Um passeio pela história para entender o que são os ‘Bowls’ no College Football
Criado em 1902, Rose Bowl foi o precursor da febre dos jogos de futebol americano que finalizam a temporada
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Final de dezembro é sempre uma data muito especial para os amantes da bola oval. É o momento de reta final na NFL de temporada regular, onde começa a se definir os classificados para os playoffs e as primeiras posições na loteria do Draft. E no College são as semanas dos bowls. Mas afinal, o que são os bowls?
Precisamos voltar no tempo para entender melhor essa história. No século XIX, no período do inverno, as pessoas que moravam no norte dos Estados Unidos, onde o clima é muito hostil e que tinham muito dinheiro, buscavam um jeito de fugir do frio. A solução era ir para o sul da Califórnia, onde o inverno é bem mais ameno.
Para atrair turistas, a cidade de Pasadena decidiu apresentar as belezas da região. O local, que é muito famoso pelas suas rosas, resolveu criar um torneio com o nome do seu principal produto. E aí que entrou o futebol americano. A primeira partida foi realizada em 1902. O objetivo era tornar um jogo de um time do oeste dos Estados Unidos contra outro do leste, como o principal evento turístico da região. Porém, não deu muito certo. Com pouco público, Stanford deu uma lavada em Michigan por 49 a 0. O torneio foi suspenso por 14 anos, após o jogo registrar, inclusive, mortes em campo.
Os anos passaram e o futebol americano começou a ganhar força nos Estados Unidos. Com isso, o torneio em Pasadena voltou a ser realizado em 1920. O jogo foi entre Harvard Crimson e Oregon Webfoots com um público de 35.000. A lotação baixa nos estádios ainda era um problema. A solução foi mudar a estrutura, e um novo estádio foi construído por Myron Hunt, que se inspirou no estádio da Universidade de Yale, que tinha um formato similar a de uma tigela, bowl na língua inglesa. Em outubro de 1922, foi construído o Tournament of Roses Stadium. O nome pegou e o jogo passou a ser chamado de Rose Bowl.
Como estratégia de marketing, outras cidades norte-americanas começaram a seguir os mesmos passos de Pasadena e davam o nome aos seus torneios com o produto agrícola conhecido da região + Bowl. Daí surgiram diversos bowls que conhecemos até os dias de hoje, entre eles, o Sugar Bowl, em Nova Orleans, o Orange Bowl, na Flórida, região de maior produção da fruta no país.
Os Bowls - exceção aos do College Playoofs, que definem o campeão nacional - são quase uns amistosos de pós-temporada, que valem basicamente duas coisas, prestígio, já que os jogos de maneira geral são transmitidos em rede nacional, e dinheiro, que ajuda no recrutamento de novos talentos vindos do high school.
Os rankings que são conhecidos atualmente começaram a surgir a partir de 1965, quando a Associeted Press iniciou a publicação de rankings finais dos melhores times da temporada. Vinte anos depois, vendo um potencial econômico gigantesco para exposição de marcas, algumas empresas começaram a comprar os naming rights desses jogos importantes para exporem os seus produtos. Daí surgiram Bowls como por exemplo, o Outback Bowl, de 1995.
O formato que é conhecido nos dias de hoje começou a ser moldado a partir da década de 1990. Na época, os bowls de maior relevância começaram a formar um grupo onde pudessem elencar os dois melhores times do país em uma eventual final. Com isso, foi criado o BCS, Bowl Championship Series, que ocorria de maneira alternada entre Cotton, Fiesta, Orange, Peach, Rose e Sugar Bowl, os seis principais bowls do ano.
Avançamos um pouco no tempo até o ano de 2014, momento importante para entendermos o que são os bowls nos dias de hoje. A partir daquele período foi criado um playoff em formato de semifinais, o College Football Playoff. Os 25 melhores times são ranqueados por um comitê de 13 membros, formado por head coaches, responsáveis pela administração acadêmica, diretores esportivos e jornalistas. Após as finais de conferência, um último ranking é feito para decidir quem serão os quatro times que disputarão o Final Four. Nesta temporada, #1 Alabama Crimson Tide, #2 Clemson Tigers, #3 Ohio State Buckeyes e #4 Notre Dame Fightning Irish, brigarão pelo título. Os Bowls que sediarão as semifinais são determinados por um rodízio. E a final é disputada em campo neutro, geralmente em um estádio da NFL.
O time melhor posicionado enfrenta o pior colocado e o segundo e o terceiro fazem o outro jogo. Então este ano, Alabama (11-0), campeão da SEC, enfrentará Notre Dame (10-1), independente (mas que jogou na ACC em 2020 por causa da Covid-19), no Rose Bowl Game. Por conta da alta taxa de casos de coronavírus no sul da Califórnia, o jogo foi transferido para o AT&T Stadium em Arlington, Texas. E Ohio State (6-0), campeão da Big Ten, jogará contra Clemson (10-1), campeão da ACC, no Sugar Bowl no Mercedes-Benz Superdome, em Nova Orleans, Louisiana. Ambos os jogos serão realizados no dia primeiro de janeiro de 2021. E o CPF National Championship 2020 será no dia 11 de janeiro, no Hard Rock Stadium, em Miami Gardens, Flórida.
Quando um desses bowls não são semifinais, eles servem de chaveamento entre os melhores times de cada conferência que não foram classificados para os playoffs. Por exemplo, nesta temporada o Cotton Bowl foi um jogo entre #6 Oklahoma Sooners (8-2), vencedor da Big 12, e #7 Florida Gators (8-3), vice-campeão da SEC, numa partida que terminou com massacre dos Sooners. E o Peach Bowl, o confronto entre #8 Cincinnati Bearcats (9-0), campeão da AAC, e #9 Georgia Bulldogs (7-2).
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