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Abel quebra o silêncio após saída do Fla e rebate Mauro Cezar: ‘O que ele diz não me representa nada’

Treinador comentou sobre as inúmeras críticas do jornalista e da imprensa ao seu trabalho no Rubro-Negro e relembrou grandes momentos da carreira

Atlético-MG x Flamengo  - Abel Braga
imagem cameraAbelão falou sobre polêmicas após saída do Flamengo (Foto: Felipe Correia / PHOTO PREMIUM)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 02/08/2019
19:52
Atualizado em 02/08/2019
20:37

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O técnico Abel Braga quebrou o silêncio após a saída do Flamengo. O treinador concedeu entrevista ao comentarista Alê Oliveira, no canal do Esporte Interativo no YouTube. Abelão falou sobre sua última passagem no Rubro-Negro da Gávea e rebateu as intensas críticas do jornalista Mauro Cezar Pereira, da ESPN. 

- O clube do vinho é como o clube da água, o clube da esquina, o clube do cinema, o clube do teatro... Não tem clube do vinho. São amigos que tomam vinho. Isso não me incomoda nada e gostaria que não incomodasse as pessoas. Ele (Mauro Cezar) fala o que ele quer. O que ele diz ou não, não me representa nada. Tenho muitos amigos na ESPN e na imprensa. E não deixam
de me criticar - comentou. 

Durante a participação no quadro 'Alê Oliveira Responde', na qual o comunicador repassava as perguntas dos internautas ao convidado, Abel relembrou grandes momentos da carreira e elegeu os melhores jogadores que já treinou, mas se esquivou na hora de apontar o melhor de todos. 

- Meu último grande time que tive com mais nomes, foi o Fluminense de 2012. Fred, Deco, Sobis, Nem, Thiago Neves... Era demais. Peguei Edmundo e Romário no Vasco, campeão invicto da Taça Guanabara. No Inter, teve Fernandão, Fabiano Eller, Iarley e o Pato, que eu descobri. O Marques no Atlético-MG. Peguei alguns jogadores de um nível muito bom - contou Abel, que revelou o time que ele gostaria de ter trabalhado. 

- O time que gostaria de ter ido e estive duas ou três vezes bem perto de ir, mas no momento final não foi, é o Porto, de Portugal. A primeira vez, inclusive, estava no Internacional. O convite veio no dia que nós iríamos fazer um jogo amistoso contra a seleção paraguaia, em Assunção. Eu falei que depois do jogo iria comunicar meus diretores e daria uma posição, mas simplesmente eles não esperaram e levaram o Carlos Alberto Silva - revelou.

Confira outras respostas de Abel Braga:

Palmeiras
- Estive duas vezes bem próximo do Palmeiras, quando estava o Toninho Cecílio como executivo. Mas eu tinha contrato com o Al Jazira dos Emirados Árabes. Quando ele estava de férias, eu renovei o contrato por mais dois anos.

Momento mais marcante da carreira 
- O mais marcante, óbvio, foi o Mundial de Clubes. Quando estávamos no Japão, os caras falavam que as apostas estavam 9 por 1. Nosso time jogou com muita inteligência, óbvio sabendo que o outro time (Barcelona) era superior, e aquilo pra mim, na carreira, foi o fator mais marcante e importante.

Time com mais dificuldade para treinar
- Foi a Ponte Preta, em 2003. Inclusive, peguei um carinho, respeito, admiração e paixão pelo clube. Mas ali eu perdi, durante o Brasileiro, 11 jogadores, sendo nove titulares. Era muito complicado para trabalhar, porque os caras não tinham dinheiro de passagem para ir treinar. Peguei uma admiração muito grande pela Macaca. Foi um trabalho difícil

Derrotas mais dolorosas da carreira
- Tive quatro jogos que me marcaram. A perda da Copa do Brasil pelo Flamengo (em 2004, para o Santo André). Nosso time tinha Felipe, Júlio César, Athirson e Zinho, que não jogou a final. Depois, teve a do Fluminense no ano seguinte, contra o Paulista (Copa do Brasil de 2005). Outro jogo que me marcou muito foi que nós ganhamos do Olímpia, fora de casa, com gol do Luiz Fernando Flores, e depois perdemos em casa nos pênaltis. Bastava o empate, estávamos ganhando de 2 a 1, perdemos um pênalti, os caras empataram e a decisão foi para os pênaltis e perdemos. E teve o jogo do meu terceiro ano como treinador, em 1988, no Brasileiro contra o Bahia. Jogávamos muito bem na Fonte Nova, mas tomamos o gol de empate no fim do primeiro tempo. No Beira-Rio depois não conseguimos reverter.

