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Zagueiro do Nova Iguaçu teve que fugir de guerra antes de se tornar revelação no Campeonato Carioca

Sérgio Raphael trabalhou como modelo antes de voltar aos gramados

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imagem cameraZagueiro tem 14 jogos pelo Nova Iguaçu (Foto: Reprodução/Instagram)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 30/03/2024
07:00
Atualizado em 30/03/2024
13:09

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Vivendo um dos momentos mais felizes de sua vida, Sérgio Raphael vem se destacando no Nova Iguaçu e sendo uma das maiores revelações do Campeonato Carioca. Porém, 11 meses atrás, o zagueiro estava passando por uma fase difícil, quando viveu a guerra no Sudão.

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O brasileiro chegou ao país do norte da África após ter sido convidado para jogar no Al-Merreikh, junto de outros atletas e membros da comissão técnica. Contudo, a passagem de Sérgio durou apenas cinco partidas, até o conflito começar.

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- Os responsáveis pelo clube falaram para a gente ficar tranquilo, que iria passar. Para a gente ficar em casa, evitar sair. Eles até deram um suporte para gente, com mantimentos. Mas achavam que iria passar rápido e não passou - contou Sérgio.

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sérgio raphael Al-Merreikh
Sérgio Raphael atuando pelo Al-Merreikh (Foto: Reprodução/Instagram)

A guerra no Sudão se deu por conta de desavenças entre o Exército e os paramilitares, que, em outubro de 2021, haviam se unido para tirar os civis do poder. Os conflitos inicaram em abril de 2023, quando os dois grupos entraram em disputa pela liderança do país.

Cessar-fogo

A pressão internacional levou as forças opositoras a fazerem um cessar-fogo e criarem um corredor humanitário para estrangeiros poderem deixar o país. Contudo, Sérgio Raphael contou que os jogadores não puderam contar com o apoio diplomático brasileiro e ficaram por conta própria. Além disto, os passaportes dos atletas estavam na sede do Al-Merreikh, e para chegar ao local precisariam cruzar áreas de conflito.

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- Era bomba o tempo todo, drone no céu, sem luz, tudo fechado, a gente quase ficando sem comida e sem a ajuda que a gente esperava do Brasil - relembrou.

Sérgio Raphael contou também que teve que tirar uma foto com soldados, alguns deles com uma armas à mostra. O jogador havia ido sozinho para o país, e selecionava o que contava aos parentes no Brasil.

- Na data em que eu ia buscar os passaportes, um outro moleque foi comprar comida e foi baleado. Mas no outro dia pela manhã, eu disse que iria, sim. No caminho, os soldados rebeldes me pararam, mas me reconheceram do clube. Eles torciam pelo Al-Merreikh. Eram garotos de 20 anos, com arma - relatou o zagueiro.

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Zagueiro teve que tirar selfie com soldados rebeldes (Foto: Arquivo Pessoal)

Após recuperar todo sua documentação, o clube disponibilizou para que todos os jogadores chegassem ao Egito, para, assim, poder voltar ao Brasil. O percuso até o país vizinho foi marcado por toda a destruição causada pela guerra. Os atletas chegaram a montar uma partida de futebol improvisada para tentar levar um pouco de alegria para as crianças.

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Já no Brasil, Sérgio Raphael era aguardado no Al-Merreikh após os conflitos. Porém, as cenas que viveu no Sudão deixaram a relação do zagueiro com o futebol abalada.

- Na minha cabeça, eu já não queria voltar. Então, foi difícil a rescisão. Demorou mais de um mês. Eu fiquei um mês no Brasil de férias, eu só queria viver, pensei que era uma segunda chance e não pensava mais em futebol. Queria estar perto da minha família, dos meus amigos - disse o Sérgio.

Assim, o zagueiro resolveu iniciar em uma nova profissão, e optou por ir em busca de trabalhos como modelo fotográfico. Além disto, Sérgio pensou em fazer faculdade de Educação Física ou disputar em torneios de futebol X-1.

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Sérgio Raphael fez ensaios fotográficos para diversas marcas (Foto: Reprodução/Instagram)

Contudo, o já conhecido preparador de goleiros Ronaldo Santos, que faz parte da comissão técnica do Nova Iguaçu ficou sabendo da história de Sérgio Raphael e indicou o nome do jogador para a equipe.

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Sérgio se animou com a ideia de poder voltar ao futebol brasileiro, além da oportunidade de jogar perto de casa. E, com isso, a vontade de jogar futebol retornou ao zagueiro, que iniciou pelo Nova Iguaçu no Campeonato Carioca.

- Passa um filme na nossa cabeça. O futebol é um meio muito difícil de realizar os sonhos. Passei por um episódio muito difícil, de arriscar a vida e poder perder tudo. E estar vivendo isso, é Deus agindo na minha vida, me honrando no que estou fazendo há muitos anos, trabalhando, com os pés nos chão, ajudando minha família - contou Sérgio Raphael.

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Sérgio Raphael chegou ao Nova Iguaçu em 2024 (Foto: Reprodução/Instagram)

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O time se manteve brigando no alto da tabela, ficando atrás apenas do Flamengo na fase de classificação. Agora, o Nova Iguaçu irá enfrentar o Rubro-Negro pela final do torneio no sábado (30) no Maracanã.

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