A presença feminina tem se tornado cada vez mais constante no jornalismo esportivo. Esse movimento dá importância porque tradicionalmente esta área foi majoritariamente exercida por homens. Contudo, essa mudança de realidade é vista nas mídias sociais dos quatro grandes do Rio. No Dia Internacional da Mulher, o LANCE!, neste especial do FORA DE CAMPO, traz um pouquinho de cada uma dessas craques da comunicação.
Com quase 5 anos de Flu, Cláudia Magalhães é uma das principais jornalistas do Tricolor, a história de amor com o Fluminense se entrelaçou com a profissão de jornalista. Mesmo trabalhando no clube de coração ele entende que é necessário ter o profissionalismo acima do sentimento:
"É sempre uma responsabilidade muito grande, principalmente no futebol, porque sabemos que o futebol é passional"
- Cláudia Magalhães, repórter da FluTV
- É uma responsabilidade muito grande, porque reportar algo para alguém, ser a condutora da notícia, é sempre uma responsabilidade muito grande, principalmente relacionado a futebol, porque sabemos que o futebol é passional, então é preciso ter muito cuidado e o Flu me dá essa liberdade - conta Cláudia.
A jornalista comenta sobre a importância da representatividade no jornalismo feminino para que mais portas sejam abertas para outras profissionais.
Não se faz nada sozinha, se hoje eu estou ali é porque outras mulheres abriram portas anteriormente. Assim como eu de repente esteja abrindo portas para mulheres que vão chegar agora, e assim vamos indo sem desanimar - destacou ou a tricolor
Uma destas que abriram portas para as demais colegas foi Vanessa Riche, a jornalista que conta com passagens pelo Grupo Globo e Fox Sports que somam mais de 20 anos em televisão. Em 2018, Riche cuidou pessoalmente do projeto "Narra quem Sabe", que foi um sucesso, revelando ao mercado nomes que hoje estão na Globo e na Band, por exemplo. A jornalista foi a responsável por selecionar as seis candidatas que receberam treinamento especial e intensivo na sede da extinta Fox Sports.
- Era um projeto inovador que ia levar ao ar pela primeira vez na história da televisão mulheres narrando uma Copa do Mundo, narradores em média levam 10 anos para chegar a uma copa elas iam chegar narrando a Copa. Era uma missão porque eu não sabia se ia ter material humano para isso, e 300 mulheres se inscreveram e foi fantástico. Treinei seis, e três delas ficaram lá, e hoje todas essas meninas estão trabalhando. É um trabalho de formiguinha, a gente ainda enfrenta muito preconceito, tem uma longa estrada pela frente, não é um processo fácil, mas vamos aos poucos com conteúdo e qualidade apresentando cada uma dessas mulheres que são completamente capazes de fazer o que elas fazem - comentou a jornalista.
"No Narra Quem Sabe, 300 mulheres se inscreveram e foi fantástico. Treinei seis, e três delas ficaram lá, e hoje todas essas meninas estão trabalhando. É um trabalho de formiguinha, a gente ainda enfrenta muito preconceito"
- Vanessa Riche, apresentadora da Vasco TV.
Desde 2021, Vanessa assumiu o papel de apresentadora na Vasco TV para comandar atrações no canal do clube nas mídias digitais. Depois de uma carreira de sucesso e consolidada, a jornalista foi atuar no time de coração. Mas conta dos outros dilemas que trabalhar nesta função:
- Nem nos meus melhores sonhos eu imaginava trabalhar no Vasco (...) mas o torcedor ainda não tem essa cultura de que você tem alguém trabalhando na TV do seu clube e que só pode falar do Vasco. Não é o meu caso, trabalho em outros veículos de comunicação (...) posso parabenizar conquistas de outros clubes e isso não me faz ser menos Vasco - relatou Vanessa
Muitas barreiras ainda precisam ser superadas para que mais mulheres estejam transitando neste espaço do futebol, e uma maior valorização do trabalho realizado por estas profissionais. Atualmente repórter da TV Botafogo, Júlia Camacho criou uma página - Botapress- voltada para o futebol do Botafogo, mas deu enfoque para o futebol feminino do clube de coração.
"Acredito muito que esse meu trabalho bem feito pode ter refletido no Botafogo. Sempre tive o foco de trabalhar no meu time de coração"
- Júlia Camacho, repórter da TV Botafogo.
- Fizemos um Campeonato Brasileiro muito bom da A2 e o Botapress cresceu muito por conta disso, e acredito muito que esse meu trabalho bem feito pode ter refletido no Botafogo. Está sendo a realização de um sonho porque foi o Botafogo que me fez querer cursar jornalismo, então sempre tive o foco de trabalhar no meu time de coração - revela a alvinegra.
Júlia explica como a presença de mais profissionais de comunicação mulheres tem refletido positivamente na expansão do futebol feminino nacional:
- Com certeza a figura da mulher no jornalismo esportivo coopera para esse crescimento (no futebol feminino), é uma forma da gente se expressar sobre este assunto, da gente demonstrar nossa satisfação com essa modalidade e dando visibilidade que elas (atletas) tanto merecem - explica a repórter.
- A repórter do clube muitas vezes é uma ponte de informações entre a torcida e o time. É assim que encara diariamente a jornalista da Fla TV Julia Corson, ela relata como é viver esta rotina de relação entre o time a uma “nação” de torcedores:
- Semanalmente tenho a oportunidade de dividir com a Nação histórias de torcedores que emocionam a todos. Histórias que muitas vezes ficam “escondidas” na torcida, acabam passando batido, e com o programa “Flamengo Além do Esporte “ posso dar voz a muitos personagens incríveis com histórias de vida e com o Flamengo que promovem lágrimas e diferentes emoções até pra quem não é rubro-negro.
Julia fala do crescimento da presença das mulheres no esporte, e como isso serve de suporte para impulsionar outras que estão batalhando neste meio:
"A mulherada conquistando esse espaço nos esportes - e no futebol - é ver que temos possibilidade de realizar nossos sonhos quanto os homens"
- Julia Corson, repórter da FlaTV.
- Acho que a presença das mulheres em campo é fundamental. Desde que comecei a trabalhar com futebol sempre fiquei muito feliz em esbarrar com outras mulheres nas reportagens - e em outros setores também, assessorias e comunicação em geral. Essa representatividade é essencial para conquistarmos nosso espaço cada dia mais. A mulherada conquistando esse espaço nos esportes - e principalmente no futebol - é ver que temos tanta possibilidade de realizar nossos sonhos quanto os homens. Claro que essa igualdade ainda está longe de ser atingida, mas acredito que estamos cada dia mais perto disso.
*Estagiário, sob a supervisão de Ricardo Guimarães.