Atletas são mais suscetíveis a câncer no testículo? Grande número de casos conhecidos acendem o alerta
LANCE! entrou em contato com um especialista que afirmou que a ciência não faz ligação entre os dois casos e falou também sobre o uso de testosterona no esporte
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O câncer de testículo diagnosticado no jogador Jean Pyerre, que pertence ao Grêmio e que fazia exames para ser emprestado ao Giresunspor, da Turquia, acendeu um alerta sobre o tumor que já se mostra constante quando se trata de atletas de alto rendimento. A lista não é curta, mas os casos não podem ser relacionados por esse fator.
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É o que explica em entrevista ao LANCE! o líder do Centro de Referência em Tumores Urológicos do A.C.Camargo, Dr. Stênio Zequi, que também é cofundador e coordenador do Latin American Renal Cancer Group, o LARCG.
- O fato de praticar esporte de alto rendimento, em geral os atletas, eles se submetem a uma carga atenuante, quase sobre-humano ao músculo, mas no sentido de câncer testicular não tem descrito isso. Não se pode dizer que a prática de exercício em alta performance pode causar câncer no testículo - explica o médico.
- Enquanto está ligado ao esporte que traumas repetidos pudesse causar câncer testicular, isso também não é uma coisa clara. O que acontece: o evento traumático, uma bolada ou pancada, ele (o atleta) põe a mão lá (no órgão) e sente uma alteração. Muitas vezes o tumor é descoberto durante a higiene ou durante o ato sexual. Não há essa associação entre esporte de alto impacto e tumor testicular - completou.
Questionado, o médico falou ainda sobre se o uso de testosterona como forma de anabolizante pode causar alterações que venha a se tornar um câncer testicular. Segundo ele, o uso dessas substâncias podem causar ações prejudiciais ao organismo, mas que não são relacionadas ao câncer no órgão.
- Pode causar danos por causa do uso excessivo de testosterona. O testículo tem duas funções: produzir hormônio masculino (testosterona) e a parte germinativa que é produzir espermatozoide para a procriação da espécie. Por isso, só se deve repor testosterona em quem necessita. Em quem tem em dose normal não há necessidade. Mas muitos (homens) utilizam para obter uma grande massa muscular como anabolizante, o que causa o crescimento muscular - analisa.
- Mas o uso excessivo traz riscos cardiovasculares e além disso, o testículo trabalha fazendo testosterona. Mas se alguém começa a trabalhar pra ele tendo uma fonte externa, através de injeções ou gel, o testículo fica inibido e começa a reduzir o seu trabalho. Então o testículo pode paralisando e causando dependência para o resto da vida. Nos casos em que os atletas usam em caso excessivo pode causar um prejuízo e alterar sua fertilidade - conclui.
Considerado raro, o câncer de testículo é mais comum em jovens na faixa dos 15 aos 40 anos - predominantemente entre 20 e 34 anos - o que corresponde a maior parte de vida ativa esportivamente de atletas. Os atletas listados abaixo tiveram câncer testicular na juventude, o que pode correlacionar os fatos que não ligam necessariamente a prática esportiva de alto nível. Veja a lista!
CASOS NO ESPORTE
Ederson, Flamengo - 2018
O ex-jogador do Flamengo Ederson foi um dos casos mais recentes de câncer no testículo. O caso tomou grande repercussão nacional e o jogador contou com a solidariedade de clubes e colegas de profissão. Ele passou por uma cirurgia para retirada do testículo direito e depois passou por um processo de quimioterapia.
Robben, ex-jogador
O holandês Arjen Robben tinha 20 anos quando descobriu que tinha o tumor nos testículos, um pouco antes da Eurocopa de 2004, quando estava deixando o PSV rumo ao Chelsea. Ele voltou a jogar após a cirurgia e se tornou um dos maiores nomes do futebol mundial.
Nenê Hilário - Basquete
Nenê fez longa carreira na NBA e se tornou mais um nome entre os atletas que tiveram câncer no testículo, em 2008. Ele passou por cirurgia e quimioterapia, voltando a jogar normalmente. Durante a carreira ele passou por Denver Nuggets, Washington Wizards e Houston Rockets. No Brasil, Nenê defendeu o Vasco no inicio dos anos 2000.
Douglas Friedrich - goleiro do Avaí
Douglas descobriu um tumor maligno aos 18 anos. Ele precisou ficar afastado do futebol por um ano mais se recuperou e hoje, aos 33, é destaque do Avaí.
Magrão - ex-volante do Internacional
Magrão precisou retirar um dos testículos quando atuava nos Emirados Árabes, em 2011. O caso veio a tona em 2015 quando ele foi pego em um exame antidoping e relacionou o exame a remédios que ele dizia precisar tomar.
Lance Armstrong
O ciclista foi diagnosticado com tumores no testículo, no pulmão e no cérebro, no início de carreira e venceu sete vezes seguidas o Tour da França entre 1999 e 2005. Sua história de vida seria majestosa se não tivesse sido manchada por um escândalo onde foi descoberto um uso constante de anabolizante por parte do atleta, que perdeu todos os títulos conquistados.
Confira outros nomes que também passaram pelo tratamento após serem diagnosticados com câncer no testículo:
Yeray Álvarez (futebol)
Atualmente no Athletic Club, o jogador foi diagnosticado em 2016 quando defendia o Athletic Bilbao. Ao retornar às atividades, o zagueiro foi homenageado pelos colegas que rasparam a cabeça como solidariedade.
Jonas Gutierrez (futebol)
O argentino que jogou a Copa de 2010 descobriu o câncer em 2013 e passou por cirurgia e quimioterapia. Ele seguiu a carreira após a recuperação.
Jebbe Sand (futebol)
O ex-jogador dinamarquês passou por processo quimioterápico e cirurgia após sua participação na Copa do Mundo de 1998. Após a recuperação, ele voltou a jogar normalmente.
Marcelo Tabarez (futebol)
O atacante uruguaio descobriu a doença em 2018 quando defendia o Danúbio. Atualmente ele defende o Villa Teresa, da segunda divisão do Uruguai.
Jake Gibb (vôlei de praia)
O atleta jogou nas Olímpiadas do Rio em 2016 e superou o câncer no testículo em 2011.
Mike Lowell (beisebol)
Atleta porto-riquenho, Mike Lowell teve o câncer em 1999 e voltou a atuar normalmente na MLB sendo eleito MVP das finais em 2007.
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