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10 anos sem Chico Anysio: vascaíno, humorista comentou Copa do Mundo e criou personagens no futebol

Mestre do humor foi comentarista esportivo em rádio e repórter de campo, foi vira-casaca assumido e trabalhou com Galvão e Pelé em jogos da Seleção

Chico Anysio
imagem cameraVasco, Coalhada e comentários esportivos: as paixões de Chico no futebol (Montagem: Lance! Foto: Divulgação)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 22/03/2022
14:43
Atualizado em 23/03/2022
07:00

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"Não há nada de que eu entenda mais do que futebol. Mesmo hoje, vez por outra cause surpresa com este conhecimento", disse certa vez Chico Anysio, em um blog que mantinha no 'ge'. Se Chico acreditava ou não nesta frase de efeito, não sabemos. O que se sabe é que o artista, que morreu no dia 23 de março de 2012, há exatos 10 anos, estendia sua versatilidade a atuar como comentarista esportivo. 

Vascaíno de arquibancada, o comediante, ator, roteirista, diretor e locutor comentou a participação do Brasil na Copa do Mundo de 1990 e chegou a trabalhar ao lado de Galvão Bueno e Pelé. Além disso, foi colunista convidado do LANCE! na Copa do Mundo de 2006, na Alemanha.

Chico Anysio e Bruno Mazzeo
Chico e o filho Bruno Mazzeo nas arquibancadas de São Januário (Foto: ReproduçãoArquivo Pessoal)

Francisco Anysio de Paula começou sua carreira no jornalismo esportivo e foi comentarista da Rádio Guanabara em jogos de futebol, aos 17 anos. 

- A Rádio Guanabara contratou Raul Longras, o homem do 'goooolll eletrizante', e passou a fazer futebol. Longras precisava de alguém para ocupar o lugar do seu colaborador que tinha morrido. Como eu estava ficando meio descarado, fui até ele, na maior cara de pau, sugeri que me experimentasse. Eu conhecia muito do assunto porque foi meu pai quem implantou o profissionalismo no futebol do Ceará. Papai tinha muito prestígio, era presidente do Ceará - relatou Chico, em seu antigo blog esportivo no 'ge.globo'.

- Logo que tive a chance, mostrei que era competente, depois de esperar tanto tempo por uma oportunidade. Minha voz era boa, minha cultura aceitável e meu conhecimento de futebol surpreendente, para meus 17 anos. Com duas semanas de rádio, eu já tinha quatro profissões: locutor, rádio-ator, redator e comentarista esportivo e passei também a receber quatro salários - afirmou.

Chico falou ainda da experiência de ser repórter de campo e de cobrir três goleadas seguidas do Vasco, seu time de coração. 

- Como comentarista esportivo eu aceitava, também, ser repórter atrás do gol. (...) “Alô, alô, Longras!”, “Fala Anysio”, “São Januário, quarto gol do Vasco da Gama, Heleno, o autor do gol”. Nesta função, assisti a três jogos do Vasco realmente inesquecíveis. Um em São Januário, quando o Vasco goleou o São Cristóvão por 11x 0; no outro domingo, ganhou do Canto do Rio, em Niterói, por 14 x 1 e no domingo seguinte venceu o Bangu por 7 x 0 e eu cobri esses três eventos. Com tantos gols assim, interrompia a narração do Longras e acabava falando mais que ele. Foi um enorme prazer, esse trabalho - afirmou.

Vira-casaca do futebol
Chico Anysio era assumidamente um vira-casaca do futebol e "trocou" de clube do coração algumas vezes. O humorista era torcedor do Ferroviário-CE, do Palmeiras e do Vasco. Quando o Cruz-Maltino demitiu o treinador Gentil Cardoso, Chico virou Flamengo. Depois o treinador Fleitas Solich saiu do Flamengo e, em 1961, o Chico passou a torcer para America. Em 81, deixou de ser americano e voltou a torcer pro Vasco.

Em entrevista a "O Globo", em 2005, ele falou sobre esta opção por mudar.

- O homem muda de mulher, não é vira-lençol. Muda de rua, não é vira-placa. Muda de fé, não é vira-cruz. Muda de partido, não é vira-voto. Muda de emprego, não é vira-holerite. Muda de time é vira-casaca. Por quê? Onde está escrito que não se pode mudar de time? Se o time não merece apoio, mude - constatou.
 
