Ao L!, médicos explicam condição que fez LaMarcus Aldridge se aposentar do basquete
Ala dos Brooklyn Nets se aposentou após 15 anos na NBA depois de relatar uma arritmia cardíaca
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Os fãs da NBA foram surpreendidos por uma notícia desanimadora na quinta-feira, o ala-pivô LaMarcus Aldridge anunciou sua aposentadoria imediata das quadras após uma crise de arritmia cardíaca na partida entre os Brooklyn Nets e os Los Angeles Lakers da última segunda-feira. O atleta de 35 anos tomou a decisão de pendurar seu uniforme após passar por um dos momentos "mais assustadores que já viveu". O LANCE! entrou em contato com dois médicos cardiologistas para entender o porquê da escolha do ex-jogador e os perigos da condição.
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- Arritmia cardíaca é uma condição caracterizada pela falta de ritmo nos batimentos do coração. Ela pode ser um sintoma de algum problema que pode ser físico, psicológico, ou um desequilíbrio do próprio órgão. Existem dois tipos, as taquicardias, que é quando o coração o ritmo do coração é acelerado, e as bradicardias, quando o ritmo é lento. Ambas podem se agravar e levar ao colapso do coração - explicou a doutora Margarete Henriques, especializada em cardiologia pelo Hospital do Coração, em São Paulo.
A doutora explica que as arritmias cardíacas podem se desenvolver em uma pessoa por diferentes motivos, como o uso excessivo de bebidas alcoólicas, o sedentarismo, o sobrepeso, entre outros fatores de risco. Já em atletas de alto rendimento, aqueles que praticam esportes competitivos profissionalmente, o que costuma acontecer é o agravamento de uma condição pré-existente pelo esforço da rotina de treinos e competições, como conta o doutor Ricardo Alkmin Teixeira, presidente da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC).
- O mais comum é que o paciente tenha já alguma doença cardíaca do músculo do coração ou uma doença do sistema elétrico do coração congênita, nasceu com isso, como a cardiopatia hipertrófica [paredes do músculo do coração mais grossas]. Quando o paciente faz uma atividade física profissional, ele pode manifestar essa condição na forma de uma arritmia. A cardiopatia hipertrófica, por exemplo, é uma das principais causas de mortes súbitas de atletas no mundo - explicou o doutor Teixeira.
Para atletas com esta e outras doenças cardíacas, o exercício profissional funciona como um "gatilho" para a manifestação da arritmia. O presidente da SOBRAC também acrescentou que a recomendação nestes casos é que o paciente não pratique mais a atividade de alta performance, para diminuir o risco de uma fatalidade.
Ex-jogadores de futebol como Abel Braga, Renato Gaúcho e Muricy Ramalho, já sofreram com algum tipo de arritmia depois de suas aposentadorias. Neste caso, contudo, o surgimento da condição costuma acontecer pela mudança de hábitos de vida, e não pelo exercício de alta intensidade.
- Às vezes falam assim: "poxa, aquele ex-atleta tá com 60 e tanto anos e tá tendo arritmia agora, será que é consequência da atividade física?" Provavelmente não, provavelmente é porque ele mudou seu hábito de vida, ganhou peso, envelheceu, tá tomando cerveja e vinho todo dia, comendo muita gordura, fritura, e aí ele tá gerando aqueles fatores de risco que a gente bem conhece e que atacam o sistema cardiovascular - explicou o doutor Teixeira.
"O atleta não deve manter a sua atividade física de alto rendimento pois pode levar até a morte" - dra. Margarete Henriques
A arritmia cardíaca pode ser tratada mas depende do tipo de condição do atleta. O ex-jogador e técnico Abel Braga, por exemplo, passou por uma cirurgia de "ablação por catéter", que o curou da arritmia do treinador. Abel teve uma condição conhecida como "flutter arterial", causada por um "curto cicuito" no sistema elétrico do coração. O processo, contudo, não pode ser usado em qualquer caso.
- O tratamento da arritmia cardíaca vai depender da gravidade dos sintomas e se está associado ou não a outras doenças. Se for uma arritmia benigna [sem perigo ao paciente], pode ser tratada com o uso de medicamentos para o controle da arritmia ou para tratar as doenças associadas, como pressão alta e diabetes. Agora, se a arritmia é malígna [com perigo ao paciente], e que as alterações não desaparecem com o esforço da prática do exercício físico, aí o atleta não deve manter a sua atividade física de alto rendimento pois pode levar até a morte - disse a doutora Margarete Henriques.
Aos 35 anos, o ala-pivô LaMarcus Aldridge anunciou a sua aposentadoria das quadras. A notícia repentina foi divulgada pelo próprio atleta, em um comunicado em suas redes sociais, na manhã da quinta-feira.
Contratado há menos de um mês pelo Brooklyn Nets, Aldridge revelou que fez a sua última partida na NBA, no dia 10 de abril, enquanto lidava com uma arritmia cardíaca. Segundo o jogador, esse problema de saúde foi uma das coisas mais assustadoras que já passou na vida, o que motivou a sua decisão de encerrar a carreira.
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