Mauro Cezar discorda de declaração de José Boto em primeira coletiva no Flamengo
Diretor técnico concedeu entrevista na última segunda (30)
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Recém-chegado ao Flamengo, o diretor técnico José Boto concedeu a primeira coletiva no clube na última segunda-feira (30). Através das redes sociais, o jornalista Mauro Cezar Pereira elogiou as respostas do dirigente, mas criticou uma declaração do português sobre o Brasil "imitar" a Europa no trabalho nas categorias de base.
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- José Boto foi bem preparado, devidamente orientado para a coletiva. E se saiu bem na “estreia”. Só discordo dessa história de “imitar europeus” atrapalhou o futebol brasileiro. A defasagem aqui é enorme, em relação à Europa especialmente. A maior prova disso é que depois de técnicos, temos diretor de futebol estrangeiro por aqui. Ele mesmo, Boto - começou Mauro.
- Há uma diferença entre jogar bola e jogar futebol. “Ah, mas os técnicos da base tiram a liberdade do jogador que quer driblar”, dizem. Tiram? Talvez em alguns casos, sim, mas não venham generalizar. Tudo depende do contexto. Driblar em que setor do campo? Em que momento do jogo? Se quiser jogar futebol, tem que saber onde, em que parte do gramado e quando utilizar o recurso. E por aí vai. Desde novos todos precisam aprender domínio, passe, posicionamento, saída de bola, pressão na saída de bola adversária, etc. O drible, a jogada individual é o recurso natural que o jovem precisa saber usar, como, quando e onde. Assim serão formados jogadores, assim se prepara um jovem para que se torne jogador de futebol, não de football freestyle - completou.
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José Boto tem 58 anos e é um dos dirigentes portugueses mais influentes na Europa nos últimos anos. No Benfica, foi chefe de scouts entre 2010 e 2018 e chegou a trabalhar ao lado do técnico Jorge Jesus, que viria a se tornar ídolo rubro-negro. Em sua passagem no clube português, ele descobriu nomes como os volantes Axel Witsel e Matic, o zagueiro Lindelof, o goleiro Oblak e o atacante Luka Jovic.
Declaração completa de Boto sobre o assunto
"A base é minha área. É algo que vou me orgulhar. Temos que criar esse DNA, jogadores talentosos e, ao mesmo tempo, responsáveis. Conheço bem o Brasil, no Shakhtar tínhamos 14 brasileiros, buscamos jogadores que nem sequer tinham jogado Série A e em alguns meses estavam jogando Champions. Aqui no Brasil se foi buscar muita coisa ruim que se faz na Europa. Na Europa viemos aqui para buscar coisas boas que vocês faziam na base"
"No futebol profissional, a chegada de técnicos estrangeiros deu mais rigor tático ao jogo, mas replicar na base é um erro tremendo. Vocês são os maiores produtores de jogadores de todos os tempos. Romário, Ronaldinho, Zico, não parava aqui. Parece que querem fazer jogadores como na Europa. Isso é um erro. Há que voltar um pouco atrás ao que foram os reis e fundamentos do futebol brasileiro, dar essa liberdade aos jovens atletas de errarem, experimentarem, de não estarem agarrados em sistemas táticos. Depois vão ter tempo para isso. Isso muda a forma que se forma jogadores no Brasil. Vocês estavam bem, foram copiar a Europa e neste momento estão mal. Não produzem tanto talento quanto há 10, 30 anos. Isso é algo que teremos que mudar aqui. Vamos ter que continuar como faziam antes"
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