Comentarista com Pelé e Galvão

Depois da experiência como comentarista quando jovem, Chico estourou na carreira de comediante (em programas como "Chico Anysio Show", "Chico City" e "Chico Total". Só voltaria a fazer comentários de esporte em 1989, durante as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1990. O humorista comentou jogos da Seleção ao lado de Galvão Bueno, que naquela época já comandava as narrações na Rede Globo.

- Sinto muita saudade dos meus tempos de comentarista. Principalmente da fase em que comentei junto com Pelé, na TV Globo. Comentávamos, geralmente, os jogos da seleção do Brasil, tanto aqui quanto no exterior. Foi gostosa aquela época - destacou.

Nesta segunda-feira, 20, Galvão Bueno falou sobre Chico em seu programa no SporTV, o 'Bem, Amigos', que foi dedicado ao humorista.

- Nosso palco faz questão de homenagear o maior artista que o Brasil já teve. Capaz de criar mais de 200 personagens. Há 10 anos o gênio do humor e que amava o futebol nos deixava. No programa vamos reverenciar essa paixão do Chico pela bola - disse Galvão, que mostrou vídeos de atuações de Chico durante a atração.

Anos mais tarde, Galvão Bueno teve contato com a veia humorística de Chico Anysio: o narrador foi "entrevistado" em 2000 pelo caricato ator Alberto Roberto no quadro "Rosto a Rosto".  

Comentarista de Copa do Mundo

Em 1990, o humorista foi comentarista sobre o Mundial no "Fantástico", e dava suas opiniões sobre a esquete canarinha. Seus vídeos, inclusive, podem ser vistos no Youtube. Em um deles, Chico fala de um Brasil já eliminado e não perdoa um grupo de jogadores, enquanto reclamava da não convocação de outros. 

- Não existe um time de futebol sem um grande meio de campo. E Dunga, Alemão e Valdo não é o meio de campo para uma Seleção que deseja ser campeã do mundo. Sabe, ainda bem que perdeu. Se fossemos campeões com esse esquema covarde, nosso pobre futebol tão perto do fim teria seu final precipitado. Estou chateado, mas não estou nenhum 'tantinho' assim surpreso - disse na ocasião.

O comentarista também cornetava o treinador Sebastião Lazaroni, ao fim de suas participações no Fantástico.

- Ficou ó... com mó cara de Lazaroni - dizia ele, em referência ao personagem Jovem, que falava "mó cara de bundão".

Como compositor, recordações de momentos do futebol

O lado musical de Chico Anysio também abriu espaço para falar de futebol. Na nostálgica "Rio Antigo", canção que escreveu em parceria com Nonato Buzar, ele traz as recordações da "Copa Roca entre Brasil e Argentina" e de ver Zizinho no gramado. A música teve duas gravações emblemáticas: na voz de Alcione e também em um dueto que Mussum fez com o próprio Chico.

Coalhada e sua inspiração

O humorista, considerado por muitos o maior mestre do humor brasileiro, era reconhecido por ter criado mais de 200 personagens. Em entrevista ao programa 'Conversa com Bial', um dos filhos de Chico, André Lucas, contou a origem do personagem Coalhada, um jogador de futebol que sonhava em defender um grande clube e foi inspirado em um jogador da várzea. Segundo ele, a inspiração veio em um encontro inusitado. 

- Em Campina Grande (PB), um cara chegou pra ele e falou: "Chico Anysio, eu sou jogador de futebol e coloco a bola onde eu quero". Só que o sujeito era estrábico! E o cara olhando pra lá (com um olho) e o Chico Anysio aqui (com outro) - relembrou.

Chico Anysio morreu no dia 23 de março de 2012 - uma sexta-feira, aos 80 anos, por falência múltipla de órgãos após três paradas cardíacas. O velório aconteceu no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, que foi aberto ao público e contou com a presença de milhares de fãs. Naquele fim de semana, Chico foi homenageado por diversos clubes durante a rodada do futebol brasileiro, entre eles o Vasco, seu time do coração.

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