Olho no Draft: a improvável jornada de Kyle Trask rumo ao topo

Kyle Trask é o nome mais improvável entre os quarterbacks que estão bem cotados para o próximo Draft. O jogador de Florida Gators foi reserva de D’Eriq King, hoje em Miami, no High School, e um prospecto três estrelas chegando à universidade. Foi reserva de Feleipe Franks em 2017 (quando sofreu uma lesão nos treinos), 2018 e 2019. Mas, neste último ano, foi quando sua sorte mudou e a NFL começou a olhar com carinho para o QB.

Feleipe Franks se machucou em partida contra Kentucky, Trask, então, assumiu as rédeas do ataque dos Gators. E teve desempenho acima do esperado. Foram 2.941 jardas, 25 touchdowns e 7 interceptações. Em 2020, o ano é ainda melhor, se encaminhando para ter mais touchdowns e também jardas que a temporada anterior – 1.815 jardas, 22 touchdowns e somente 3 interceptações, até o momento.

Neste sábado (14), você terá a oportunidade de acompanhar um pouco mais do prospecto, contra a boa defesa de Arkansas, às 21h, em partida transmitida pelo ESPN Play. O jogo é curioso, pois coloca Trask diante de Feleipe Franks, de quem foi reserva no College Football. O Lance! conversou com o jornalista Danilo Lacalle, do site Torcedores e Primeira Descida, para entender as características que definem o quarterback de Florida.

- O que mais me agrada no Kyle Trask é que ele é um QB que se encaixaria muito bem em qualquer sistema bem estruturado. Além de ser extremamente dedicado e absorver playbooks complexos – algo necessário na NFL –, aprendeu a ter uma leitura muito eficaz, mesmo em situações de grande pressão. Não é um quarterback com “alvo viciado”, por mais que ele e o Kyle Pitts (tight end de Florida) sejam uma dupla dinâmica. Sabe distribuir muito bem a bola em todos os cantos do campo – pontua Danilo.

Evolução

O que mais impressiona em Kyle Trask é seu desenvolvimento jogo a jogo. O atleta que encarou Kentucky, substituindo Feleipe Franks, é totalmente diferente do que destruiu a excelente defesa de Georgia na semana passada. Kyle Trask está enxergando o campo de forma bem mais clara, disparando a bola para todos os setores do campo, e arriscando passes em janelas pequenas.

- Este ano ele se tornou o primeiro QB da história da SEC a lançar quatro touchdowns em cinco jogos consecutivos, o que é muito expressivo. Em 2019, via o Trask como um quarterback ainda inexperiente e com pouca presença de pocket. A mobilidade, além de fraca, não contribuía para o jogo dele. Esse ano já é possível vermos como ele melhorou o aspecto da confiança do próprio jogo em geral. Tem arriscado mais bolas verticais em janelas próximas à sideline - coisa que não acontecia no ano anterior com frequência -, aprendeu a passar a bola sob pressão de defesas mais complexas e começou a lançar em movimento. Além de como melhorou o tempo de release, presença de pocket e a leitura da defesa adversária - aprendendo a manipulá-la – analisa Danilo Lacalle.

Trask está subindo os draft boards e alguns analistas americanos já o projetam como escolha de primeira rodada. De forma geral, o jogador, hoje, é garantido como uma seleção para o dia 2 do Draft de 2021, entre o segundo e terceiro round. Mas isso pode mudar bastante, ainda mais com o caminho que o QB tem a seu favor. Caso vença todas as partidas restantes, Florida vai garantir vaga na decisão da Conferência SEC, provavelmente contra Alabama. Diante da potência do College Football, uma atuação de gala, levando os Gators à vitória, pode impulsionar o jogador ao top-15 do próximo Draft e incomodar Zach Wilson e Trey Lance como terceiro quarterback a ser selecionado. Outra possibilidade é ser vencedor do Troféu Heisman, dado ao melhor atleta do College Football.

- Trask fez um jogo impressionante contra uma das melhores defesas do College (Georgia). Caso vença com uma boa atuação os jogos contra Kentucky e LSU, outras defesas bem complexas e fortes, acredito que pode subir ainda mais e sair como QB3 no Draft de 2021. Além disso, ele é cogitado para vencer o Heisman este ano, premiação que pode ser decisiva para a subida do quarterback – considera Lacalle.

Não dá pra duvidar de um jogador que já superou os dois nomes a quem foi reserva, tanto no College Football quanto no High School.