Marido de Walewska quebra silêncio sobre morte da ex-jogadora
Ricardo Mendes e Walewska foram casados por 20 anos, mas viviam momento de crise
Três dias após a morte de Walewska Oliveira, o marido da ex-jogadora, Ricardo Mendes, falou pela primeira vez sobre o caso. Em entrevista ao "UOL", Ricardo desabafou sobre o acidente e contou como está se sentindo após a perda da companheira.
- Por todo o amor que eu tenho por ela, se eu soubesse que ela iria tomar essa decisão, eu anularia minha vida e os meus sentimentos para continuar com ela. - afirmou o marido.
Na sequência, Ricardo explicou o motivo de não ter feito nenhum pronunciamento nos últimos dias e o porque de não ter participado do velório de Walewska.
- Me tiraram o direito de me despedir do amor da minha vida. Estava com o bilhete aéreo emitido, um amigo da família disse que os pais dela orientaram eu não ir, até para preservar a todos pelo clima da tragédia. - disse, em versão que é contestada pela família.
Em relação a não ter participado da organização do funeral e não ter ajudado na liberação do corpo em São Paulo, o ex-marido de Wal diz que não foi acionado para tratar dos assuntos.
- Ninguém ligou para falar de valores. Pretendo restituir tudo. Não tive condições psicológicas de reconhecer o amor da minha vida, que está morta. - completou Ricardo
Sobre a relação com o cunhado, Ricardo contou que tinham pouco contato e não eram próximos.
- A primeira vez que conheci o Wesley (irmão de Wal) foi em Curitiba, há 19 anos. Ali, já senti que gerou um ciúme normal de irmão. Logo em seguida fomos morar no exterior e lá ficamos por 7 anos consecutivos. Ele (Wesley) não teve a chance de me conhecer melhor. Todas as vitórias e conquistas, eu estava ao lado da Wal. Acredito que isso só aumentou o ciúme que ele tinha da irmã. - falou
O ex-marido ainda falou que na véspera do ocorrido ele e Walewska tiveram uma discussão sobre o relacionamento. O casal já não vivia um bom momento e estava em processo de separação. No entanto, de acordo com Ricardo Mendes, não houve ameaças ou agressões.
- Ela me questionou que eu estava estranho e distante, eu respondi que não dava pra continuar onde não havia mais amor entre homem e mulher. Ela ficou introspectiva, ficou quieta e fomos dormir. A gente se amava, eu esperava ela aceitar a separação numa boa. - contou
Ricardo é preparador físico e personal trainer. Ele e Walewska se conheceram há 20 anos, por intermédio da ex-jogadora Virna.
- Convivemos por 20 anos, mas nos últimos dois não era mais o mesmo amor. Muitas vezes me anulei, mas fiz por ela. - comentou
DIA DO DESASTRE
- Cheguei em casa depois de um dia intenso de trabalho, não sabia que a Wal já tinha chegado. O interfone tocou, eu não atendi. Depois vieram as mensagens pelo WhatsApp do grupo do condomínio, até que a gestora tocou a campainha da minha casa para me avisar da tragédia. Meu chão abriu e eu desmoronei. - sobre como ele soube do incidente.
SAÚDE MENTAL DE WALEWSKA
Ao ser perguntado sobre uma suposta tentativa de suicídio de Wal há três anos, Ricardo contou que alertou os pais da campeã olímpica sobre a preoucupação com a saúde mental da ex-jogadora.
- Ela nunca disse que tiraria a própria vida. Ela me disse que estava passando por muitas coisas na vida dela, que até pensou em 'fazer uma besteira'. Foi aí que percebi que ela já não estava tão forte como sempre foi. Me lembro da Wal ter ficado brava e chateada comigo, e que eu não tinha o direito de falar sobre isso com os pais dela. Eu não tive alternativa. - explicou
Segundo o marido, Walewska tinha entrado na terapia há um ano e que não sabe dizer o que pode ter gerado o gatilho para o incidente trágico.
- Uma vez ela disse para mim: posso perder dinheiro, posso perder status, mas não posso perder você. Esse poder de posse sempre me preocupou. Por isso, de uns três anos pra cá, sempre tive compaixão e cuidado, justamente preocupado com a reação dela. Tentei levar e administrar a crise. - completou
A ex-central faleceu na quinta-feira (21), aos 43 anos, ao cair do 17° andar do prédio onde vivia com o marido, em São Paulo (SP). A mineira defendeu a seleção brasileira de vôlei por dez anos e conquistou a medalha de ouro nos Jogos de Pequim, em 2008, mesmo ano em que foi eleita a melhor bloqueadora do mundo no Grand Prix. Ela também integrou a equipe que foi bronze nas Olimpíadas de Sydney, em 2000.
Na manhã de sexta-feira (22), a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo divulgou o boletim de ocorrência da morte de Walewska. Segundo o documento, expedido pelo 78º Distrito Policial, no Jardins, bairro da capital paulista, a polícia investiga todas as possibilidades de causa da morte.