castilho.
Discreto e dedicado fora dos gramados, Cano faz de tudo para se manter em forma e saudável. Quando chegou ao Fluminense, sabia que o status inicial era de reserva, apesar de ser um dos melhores atacantes em atividade no futebol brasileiro. A missão de ser mais importante do que o ídolo Fred não era simples, mas a consolidação veio rápido. Prestativo e bem posicionado, ele acabou ganhando a titularidade apenas quando o camisa 9 se lesionou, mas já vinha dando dor de cabeça para o técnico Abel Braga muito antes. Contratado para ser o sucessor de um dos maiores jogadores da história tricolor, o argentino mostra que é o presente e não o futuro.
Nas arquibancadas, a comemoração fazendo o "L" já tomou os tricolores, que enxergam em Cano a possibilidade de ter uma bola de segurança no campo. Marcando em todos os clássicos disputados pelo Fluminense na temporada, além de ter participado ativamente de três das quatro partidas na Libertadores, o atacante mostra o espírito aguerrido mesmo quando o time mal consegue chegar ao ataque. Volta, busca o jogo, briga e está sempre no lugar certo para ajudar a equipe. Dentre todas as contratações de peso, ele é, hoje, a mais importante.
Quando Fred deixar o Fluminense, seja em julho ou em dezembro, ele poderá ter uma certeza: ganhou um substituto que tem potencial de carregar o time como ele fez tantas vezes. Reunindo experiência e qualidade, Germán Cano foi o nome do título do Tricolor, que volta a conquistar a taça do Campeonato Carioca depois de dez anos após desbancar o favorito Flamengo.