‘Se caso George Floyd não tivesse acontecido, talvez João Pedro estaria no esquecimento’, lamenta Grafite
Ex-atacante afirmou que brasileiros possuem 'memória curta' e ainda lembrou caso com Desábato, onde foi xingado, em participação no programa 'Bem, Amigos!'
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A crescente onda de luta contra o racismo nas redes sociais virou assunto também no programa "Bem, Amigos!", do "SporTV", nesta segunda-feira. Na atração de Galvão Bueno, a vez de falar sobre o tema foi do ex-atacante Grafite, agora comentarista na emissora. Ele lamentou a "memória curta" dos brasileiros quanto ao assunto e lembrou famoso caso de racismo ocorrido com ele.
- Existem muitos grupos de negros relevantes dentro da sociedade, que estão fazendo trabalho de racismo. Só que é tudo muito rápido aqui no Brasil. O brasileiro tem memória curta, esquece rápido. Se o caso do George Floyd não tivesse acontecido dias atrás, talvez o João Pedro estaria no esquecimento. As coisas acontecem tão tragicamente no Brasil, que a gente aceita com naturalidade. Isso não pode acontecer.
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Gabriel Jesus, Richarlison, entre outros craques se posicionaram nas redes sociais. As manifestações acontecem depois da morte de um homem negro por um policial branco em Minneapolis, nos Estados Unidos. George Floyd, de 46 anos, foi imobilizado e torturado por Derek Chauvin e morreu por asfixia, segundo revelou a autópsia.
No Brasil, outro caso ficou conhecido e gerou repercussão também entre os jogadores. A morte do jovem João Pedro Mattos, de 14 anos, impressionou os brasileiros depois que o jovem negro foi baleado durante uma operação policial no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, em maio.
O ex-atacante de São Paulo, e que fez carreira no futebol alemão, lembrou um caso onde ele foi vítima de racismo dentro dos gramados e foi expulso por empurrar o rosto do jogador que o chamou de "macaco" e "negro de merda". O caso chegou a ser denunciado à Polícia, em 2005.
O zagueiro Desábato, do Quilmes (ARG), foi levado à delegacia, passou duas noites preso e foi liberado após pagar fiança de R$ 10 mil. Ele revelou que recebeu o auxílio da diretoria tricolor, mas confirmou o motivo que o fez não registrar queixa.
- Logo após isso tudo aconteceu, passaram-se seis meses. E eu tinha seis meses para prestar a queixa-crime. E quando aconteceu tudo isso, fomos para delegacia e saímos 7h da manhã. E quando cheguei em casa, tinha muita gente do meu lado. O São Paulo deu toda a assessoria possível, nunca deixou de estar ao meu lado. Só que, com o tempo, passados um, dois, três meses, eu estava sozinho na luta. E só falavam daquilo na minha carreira, não falavam mais do meu futebol - disse ele, e seguiu:
- Hoje é diferente, com rede social, com todo aparato de tecnologia que nós temos, isso que aconteceu com o George Floyd, se fosse em 2005 talvez não tivéssemos conhecimento, ou só um mês, um mês e meio depois. Talvez não teríamos esses atos que estamos tendo hoje. Em 2005 foi diferente. Eu estava sozinho em uma luta. Se fosse hoje, eu faria diferente. Seu eu visse o engajamento como está, certamente eu iria na delegacia procurar meus direitos.
A onda de protestos nos Estados Unidos segue com diversas manifestações antirracistas pelo país. Em meio à pandemia de coronavírus, teve que preferisse se manter ativo aos protestos nas redes sociais. No Brasil, a hashtag "Vidas Negras Importam" seguem em alta.
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