A trajetória de Durval Queiroz Neto até a NFL é o incentivo que o futebol americano precisava no Brasil
Atualmente no Miami Dolphins, o brasileiro que saiu do FABR mostrou aos jovens que é possível ter um futuro diferente neste esporte, sem ter que pagar para jogar
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Um brasileiro de Cuiabá, Mato Grosso, viu seu destino mudar ao ser selecionado para a NFL, em abril de 2019. E, com isso, ganhou também a responsabilidade de ser o primeiro jogador que disputou um campeonato no Brasil a entrar na principal liga de futebol americano do mundo. Durval Queiroz Neto tem uma trajetória forte no cenário nacional. Sua ida e performance no Miami Dolphins tem feito jogadores locais acreditarem que é, sim, possível, ir além e conquistar novas oportunidades. A porta já foi aberta.
Duzão não é o primeiro brasileiro a jogar na NFL. Existem histórias que podem ser discutidas, como a de Leandro Veal. Mas uma certeza é a de Cairo Santos, atualmente no Chicago Bears, que chegou nos Estados Unidos com 15 anos para jogar futebol e acabou sendo convencido em virar Kicker. Claramente, todos esses casos ajudaram o esporte a se popularizar por aqui e formar os atuais 27 milhões de fãs declarados da liga, no Brasil.
Mas podemos ir além e observar que Durval não deve ser o único, visto que o esporte tem sido fomentado cada vez mais por aqui e os atletas viram que agora realmente existe uma chance concreta para jogar em uma das 32 franquias.
Com a trajetória ganhando notoriedade em 2016, Duzão venceu o campeonato estadual daquele ano pelo Cuiabá Arsenal, como Defensive Line. Em 2017, ainda no mesmo time, foi convocado para a seleção brasileira principal, o Brasil Onças. Já no ano seguinte, foi para o forte Galo Futebol Americano para vencer o Campeonato Brasileiro.
A forma física do mato-grossense impressionou olheiros da liga e, em 2019, foi chamado para participar do International Player Pathway, o NFL Undiscovered, onde foi selecionado pelos Dolphins. Após dois anos no Practice Squad da equipe como OL (sim, mudou de posição), teve sua estreia na pré-temporada deste ano, onde apresentou performances marcantes, ficando inclusive com a melhor nota dentre os jogadores da equipe, de acordo com o Pro Football Focus, logo em sua estreia na NFL: 94.2. E essa trajetória mostrou que é possível chegar lá.
Em 2020, Otávio Amorim, Offensive Line do Berlin Thunder, time alemão da European Football League, que na época estava no T-Rex, também participou do mesmo programa, mas não foi selecionado por nenhuma das equipes na liga. Porém, conseguiu marcar seu nome na história por também ser um jogador nascido e criado no cenário nacional.
E a tendência é que vejamos ainda mais atletas brasileiros buscando e brigando de igual para igual por oportunidades com jogadores estrangeiros, como foi o caso de Ryan Gomes, que por pouco não foi ao Ottawa Redblacks, da CFL, Victor Hugo Mega, no All Star Bowl de Miami, além de convites para testes no exterior, Luis Polastri que também fora pré-selecionado ao IPP, entre outros jogadores que vêm trilhando uma trajetória impressionante nos campos dentro e fora do Brasil. E mostrando o potencial que o futebol americano nacional pode apresentar.
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Porém, não são os jogadores já consagrados por aqui que devem impactar a NFL em curto prazo. Principalmente porque na liga existe um limite de idade para ser selecionado tanto em Drafts quanto no Undiscovered. Isso, quem deve fazer, é a nova geração do futebol americano, que já entrou no esporte com outra mentalidade, aprendendo-o na adolescência, tendo ainda alguns anos para aperfeiçoar a técnica - o que conta muito para conseguir disputar posição com norte-americanos que praticam a modalidade desde muito novos.
Pensando nisso e no desenvolvimento do futebol americano nacional, as equipes passaram a investir cada vez mais tempo e dinheiro nas categorias de base. Hoje em dia, podemos ver programas que trabalham com crianças, adolescentes e buscam entregar toda a teoria e prática de forma um pouco mais mastigada e aperfeiçoada do que era aprendido há 10 anos. Até porque a facilidade de se obter informações se tornou maior com o tempo. O que pode potencializar ainda mais o desenvolvimento do FABR.
E eu não falo tudo isso porque devemos nos tornar uma fábrica de exportação de atletas. Claro que apresentar novas oportunidades como a European Football League (EFL), Canadian Football League (CFL) e a National Football League (NFL) para jogadores brasileiros, que em 99% dos casos pagam da passagem para ir aos treinos ao próprio equipamento, para estarem em campo, pode ser uma forma de terem um futuro melhor.
Mas é importante ter em mente - e isso muitas equipes já têm - que o FABR pode alcançar voos ainda maiores, à medida que mais investimento for captado e o esporte se estabeleça como um melhor modelo de negócio. Assim como atualmente existe na principal liga do México, onde diversos patrocinadores investem de forma expressiva e o nível tem se aproximado do College dos Estados Unidos.
O caminho vem sendo percorrido por atletas, treinadores e dirigentes há muito tempo com a intenção de fazer com que o Brasil tenha cada vez mais peso no cenário e vá ganhando ainda mais fãs. E independentemente se você concorda ou não com as opiniões extracampo de Durval Queiroz Neto, é inevitável reconhecer o tamanho do feito que ele tem realizado para colocar, ainda mais, o futebol americano brasileiro no mapa.
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