A Conmebol instituiu a centralização do VAR para as partidas organizadas pela confederação. Em alguns jogos da Libertadores e da Sul-Americana, foi utilizada uma conexão remota do Centro de Treinamento Tecnológico de Arbitragem (CETA), em Luque, no Paraguai. Em entrevista ao LANCE!, o ex-árbitro Sálvio Spinola analisou a novidade como positiva e citou que o método é usado em diversas ligas do planeta, inclusive nos torneios da CBF.
Na prática, o árbitro de vídeo das competições sul-americanas passou a se concentrar em um mesmo local, se comunicando diretamente com os juízes das partidas ao redor do continente.
- É uma boa decisão e esse é o caminho: centralizar o VAR. Assim tem sido desde o início em várias ligas. Por exemplo a Liga Alemã, já é assim, futebol português, futebol espanhol, a própria Copa do Mundo, quando iniciou na Rússia o VAR era centralizado. Lógico que em uma competição curta de um mês é mais fácil. Então é uma boa decisão, agora é um desafio muito grande. A princípio, a Conmebol disse que vai fazer isso nos jogos realizados no Brasil e na Argentina. Nos outros oito países do continente, ainda não há tecnologia suficiente para fazer essa centralização. Mas essa centralização é boa, porque tem um ganho de performance, várias vantagens. A própria CBF implantou isso há algum tempo, a FPF implantou também, o VAR centralizado na sede da Federação conectando com os estádios - afirmou Sálvio.
De acordo com a Conmebol, o CETA atuou em jogos em Porto Alegre, La Plata, Buenos Aires e Rio de Janeiro nas últimas semanas. Segundo Sálvio Spinola, as vantagens da novidade envolvem questões de logística, custo e capacitação do VAR.
- São várias as vantagens. O primeiro deles é lógico que é o custo. Você consegue colocar mais árbitros trabalhando, você tem uma redução de custo que facilita a logística. Um árbitro da Conmebol, por exemplo, pode trabalhar na cabine do VAR em um jogo na quarta, um jogo na quinta, pode na terça também, isso estando na sede da Conmebol. Ajuda muito na questão da capacitação, essa é outra grande vantagem, treinamento e capacitação do árbitro de vídeo, porque o árbitro de vídeo vai estar à disposição da comissão de arbitragem no dia seguinte ao jogo na própria sede da entidade. Então os instrutores poderão orientá-los. Outra grande vantagem é a tecnologia. Você já coloca uma tecnologia definitiva, por fibra ótica, ligando e dando uma performance melhor e maior na hora da recepção dos vídeos - explicou o ex-árbitro.
Sálvio também afirmou que uma das poucas desvantagens da centralização do VAR seria na conexão entre a central e as partidas. Porém, o ponto negativo tende a ser solucionado após a fase de transição e estabilização da tecnologia.
- Ponto negativo é que vai ser preciso ter um backup, um plano B, até a estabilização do sistema, mas isso é uma fase de transição. Eu vejo muitas vantagens em ter o VAR centralizado O impacto que pode acontecer é de você não ter tanto relacionamento e rotina do árbitro de vídeo com o árbitro de campo, a própria distância… mas isso se resolve com a tecnologia, vídeo conferência para a elaboração de um plano de trabalho das equipes - analisou.
- Não vejo impacto no jogo, impacto nas decisões, a não ser que a gente comece a ver o árbitro de campo informando os capitães que o árbitro de vídeo não está funcionando, mas aí é uma questão de tecnologia. Acho que a Conmebol somente poderá colocar isso efetivamente em prática quando tiver estressado todos os testes, quando já tiver 100% de segurança que a tecnologia está funcionando. Então não vejo nenhum impacto, nenhuma mudança na rotina dos árbitros - concluiu.
CBF JÁ USA
A Confederação Brasileira de Futebol implementou a centralização do VAR há pelo menos três anos. Segundo informado pela entidade à reportagem, a tecnologia da instituição contém fibra ótica, conexão veloz e é utilizada em todas as partidas do Brasileirão.
Agora, o próximo passo da CBF é implantar o árbitro de vídeo centralizado, cuja sede está no prédio da entidade, nas partidas da Série B.