Análise: SBT acerta nos comentaristas em estreia na Libertadores. No mais, é a TV de Silvio com futebol

Emissora faz história ao exibir vitória do Palmeiras, aposta em comunicadores experientes, mas apenas 'inclui' futebol entre novelas e 'Ratinho'

imagem cameraCom comunicadores experientes, SBT não inventa e faz sua primeira transmissão da Libertadores 2020 (Reprodução/ SBT Twitter)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 17/09/2020
00:01
Atualizado em 17/09/2020
08:49
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O SBT fez história na noite desta quarta-feira ao transmitir sua primeira partida da Copa Libertadores da América 2020. A vitória do Palmeiras contra o Bolívar por 2 a 1, na Bolívia, abriu os caminhos da emissora que, pelo visto, promete investir cada vez mais no esporte. Dois pontos ficam evidentes: o "Sistema Brasileiro" acertou nos comentaristas e locutores. Em contrapartida, continua sendo a mesma TV de Silvio Santos.

A principal característica da grade da emissora é o entretenimento. Uma TV voltada ao público mais velho e que prefere atrações com apresentadores e suas opiniões, conexão com a plateia e conteúdo para segurar a audiência. Isso é um problema que interfere na Libertadores? De maneira alguma: é apenas uma opção da empresa. Contudo, pensando nas concorrentes, é um estilo diferente.

Diferente porque, enquanto os canais de TV fechada, como a Fox Sports, usam boa parte do tempo de transmissão para pré e pós-jogo, assim como repercussões da partida e comentários, o SBT "enfiou" o futebol na programação. Ou seja, o público acompanhou as atrações usuais de entretenimento no canal de Silvio, como ele mesmo admite preferir, mas agora agregando o futebol.

Por outro lado, quando os comentaristas e profissionais do esporte foram acionados não deixaram a desejar. Na breve introdução antes da partida (assim como já vinha sendo feito pela Globo de introduzir o futebol na TV apenas cerca de 15 minutos antes do começo do jogo), observou-se um estúdio caprichado e com comentários atraentes dos profissionais recém-contratados.

Mauro Beting, Mauro Galvão e Ricardo Rocha comentam a Libertadores no SBT (Reprodução; Rafael Ribeiro/Vasco; Maurício Rummens/Fotoarena/Lancepress!)

E, por falar neles, o SBT acertou em cheio ao convocar nomes experientes como Téo José e Alano para a narração, assim como Ricardo Rocha, Mauro Galvão e Mauro Beting. A emissora não arriscou reinventar a roda e criar seu jeito, mas apostou em comunicadores com conhecimento de sobra para manter o padrão que vinha sendo apresentado pela Globo.

O SBT soube ser seguro como a Fox Sports foi quando começou a exibir a principal competição do continente e apostou no certeiro, mas não deixou de colocar suas pitadas de entretenimento e propaganda. Antes da partida, chamou a atenção do público um anúncio de concurso e lançamento de perfumes.

Para o torcedor mais carente da opinião e análises pós-jogo, o SBT fica bem atrás do que vinha apresentando a Globo; por isso parte das críticas nas redes sociais. A emissora adicionou o futebol em sua grade recheada de novelas como "Chiquititas" e atrações como "Ratinho".

Nas redes sociais, o canal de Silvio Santos viu a vitória do Verdão pela terceira partida no Grupo B como um produto de divulgação: compartilhou cenas do jogo em seu Twitter, explorou acanhadamente o público que elogiava a transmissão e saiu na frente da Globo, que não costuma interagir com seus seguidores. Mesmo assim, o caminho ainda é longo para agradar gregos e troianos, equilibrando esporte em uma grade sem o menor espaço para mais Libertadores.

*sob supervisão de Tadeu Rocha

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