‘A gente precisa de uma mulher narradora’, destaca Vanessa Riche
"Narra quem sabe", da Fox Sports, procura mulheres para narrar jogos da Copa do Mundo. Seleção acontece até o próximo domingo, 18; Ao L!, Vanessa Riche fala sobre o projeto
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A transmissão da Copa do Mundo de 2018 estará mais femininas na emissora de TV fechada Fox Sports. Isso porque a emissora está selecionando três narradoras para fazer parte do time de transmissão do canal. Para ajudar as interessada, o canal montou uma cabine de transmissão em um shopping, na Zona Oeste do Rio de Janeiro e lá, as candidatas podem sentir o clima da transmissão e gravar seu vídeo para participar do processo seletivo.
O LANCE! foi ao shopping conhecer a cabine e conversar com a líder e curadora do projeto, a jornalista Vanessa Riche, que nos contou um pouco sobre a repercussão da ação:
― Fiquei muito surpresa com o que tá chegando de material. Só ontem (segunda-feira 12/3) assisti 70 videos. Fiquei muito impressionada com a diferença, com os sotaques, com a maneira de narrar. A mulher é mais detalhista que os homens, né. ― destacou Vanessa ― Acho que num primeiro momento eu convidei essas mulheres e consegui encorajá-las. Aqui na cabine eu recebi muitas mulheres com filhos pequenos. A criança ficava do lado de fora brincando ou no carrinho e a mãe lá dentro narrando ― contou.
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O processo seletivo está disponível para mulheres de todo o Brasil e não é necessário possuir experiência em narração. Nem mesmo em jornalismo ou áreas correlatas. Qualquer mulher a partir dos 18 anos pode enviar seu vídeo ou áudio de narração.
― A gente vai revolucionar nessa copa podendo oferecer uma cobertura diferenciada. Podendo ter um canal onde tem mulheres narrando jogos do Brasil a semifinal e a final. O olhar da mulher realmente é mais detalhista, é diferenciado. A mulher tem uma emoção que é dela, que está dentro dela. Ela vê e lê o jogo de uma forma diferente. ― comentou a curadora do projeto ― Hoje a gente tem um movimento muito grande de mulheres levando seus filhos para os estádios. Mulheres como árbitras, bandeiras, repórteres apresentadoras, a gente precisa de uma mulher narradora.
Durante o papo, Vanessa contou que além das narradoras que estão sendo selecionadas, o Fox Sports 2 vai ter mais da presença feminina em mesas redondas, programas e transmissões. Vanessa revelou também, que as mulheres selecionadas para a narração da Fox Sports vão narrar os jogos do Brasil, semifinais e a final da competição.
Seis candidatas serão selecionadas e levadas para um treinamento intensivo durante um mês e meio. Neste treinamento, as candidatas receberão palestas com grandes nomes do futebol e do jornalismo esportivo, como Carlos Alberto Parreira, Paulo Vinícius Coelho, o PVC, e até mesmo um papo com a equipe do Tite. Após esse treinamento, as três melhores candidatas serão escolhidas para o desafio de narrar jogos da Copa do Mundo:
― Isso vai ser um movimento interessante. Poder assistir uma Copa do Mundo com um olhar diferente. Pra mim foi um presente! ―contou Vanessa
Vanessa acredita que uma nova referência pode surgir desse projeto, afinal, hoje, as referências são apenas homens. A profissional entende que um novo mercado vai se abrir com a inserção de mulheres na narração e que será um trabalho muito árduo dar conta dos talentos:
― Acho que a gente vai ter um problema bom depois que acabar essa seleção. Vamos ter 3 meninas muito boas nas mãos. Fora as outras que precisavam ser encorajadas ou mais treinadas para alcançar. Essa oportunidade é única. Eu fico muito feliz de poder estar a frente de um projeto desses, um projeto inovador ― comentou Vanessa ― Eu sinto que essas mulheres, só de vir aqui na cabine - que é mais difícil do que fazer em casa - elas já estão mostrando que não existem barreiras. Já tem uma coragem natural delas. Isso é maravilhoso. Acho que é o maior presente. ― completou.
“Cada uma faz do seu jeito. E ali, quando você imprime o seu jeito na narração, é a sua marca que está ali estampada”, destaca Vanessa Riche
O processo ainda está aberto e acontece até o dia 18 de março, as interessadas podem enviar suas gravações por e-mail ou participar da cabine montada Barra Shopping. Vanessa conta que já tem algumas narrações que se destacaram, mas sem nomes, a profissional não dá muitos detalhes:
― Tem uma menina que gosta muito de futebol, entende pois assiste e joga. É muito interessante pois ela tem o conhecimento, mas não tem a técnica ― contou ― Uma delas que achei muito interessante, ela narrou ‘cadê o goleiro? cadê o goleiro? Tá ali, foi na padaria comprar pão’, no momento do gol. Cada uma faz do seu jeito. E ali, quando você imprime o seu jeito na narração é a sua marca que está ali estampada. ― completou.
Por ser uma ação pioneira, no Brasil, Vanessa fala sobre as curiosidades e diferenças que podemos ver nas narrações. Diversos sotaques, formas diferentes de narrar:
― Eu acho curioso pois, sem dúvida, não vamos ter mulheres que narram como homens e sim, mulheres que narram como mulheres. Elas não vão estar imitando. Como não existe referência, é bom, por um lado, pois elas não vão imitar ninguém. Você vai fazer o que acha que é o mais próximo do correto, o que é bom de ouvir. ― comentou ― Eu acho que a gente vai ter três perfis completamente diferentes. Quero muito que sejam de cidades diferentes que tragam culturas diferentes do Brasil. Nosso país é tão rico culturalmente que acho que elas vão trazer um jeito de olhar e uma maneira de falar muito diferente e isso vai ser maravilhoso. ― finalizou.
Após o papo com o LANCE!, chegou uma candidata para a participar na cabine. O curioso é que esta candidata havia sido citada por Vanessa como uma das narrações que chamou a atenção. O L! assistiu à narração da jovem e bateu um papo com ela também. Karen Carvalho, 26, é educadora física, apaixonada por futebol e decidiu participar do processo seletivo e conta que descobriu por acaso:
“Os homens mandam bem, mas as mulheres também têm potencial de estar ali no mesmo patamar”, destaca Karen Carvalho
― Foi muita sorte. Eu passei e vi escrito ‘Fox Sports’ e li narradoras, ao invés de narradores. Achei interessante, falei com eles e fui bem recebida, então eu fiz. Fiz duas vezes, mas hoje (terça-feira) vim ao cinema e decidi fazer de novo. ― explicou Karen, que em seguida, disse o que achou da ação ― É importante para agregar mais ao esporte. Os homens mandam bem, mas as mulheres também têm potencial de estar ali no mesmo patamar de um homem, narrando jogo e fazendo matérias esportivas.
Karen mostrou facilidade na narração e ganhou dicas e elogios de Vanessa Riche, que à acompanhou na cabine. A jovem joga futebol desde muito nova e hoje, disputa campeonatos por uma equipe não credenciada. A candidata contou também que tinha o sonho de ser jogadora da Seleção e já pensou até mesmo em fazer jornalismo esportivo, mas revela que a narração foi uma surpresa:
― Não pensei em narrar futebol, mas já pensei em comentar jogos de futebol. Narrar foi algo bem peculiar ― confessou a jovem ― Se eu conseguir, vou entrar de cabeça, fazer o melhor que eu posso e curtir também. Me divertir muito.
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