Relação com Edmundo e Romário
- Falei com eles que acima de nós estava o Vasco. Procuramos fazer o trabalho da melhor maneira possível. O Edmundo, por exemplo, era um dos primeiros a chegar para os treinamentos. Romário tinha no contrato dele que não treinava de manhã. Não tive problema com nenhum dos dois. Eles tiveram problemas entre eles, mas administrei muito bem. O pior momento entre os dois, pra mim, era na véspera de jogo, porque tinha um time do Romário e outro do Edmundo. Eles apostavam. Mas os dois foram impecáveis comigo. No fundo, eles se respeitavam. Podiam ter problemas naquele momento um com outro, mas eles se respeitavam.

Forma de jogar dos treinadores gringos
- A exigência é grande porque nós da América do Sul temos o futebol mais técnico, mas não temos o futebol com mais intensidade, o mais agressivo. Essa é a diferença. Isso já vem um pouco da características de países. Hoje tem o Sampaoli fazendo um trabalho maravilhoso. O Gareca está muito bem na seleção do Peru, mas não foi bem no Palmeiras, assim como já aconteceu com São Paulo e Flamengo. Qualquer tipo de adaptação é um pouco complicada. Aqui não temos apenas um tipo de cultura social. Temos uma cultura futebolística também. Isso faz diferença. Mas acho que é muito bom receber esse pessoal porque também aprendemos.

Se decepcionou com a torcida do Flamengo?
- Não. Torcida colocava 50 mil todo jogo. A torcida é soberana. Eles aplaudem, vaiam... Eles têm o direito. A razão de ser de qualquer clube de futebol é a torcida, ainda mais o Flamengo que tem a maior torcida do mundo.

E com a direção?
- Quando você vai para um clube, você conversa com as pessoas. Você expõe e escuta idéias. Aquilo que eu fiz as pessoas escutarem, é exatamente o que eu sou. E aquilo que escutei, é exatamente o que aquelas pessoas queriam para o clube nos próximos três anos. No momento que pedi demissão, é porque havia conversas com o Jorge (Jesus). Ele está totalmente fora dessa questão, ele é treinador e não tem nada a ver com isso. Mas eu me senti traído. Quando vi que aquilo que tinha como idéia que iria encontrar não era o que estava ocorrendo na real, eu decidi sair. E saí. Só lamento uma coisa: eu tinha tido uma conversa com uma pessoa da direção durante a eleição e tinha ficado praticamente apalavrado com aquela pessoa. Mantive aquilo que na minha consciência era o correto.

Influência da imprensa no seu trabalho
- No fundo a imprensa vai com aquilo que é o pensamento de alguns torcedores. Ou então é uma opinião própria do jornalista. Mas não influencia nada. Não leio sobre o clube que eu trabalho. Não adianta a direção ter opinião contrária porque não vou atendê-los porque o que rola é minha cabeça, não é a deles. Vou escutá-los, atender não. Esse problema começou a surgir na semana que vencemos o Athletico-PR. Nós tínhamos um jogo contra o Fortaleza e depois o Corinthians pelo jogo de volta da Copa do Brasil. Me perguntaram se seria o mesmo time, e eu disse que ‘com certeza que não’. E depois veio uma resposta que não concordavam com aquilo. Acho legal, eles tem a opinião deles e eu tenho a minha. É a minha cabeça que rola, não vou perder por causa dos outros - completou.

Arrascaeta
- Não tenho nada contra o Arrascaeta. Minha equipe, naquele momento, estava muito bem. Tive jogos que coloquei o Bruno (Henrique) pra dentro e se saiu muito bem. E o Gabriel (Barbosa) também. Isso tudo para tentar o encaixe com o Arrascaeta. Mas tinha Everton Ribeiro e Diego ainda. É um jogador de um nível muito grande. Eu tinha pedido o Dedé, mas não foi possível depois do caso do Arrascaeta. Bruno Henrique foi o primeiro pedido. Fiquei feliz com a vinda do Rodrigo Caio, que além de um excelente caráter é um ótimo jogador. O Flamengo está muito bem servido. Não fui eu que pedi a contratação (do Arrascaeta), foi a direção do Flamengo que trouxe.

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