ANÁLISE: Real Madrid voa perto demais do sol e vê asas derreterem na Champions
Equipe atravessa momento turbulento mesmo após reforçar elenco com chegada de Mbappé
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Falar do Real Madrid na Champions League foi, é e sempre será um tema delicado. Nunca se pode desconfigurar um time de camisa pesada e que, em 15 oportunidades, ergueu o troféu continental, mesmo que as pegadas do caminho apontem para um destino de queda.
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Porém, no futebol, é necessário trabalhar com o presente. O que se vê após a quinta rodada da fase de liga da competição é uma equipe justamente desconfigurada, por razões que pareciam ser a solução para os problemas, mas no fim das contas, se mostraram apenas um catalisador das óbices na capital espanhola.
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O ditado da bola traz a célebre frase em suas páginas: "em time que está ganhando, não se mexe". Em um momento tão dinâmico vivido pelo esporte atualmente, onde o lado físico conta e, muitas vezes, pesa nos atletas, se faz preciso ter um elenco inchado, ainda mais quando o time está em diversas competições que exigem um alto nível de intensidade.
Em 2023-24, Carlo Ancelotti sofreu com uma série de desfalques ao longo da temporada. Em certo momento, foi obrigado a jogar com uma linha de zaga composta por dois laterais de origem: Nacho e Carvajal. Bateu cabeça com dois períodos de lesão de Vinícius Jr e a longa ausência de Courtois, e chegou a ter problemas antes de virar a chave com o retorno de seus craques para os jogos decisivos, onde cresceu de produção e colocou o time no topo de La Liga e Champions.
Para a janela de transferências, se imaginava que a robustez do plantel seria o foco. Porém, além de Endrick, que já estava acertado antes de completar 18 anos, a mira de Florentino Pérez foi unicamente outro astro do futebol mundial: Kylian Mbappé. E neste momento, se iniciam os problemas.
Não que Mbappé seja um problema para algum time no mundo. Mas não é fácil administrar tantos craques que jogam em posições conflitantes. No PSG, o camisa 9 queria tirar a ponta-esquerda de Neymar, e se frustrou quando não lhe foi dado este benefício. Do mesmo jeito, parece não ter privilégios sobre um Vini tão respaldado pelos merengues. No centro do ataque, o craque não consegue se firmar, e encara críticas atrás de críticas.
Nos demais setores, o panorama é similar a 2023-24. Éder Militão rompeu o ligamento e só retorna na segunda metade do próximo ano; de Valdebebas, surgiu um meteórico zagueiro Asencio para diminuir os problemas. Pelo meio, Camavinga e Rodrygo são ausências neste momento. Lições não aprendidas pelo presidente do clube.
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🧠 Mitologia grega traduz momento de pressão alta no Real Madrid
Parece preciosismo, mas é impossível não atribuir a culpa ao mandatário. A história, não só do futebol, mas também da cultura, nos traz lições. Na mitologia grega, a "Queda de Ícaro" leciona a todos a importância do equilíbrio. Para que o jovem fugisse da caverna do rei Minos, seu pai, Dédalo, construiu asas com cera de abelha, o alertou: nem perto demais do mar, nem perto demais do sol, para que o artefato não se derretesse. Vislumbrado com o brilho solar, Ícaro chegou perto e não parou de voar. A complacência e arrogância lhe custaram caro: a asa derreteu, e o grego caiu no mar, encontrando o fim da vida.
A linha é tênue entre o lado bom da ambição e o alerta da ganância nos 105m por 68m. Um time que é muito bom encontra o gráfico da queda quando alguém tem a audácia de tentar o melhorar. Foi o que Pérez fez: não deu ouvidos ao grito do Real Madrid em campo, que implorava para contratações assertivas e necessárias em outros setores do campo, e voltou suas atenções para um craque. Era seu sonho de consumo há mais de cinco anos, mas se fez desnecessário em certo ponto. A insistência custou caro.
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Longe de bater na tecla do oportunismo após a perda do pênalti por parte do francês. Os espanhóis atravessam a turbulência nas nuvens de forma coletiva, e a responsabilidade é dividida da diretoria aos protagonistas dos espetáculos no Santiago Bernabéu. Mas os erros foram cometidos, e não há como ignorar este fato.
Neste momento, são apenas quatro pontos de distância para a qualificação direta às oitavas da Champions, bem como dois para uma eliminação impremeditável na primeira fase de liga da história. Restam três rodadas, mas a cera de abelha não tem sido resistente o suficiente para uma classificação. A janela do inverno europeu pode ser a solução para deixar a asa mais forte e manter o time no alto dos céus após passar pelas tais nuvens chuvosas.
Florentino Pérez queria chegar ao sol. Cravar uma hegemonia madrilenha, como fez entre 2016 e 2018. Mas talvez, o brilho que bateu em seus olhos não tenha sido o da principal estrela do Sistema Solar, e sim, o da constelação de Zinédine Zidane: Navas; Carvajal, Sergio Ramos, Varane e Marcelo; Casemiro, Kroos e Modric; Bale, Benzema e Cristiano Ronaldo.
Talvez os diamantes em sua mão ainda precisem de lapidação e tempo para chegarem ao ápice da perfeição. Talvez seja cedo demais para esperar das joias um domínio amplo em um esporte que vive constante evolução. Talvez ainda dê tempo para evitar o derretimento das asas, fazer diferente de Ícaro e evitar a queda. Todavia, fato é que, hoje, o Real Madrid está longe demais do sol, mas perto demais de se afogar no mar da Champions League.
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