Champions League começa com promessa de clássicos e inovações, mas deve ter final previsível
Formato de pontos corridos e aumento no número de jogos deve dificultar a aparição de zebras
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A espera acabou para os fãs do futebol europeu: começa nesta terça-feira (17) a nova edição da Uefa Champions League, cheia de novidades, com novo formato, mais jogos, e clássicos europeus logo na primeira fase.
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No lugar da fase de grupos, entra a "fase de liga", na qual os 36 times participantes disputarão um campeonato de pontos corridos (como na Premier League ou em La Liga). Cada time fará oito jogos, quatro em casa e quatro fora, contra adversários de níveis diferentes (definidos em sorteio).
Terminada a primeira fase, os oito primeiros da tabela se classificam diretamente para as oitavas de final. Do 9º ao 24º classificado, as equipes disputarão uma fase preliminar (16 avos de final), na qual os vencedores também avançam às oitavas. Daí em diante, o campeonato segue como nos acostumamos. Quem terminar a primeira fase a partir da 25ª posição, está eliminado.
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À primeira vista, o regulamento parece complicado, mas ele cumpre bem seu objetivo: promover mais clássicos entre os gigantes da Europa já na primeira fase. Na primeira rodada da competição, por exemplo, teremos jogos do calibre de Milan x Liverpool (reedição das finais de 2005 e 2007) e Manchester City x Inter de Milão (revivendo a decisão de 2023).
O impacto no calendário é de mais dois jogos para cada clube na fase classificatória. Os times que não avançarem direto para as oitavas ainda disputarão mais duas partidas (ida e volta) na fase preliminar. Um prato cheio para os torcedores de futebol, apesar das reclamações de técnicos e jogadores.
Na segunda-feira (16), o goleiro Alisson, do Liverpool e da Seleção Brasileira, foi mais um atleta a se manifestar contra o novo formato do torneio. O defensor afirmou que "Ninguém consulta os jogadores (...) Mas todo mundo sabe o que pensamos" sobre a quantidade de partidas. Vale lembrar que o time inglês é um dos favoritos à conquista do título e deve disputar uma parcela considerável dos 17 jogos possíveis, contando até a decisão.
Por falar em favoritismo, é neste ponto que, talvez, a 'nova' Champions League cometa o seu maior pecado: mudar o regulamento pensando em promover mais encontros entre gigantes, sem priorizar o equilíbrio técnico da competição.
Isso porque formatos de pontos corridos costumam favorecer as equipes com maior poderio financeiro, que têm condições de garantir um bom desempenho em todas as rodadas. Portanto, é de se imaginar que os times mais fortes da competição terminarão entre os oito primeiros colocados da primeira fase.
Os candidatos a surpresa, por sua vez, precisarão se desgastar logo no mês de fevereiro em busca de uma vaga nas oitavas, justamente para enfrentar os times mais poderosos do continente. Estes entrarão no mata-mata completamente descansados. Não há igualdade de condições.
Assim, clubes como Juventus, Arsenal ou Borussia Dortmund (finalista da última edição), de nível intermediário, precisarão superar mais obstáculos que o normal se quiserem encarar Real Madrid, Manchester City, Bayern de Munique ou Barcelona (além do Liverpool, citado anteriormente) em uma possível decisão. Em outras palavras: mesmo com tantas novidades, o campeão deve sair do mesmo grupo "de sempre".
Gostemos ou não, o novo formato da Champions League parece que veio para ficar e é uma síntese do futebol da atualidade: acima da competitividade ou da lógica de um regulamento está o interesse comercial. Aos amantes da competição, o que resta é desfrutar dos grandes jogos e torcer para que o torneio não caia em uma mesmice que não combina com o principal torneio de clubes do mundo.
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