No Dia das Bruxas, Amaral relembra tempos de coveiro: ‘Maracanã não é nada perto do cemitério’
Em conversa com o LANCE!, ex-jogador falou sobre período em que trabalhou em uma funerária, histórias de Halloween e situações curiosas na carreira no futebol
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Poucos jogadores colecionaram tantas aventuras dentro e fora dos gramados como o ex-volante Amaral. Dos tempos em que trabalhou como coveiro até a desavença com Luxemburgo, já como atleta profissional, o ex-Palmeiras, Corinthians e Vasco é um manancial de boas histórias e títulos. Em conversa exclusiva com o LANCE!, ele falou sobre o período em que foi funcionário de uma funerária, histórias ligadas ao Dia das Bruxas (Halloween) e sua relação com o futebol.
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Antes de iniciar sua carreira nos gramados, Amaral foi responsável pela jardinagem de um cemitério. Ele também era incumbido de arrumar, maquiar e vestir os defuntos. Quando despontou no Palmeiras, esse passado veio à tona e o atleta ganhou o apelido de "Coveiro".
Perguntado sobre qual gramado mais tremeu na vida, o do cemitério ou o do Maracanã em um clássico, o ex-volante não hesitou em admitir que sentia medo no trabalho em funerária e compartilhou uma história peculiar.
- Foi no cemitério, porque eu nunca tinha entrado em um cemitério de grama. Uma vez, eu estava andando lá e tinha um concreto. Acabei tropeçando e cai dentro da cova. Ai eu tremi, porque ninguém tinha me empurrado, então como isso poderia ter acontecido. O Maracanã não é nada perto do cemitério - confessou.
No espírito do Dia das Bruxas e Dia dos Mortos, Amaral relatou uma brincadeira que fazia no Halloween quando era mais novo.
- Quando eu era moleque, em Capivari, e era dia de Halloween, a gente roubava abóboras. Algumas pessoas tinham condição financeira muito grande na minha cidade, elas enfeitavam e colocavam as abóboras na porta da casa. A gente pegava e levava para casa. Aí a minha mãe perguntava “Como você trouxe essa abóbora parecendo uma caveira?”, e eu falava que era uma abóbora moderna. E depois a gente fazia doce de abóbora com ela - revelou.
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Pouco antes de sua aposentadoria, surgiu uma história de que ele abriria um "Cemitério dos Craques". O ex-atleta ressaltou que se tratava apenas de uma brincadeira e nunca se importou com o que faria após pendurar as chuteiras, o que só ocorreu em abril de 2015, quando deixou o Capivariano, time de sua cidade natal.
- Isso foi uma brincadeira que todos os jogadores que morressem seriam enterrados no meu cemitério. Seria o “Cemitério da Bola”. que teria uma trave e um vestiário. Quem quisesse ficar no vestiário, ficava lá, e quem quisesse ir pro gramado, ia ficar lá (risos). Mas foi uma brincadeira, e na época, eu nunca tinha pensado “o que fazer quando eu parar?”. Eu deixo a vida me levar - admitiu.
Dentro de campo, Amaral era um jogador que não se deixava intimidar. O ex-volante brincou e disse ser o jogador mais assustador que já viu, mas falou sério sobre os dois jogadores mais difíceis que já enfrentou.
- Eu era um cara muito manso, mais tranquilo. A pessoa mais difícil que eu já tive que marcar não foi o Romário, por causa daquele elástico, e sim o Dener, da Portuguesa, e o Zidane, mas quem já trabalhou na funerária não vai ter medo de gente viva.
Ele também abriu o jogo e falou que jamais sentiu medo de nenhuma torcida, revelando um de seus adversários mais incômodos.
- Eu nunca tive medo de qualquer torcida ou torcedor, pois nunca desrespeitei ninguém. Mas um time difícil de jogar, era o Boca Juniors, porque a torcida fica muito próxima do campo. Mas não dava medo, e sim uma pressão. Quando eu comecei a jogar futebol, pela dificuldade que eu passei na minha vida, acho que Deus foi me lapidando. De você passar fome, não ter o que comer, e isso foi um alicerce, para quando eu chegasse no Rio de Janeiro, jogar com 60, 70 mil pessoas, não tremesse.
Na visão dele, não é possível apontar uma torcida no Brasil que deixe de incentivar, cantar e apoiar os jogadores e o time. Ele ainda ressaltou a força da torcida em países como Turquia e Indonésia.
- Acho que hoje todas as torcidas gritam e tem o seu momento eufórico. Não posso dizer que determinada torcida é “morta”. Na Turquia por exemplo, é impressionante como eles são fanáticos por futebol. Joguei na Indonésia e a torcida lá é piada, muita pressão. Todo jogo era 40 mil pessoas, e as pessoas não falam do futebol indonésio - afirmou.
E se tem atleta que treme em jogo grande, Amaral não se encaixa nesse perfil. Para um jogador que já esteve nos dois lados do Dérbi paulista entre Palmeiras e Corinthians, clássico com a torcida empurrando é a melhor ocasião para jogar bola.
- Eu gostava de jogo grande. Quando estava no Palmeiras, gostava de jogar contra o Corinthians, e o mesmo quando joguei no Corinthians. Eu gosto de torcida, de gritar. Quanto mais gritavam, mais eu corria, independente do lugar - finalizou Amaral.
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