Organização feminista condena absolvição de Daniel Alves: ‘Desserviço’
Ex-jogador foi condenado por estupro em 2022, mas sentença foi anulada

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Daniel Alves foi absolvido nesta sexta-feira (28), após mais de dois anos de acusação de abuso sexual. Antes condenado por estupro, o ex-jogador teve a sentença anulada pela Justiça da Espanha por insuficiência de provas. O cenário gerou revolta nas redes sociais e a "Direto dela", organização feminista, se pronunciou oficialmente contra a decisão da corte.
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Em uma carta aberta, a organização condenou a postura do tribunal espanhol. Para a instituição, a anulação da condenação foi um desserviço para os direitos das mulheres. Em argumentação sobre o caso, a "Direto Dela" citou algumas provas conclusivas do processo do jogador.
Nota oficial da organização feminista
"O médico legista confirmou que havia sinais compatíveis com os de luta; havia sêmen de Daniel alves no corpo da mulher; e ele mudou sua versão literalmente 5x. Nada disso foi suficiente.
A absolvição de Daniel Alves pela Justiça espanhola é um desserviço para todas as vítimas de violência sexual. Esse caso explicita, de forma cruel, todos os níveis de revitimização a que uma mulher é submetida ao denunciar um estupro.
A vítima, mesmo optando pelo anonimato, foi exposta pública e violentamente. A mãe do jogador revelou sua identidade, um ato que, por si só, já é uma forma de agressão psicológica e pressão social. Mas não parou por aí: a palavra da mulher foi sistematicamente desacreditada, inclusive pela própria Justiça, que, mesmo diante de um caso onde apenas duas pessoas estavam presentes - um homem e uma mulher -, optou por invalidar o relato da vítima e anular a sentença.
Não é apenas no Brasil que a palavra de um homem tem mais peso do que a de uma mulher. A absolvição de Daniel Alves na Espanha demonstra como o sistema de justiça, em qualquer lugar do mundo, se recusa a reconhecer a voz das vítimas de estupro como suficiente para condenar um agressor.
Esse é um caso emblemático porque reforça a narrativa contra a qual insistimos em lutar: a de que denunciar um estupro não adianta nada. O recado que essa decisão passa é claro: se nem um caso de grande repercussão, com uma sentença inicial embasada em evidências suficientes para uma condenação, foi levado a sério, como as mulheres anônimas podem confiar na Justiça?".
Daniel Alves absolvido
Daniel Alves foi acusado por uma mulher de abuso sexual. O episódio aconteceu em uma boate em Barcelona, em dezembro de 2022. A Câmara de Apelações do Tribunal de Justiça da Catalunha absolveu o ex-jogador ao concluir que o depoimento da jovem foi insuficiente para contrariar a presunção de inocência.
O veredito foi revertido diante da descrição inicial, já que mesmo as imagens das conversas entre os dois, flagradas pelas câmeras de segurança da boate, não foram suficientes para "destituir de credibilidade o relato de penetração vaginal não consentida". O tribunal considerou, também, que a primeira parte do depoimento da vítima não correspondeu às imagens das câmeras.
Daniel, portanto, está livre para deixar a Espanha. O atleta, detido no início das investigações, ficou preso por um ano e dois meses, mas pagou uma fiança de um milhão de euros (mais de R$ 6 milhões na cotação atual) e ganhou o direito de responder em liberdade condicional, ainda que não pudesse viajar para outros países.

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