Neto admite que já foi comunista e fala o momento exato no qual decidiu se aposentar
Ex-jogador relembra sua trajetória na Venezuela, com idas tristes ao mercado, a luta do povo por liberdade de expressão e sobre a decisão de sua aposentadoria dos gramados
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Neto construiu sua fama no futebol jogando em terras tupiniquins. Contudo, há uma parte da carreira dele que poucos conhecem. No podcast "Fernet Bola", o apresentador do programa Donos da Bola, da Band, revelou já ter sido comunista, contou sobre sua experiência na Venezuela, onde jogou pelo Italchacao, e ainda revelou o momento exato quando decidiu se aposentar.
- Foram oito meses lá. Foi um tempo de muito aprendizado, porque muito tempo da minha vida eu achava que eu era comunista, de esquerda, isso uns quinze anos atrás. Porque eu achava que o comunismo era igual pra todo mundo, diferente do socialismo. Mas no fundo, o povo que é comunista, mas as pessoas que governam são capitalistas. Em todos os segmentos - confessou o Craque Neto.
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- Eu entendi que o povo se transforma em comunista, porque eles tem um apartamento ridículo, uma escola que é maravilhosa, mas todos os governantes, ditadores, são capitalistas. Você vai na casa dos caras e é mais bonita do que a do Bill Gates, que é um baita capitalista, do Steve Jobs, se a gente for pensar - completou o ex-atleta.
Antes de ser comprado pela Parmalat, na década de 90, o Italchacao se chamava Deportivo Italiano, e foi protagonista de um feito histórico, sendo a única equipe venezuelana, até hoje, a conseguiu vencer uma equipe brasileira no Brasil. O feito aconteceu em 1971, contra o Fluminense, na Libertadores.
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- Eu fui pra lá porque a parceria era com o Etti Jundiaí, que era Parmalat. Aí o pessoal pediu pra eu ir pra lá pra, disputar a Pré-Libertadores na Venezuela. No começo eu fiquei meio indeciso, porque o futebol lá é a última coisa - responde ele sobre ter ido para a Venezuela.
- Eu assistia "charla", as palestras, né? E só tem coisas do governo, então fui me aprofundar sobre tudo isso, não só jogar futebol lá. Entender o comunismo e o amor que o pobre tem pelo Chávez e que ficou um pouco com o Maduro. Então eu vi a dificuldade das pessoas no supermercado, de não terem dinheiro pra comprar 1kg de carne, não terem a condição de comprar arroz, batata. Eu ia no mercado fazer compra porque ninguém me conhecia lá, ninguém sabia o que era futebol - revelou Neto.
Ainda sobre as condições sociais no país vizinho, Neto elogiou o comportamento do povo.
- O que mais me deixou impressionado foi como as pessoas tinham o entendimento de sair pra rua pra reivindicar sua liberdade de expressão. Foi muito legal ter morado na Venezuela, mas eu vi muita pobreza e muito desconforto social - afirmou.
Na entrevista, o ex-camisa 10 do Corinthians revelou que decidiu se aposentar após uma cobrança de falta pelo Italchacao.
- História legal que passei lá, desenvolvi muito a parte cultural. De profissional não trouxe nada, eu joguei muito pouco lá. Eu encerrei minha carreira por lá. Eu fui jogar contra o América-MEX, que jogava o Blanco, e fui bater uma falta. Quando eu bati, o goleiro encaixou a bola. Aí, na mesma noite, eu falei pra minha ex-mulher "pode arrumar a mala que eu parei de jogar futebol". Quando eu vi que não consegui fazer o que eu tinha de melhor, que era a bola parada, com o goleiro encaixando uma bola na Pré-Liberadores, eu falei "opa, minha carreira acabou" - revelou o Craque Neto.
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