Baseado no artigo 10 da lei 22.315, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, decidiu intervir na Associação de Futebol Argentino (AFA) na última segunda-feira e, como punição, pode ver a seleção local e o Boca Juniors serem excluídos de suas respectivas competições continentais.
Apesar da lei citada acima permitir o governo se envolver em qualquer instituição civil e Macri alegar que tomou a decisão devido a graves irregularidades administrativas, a Fifa tem prevista em seu regulamento a capacidade de punir - até com exclusões - a seleção e clubes de um país.
Caso a AFA seja punida, não será um episódio inédito no futebol mundial. Recentemente, a Indonésia, o Kuwait e o Benin foram suspensos pelo mesmo motivo: intervenções políticas em suas respectivas federações de futebol.
O último caso foi no Kuwait, que já foi punido duas vezes (a primeira em 2007). Em outubro do ano passado, o país asiático foi suspenso, a princípio por tempo indeterminado, e a seleção e os clubes ficaram proibidos de participarem de competições internacionais.
Na ocasião, foi anunciado pela entidade que a suspensão só chegaria ao fim caso a federação e as agremiações "fossem capazes de realizar suas atividades e obrigações de maneira independente".
Entenda melhor o caso
A Inspeção Geral de Justiça (IGJ), entidade independente e estatal da justiça argentina, adiou as eleições da AFA, que aconteceriam em 30 de junho e devem agora acontecer em 90 dias. A IGJ nomeou duas pessoas com poder de decisão na federação de futebol do país por causa de recentes irregularidades denunciadas contra cartolas do e da crise institucional e econômica da AFA.
O comitê executivo da AFA vai se reunir nesta terça para definir as atitudes que serão tomadas após a intervenção do presidente Mauricio Macri.
- O comitê decidirá se as atividades do futebol serão suspensas e se a seleção retorna dos Estados Unidos - afirmou Damián Dupelliet, secretário-geral da AFA, à rádio "La Red".
Atualmente, Luis Segura está comandando provisoriamente a federação argentina. Rumores dão conta que o principal motivo da insatisfação de Mauricio Macri seja a possibilidade da entidade local ser assumida por Hugo Moyano ou Claudio "Chiqui", já que ambos não contam com a confiança de Macri.
Daniel Angelici, por sua vez, é dirigente do Boca, está na briga pela presidência da AFA e conta com o apoio de Macri, que se popularizou na Argentina muito devido ao longo período que presidiu o Boca.