Tem vaga? Nas graças da torcida, Ganso luta por espaço em time mais defensivo de Abel Braga
Camisa 10 entrou em campo nas duas últimas rodadas, mas características podem ir de encontro ao esquema tático utilizado por Abel Braga
O início da temporada do Fluminense foi marcado pela estreia dos reforços, mas também pelo retorno de alguns jogadores que com menos espaço. Um dos que mais nutria expectativa era Paulo Henrique Ganso, que se tornou um nome comum nas arquibancadas do Tricolor nesse Campeonato Carioca. O camisa 10, que fez o ano com menos atuações de sua carreira em 2021, vem sendo motivo de pedidos e aplausos nos estádios, mas ainda não está com a mesma moral com Abel Braga, contratado para 2022.
Ainda no primeiro jogo do Carioca, a torcida chegou a pedir a entrada de Ganso, que não foi acionado. Vale lembrar que o jogador operou o antebraço em agosto do ano passado, quando voltava a ter espaço, mas garantiu que estava 100% e fez a pré-temporada normalmente. Mesmo assim, o jogador só foi ganhar espaço com Abel Braga no duelo contra a Portuguesa, quando entrou aos 71 minutos. Contra o Audax, o técnico foi vaiado pela arquibancada por não ter optado pelo meia. Conhecido pela preferência por um futebol mais recuado, ele explicou seu ponto de vista após as críticas.
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- Futebol sempre é amor e ódio, ainda mais porque agora parece que é manipulado. O que vende é notícia ruim e rede social. O Ganso faz parte do grupo, está trabalhando bem, pensamos em colocar ele, mas foi um jogo com intensidade grande. Quando ninguém achar que vai entrar, ele entra. É assim o futebol, mas tenho que pensar e analisar com a minha cabeça, porque a que rola é a minha, não de ninguém. O Ganso faz parte, estava disponível e disposto a entrar. Ainda não foi hoje que ele entrou, mas vamos ver nos próximos jogos - explicou na época.
Todavia, não é de hoje que Abel Braga prefere um esquema defensivo, o que afeta diretamente o setor. À frente do Flamengo, em 2019, o técnico relutou em acionar Arrascaeta pois acreditava que não poderia formar um time que somente ataca. Assim, utilizou Willian Arão, que tinha como principal função a recomposição sem a bola e a marcação. Assim, a triangulação no setor ofensivo acontecia com os laterais avançados e não pelo meio. Contudo, quando escalou um time mais à frente, os resultados surgiram, o que foi aprofundado por Jorge Jesus no mesmo ano.
- Já teve enquete aí da equipe do Flamengo e a equipe que o pessoal quer é aquela que... Parece equipe de índio [todo mundo ataca]. É possível? É. Vai correr risco? Vai. Vai ter alguns problemas sem a bola? Vai, mas vai criar também para os adversários. Não é impossível jogar desta maneira que terminou, mas não pode desorganizar. Tem de saber que, sem a bola, tem funções a cumprir - afirmou na ocasião.
No Internacional, em 2020, a visão de Abel para o meio foi mais efetiva. Com Edenilson e Praxedes, o técnico conseguiu deslocar Patrick da posição de origem e encaixá-lo mais à esquerda, onde conseguia compor com laterais e atacantes, e também tinha liberdade para auxiliar na transição defensiva. Novamente, o meia ficou encarregado de pressionar os laterais e zagueiros na saída de bola. O desempenho de Patrick agradou o treinador, que chegou a pedir o atleta no elenco do Fluminense.
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Defensivamente, Ganso rendeu pouco no Fluminense. Durante a passagem de Fernando Diniz no clube, em 2019, o jogador também teve funções defensivas e o desempenho caiu. Após a curta passagem de Oswaldo de Oliveira, Marcão assumiu a equipe e incumbiu o camisa 10 de orientar os jovens atacantes. A mudança trouxe resultados imediatos, e Ganso foi o líder em passes para finalizações da equipe. Contudo, foi perdendo gradualmente espaço, especialmente após a chegada de Cazares na última temporada.
O equatoriano virou a segunda opção do elenco atrás de Nene, mas todos eles perderam o espaço quando o esquema com três volantes se estabeleceu. Nesta temporada, Abel parece seguir a mesma linha de focar na força defensiva e acaba dando a Yago Felipe a função de criar. Até mesmo o meia Nathan, contratado para suprir essa lacuna latente no elenco, ainda não teve sequência e praticamente não foi utilizado.
Assim como em outros trabalhos, a visão do treinador não se encerra no início da temporada. Ganso, por sua vez, correspondeu à oportunidade, especialmente no duelo contra a Portuguesa, em que iniciou jogadas e deu passes verticais, uma característica que Abel também aprecia. Em busca do equilíbrio entre ataque e defesa, o técnico ainda não demonstra que irá mudar sua visão, mas a falta de criação do Fluminense pode ser um fator decisivo.
O Flu se prepara para o maior desafio na temporada, a Libertadores, na próxima terça-feira, diante do Millonarios, na Colômbia. Antes disso, porém, pode ser que Ganso ganhe uma nova chance de brilhar. Com um provável time de reservas, o Tricolor terá o Volta Redonda pela frente no sábado, às 19h, no Luso-Brasileiro.
*Estagiária sob supervisão de Luiza Sá