CPI da Manipulação de Resultados é instalada; relator traça ao L! perspectivas para os próximos passos na Câmara

CPI irá investigar denúncias que vieram à tona na Operação Penalidade Máxima. Nova reunião é prevista para o dia 23 de maio

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A CPI da Manipulação de Resultados teve seu primeiro passo nesta quarta-feira (17) na Câmara dos Deputados. A instalação foi anunciada em virtude das proporções das denúncias da Operação Penalidade Máxima, conduzida pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), que investiga uma suspeita de fraude de resultados e lances em partidas no futebol nacional.

A Comissão Parlamentar de Inquérito terá 34 titulares e 34 suplentes. Entre os deputados federais, estarão figuras do esporte, como Maurício do Vôlei (PL-MG), ex-jogador da Seleção Brasileira, e Eduardo Bandeira de Mello (PSB-RJ), que foi mandatário do Flamengo entre 2013 e 2018.

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Relator da CPI, o deputado Felipe Carreras (PSB-PE) traçou ao LANCE! um panorama de quem deve ser ouvido durante as sessões na CPI.

- Temos de avaliar a fundo. Este é o maior escândalo da história do futebol brasileiro - afirmou o deputado, completando:

- Pediremos auxílio à Polícia Federal e às áreas de segurança e também ouviremos a CBF, entidade máxima do futebol nacional, além de árbitros, jogadores que foram afastados... Naturalmente, temos de parabenizar a iniciativa do MP-GO por esse trabalho sério. Pretendemos nos cercar de pessoas competentes para investigar tudo o que está acontecendo em relação a esse esquema - concluiu.

Além de relator da CPI, Felipe Carreras é autor do requerimento para a abertura da comissão que terá como presidente o deputado Júlio Arcoverde (PP-PI). André Figueiredo (PDT-CE), Daniel Agrobom (PL-GO) e Ricardo Silva (PSD-SP) foram designados vice-presidentes.

Há previsão de que representantes de casas de apostas também sejam ouvidos.

- Sem dúvida. A situação vem acontecendo nessas casas e não há uma regulamentação muito clara no Brasil para dar agilidade à Justiça em casos como estes - destacou.

Na investigação do MP, as casas de apostas são consideradas vítimas. Ao L!, os representantes do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável e da Associação Nacional de Jogos e Loterias manifestaram-se favoráveis à regulamentação para o setor e repudiaram a manipulação de resultados (clique aqui e veja os detalhes).

O deputado Felipe Carreras (PSB-PE) reforçou que a falta da regulamentação para as casas de apostas prejudica a investigação nas manipulações de resultados.

- No próprio estatuto, não há um artigo que criminalize uma cobrança de lateral feita para favorecer alguém, ou um escanteio cedido de propósito. Também não tem um cartão amarelo, vermelho ou um pênalti. No máximo há um crime em relação a combinações de resultados. A regulamentação da casa de apostas será importante para regulamentar essas questões - afirmou.

No dia 23 de maio, haverá nova reunião para que sejam apresentados o plano de trabalho e a aprovação dos primeiros requerimentos. A previsão é de que os depoimentos durem 120 dias. Ao final, será elaborado relatório com as conclusões da CPI ao Ministério Público ou à Advocacia-Geral da União, com objetivo de que promovam a responsabilidade civil e criminal dos infratores ou haja adoção de outras medidas legais.

ENTENDA O CASO

A investigação sobre suspeita de manipulação de resultados teve início em novembro do ano passado. O mandatário do Vila Nova, Jorge Hugo Bravo, descobriu que jogadores do clube vinham sendo aliciados por um grupo de apostadores antes da partida contra o Sport pela Série B. O dirigente juntou provas da tentativa de manipulação e procurou os promotores que combatem o crime organizado no estado.

Oficial da Polícia Militar, Jorge Hugo Bravo descobriu que o atleta Marcos Vinícius Alves Barreira, apelidado de Romário, tinha sido aliciado. Como o jogador não foi escalado, tentou induzir algum companheiro de time a levar um cartão vermelho ou cometer um pênalti no seu lugar. O valor combinado, segundo depoimento de Romário, era de R$ 150 mil, com uma "entrada" de R$ 10 mil, conforme vídeo de seu depoimento divulgado no programa dominical "Fantástico", da Rede Globo. Entre os vídeos, há ameaças de um integrante do esquema ao zagueiro Eduardo Bauermann, do Santos.

A investigação apontou que houve manipulações em jogos das Séries A e B do Brasileirão de 2022 e em partidas de Estaduais. O grupo pagava para que jogadores fizessem determinadas ações, como receber cartões amarelo e vermelho ou cometer pênaltis. Em paralelo, os integrantes apostavam em sites do ramo que esses lances ocorreriam durante os jogos e conseguiam lucros.

Há estimativas de que o grupo “investiu” R$ 8430,00 e somou ganhos de R$ 730.616,00. O MP-GO continuará a apurar o caso e não descarta que ocorreram manipulações de resultados em outros jogos de futebol. A Operação Penalidade Máxima está em sua segunda fase.

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