Copa América: campos menores podem impactar os atletas? Veja a opinião dos especialistas
Das 14 arenas disponíveis para a competição, 11 possuem o campo reduzido
A Copa América 2024, realizada nos Estados Unidos, conta com uma particularidade: campos menores que o habitual. Dos 14 estádios em que será disputada a competição, 11 são provenientes da NFL e, portanto, possuem um tamanho reduzido em comparação ao padrão estabelecido pela Fifa para os gramados de futebol, sendo uma diferença de 740m² a menos.
Essa distinção entre os campos traz mudanças no jogo. De acordo com o fisioterapeuta esportivo associado à Sonafe - Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e Atividade Física, Dilson Conceição, essa alteração nas dimensões torna o duelo mais intenso, devido ao espaço reduzido para jogar. Por isso, a tendência é que a partida fique mais rápida, o que gera uma transformação no jogo, não somente do ponto de vista físico, mas também estratégico.
- A preparação física precisa trabalhar em cima desses pontos, para estimular mais acelerações e trabalhar com campos reduzidos, semelhantes àqueles que os jogadores encontrarão, para adaptá-los o quanto antes - explica o profissional.
Os campos da competição contam com uma dimensão de 100 metros de comprimento por 64 metros de largura. O convencional para jogos de futebol, inclusive na Copa do Mundo, é de 105m por 68m. Apesar disso, a Fifa permite que os jogos internacionais sejam disputados em espaços com 100m a 110 de comprimento e 64m a 75m de largura.
Apesar da redução trazer transformações diretas no jogo, Dilson acredita que não é possível afirmar se isso pode aumentar o risco de lesões dos atletas.
- A mudança não é tão abrupta quanto tirar um jogador de futebol de campo e colocar numa quadra de futsal, mas, sem sombra de dúvidas, existe uma diferença. Agora, não tem como cravar que essas alterações vão gerar um impacto significativo em termos de predisposição à contusões, porque isso é causado por inúmeros fatores, não só apenas a questão de aumento de intensidade - comenta o fisioterapeuta.
Levando esse fator em consideração, a Seleção Brasileira, durante a preparação para o torneio, realizou treinos adaptados e disputou as partidas amistosas contra México e Estados Unidos em campos com as mesmas dimensões dos que são palco do torneio, no Texas e em Orlando.
Para a Dra. Flavia Magalhães, médica do esporte e que trabalha com futebol há mais de 20 anos, é preciso preparar bem os atletas para atuarem em campos menores, pois o jogo sofre uma alteração considerável nesse cenário.
- Hoje, a maioria dos treinos são feitos em campos reduzidos. Isso traz para o atleta maior contato com a bola e velocidade de jogo. Porém, em um jogo com campo menor, existe um ajuste necessário de tempo de bola, adequação dos passes longos e ações de movimentação. O contato entre os jogadores, a disputa de bola, a intensidade maior, com maior probabilidade de colisões entre jogadores, por exemplo. Além disso, o espaço para recuperação depois de um sprint, é menor. A visão espacial do jogador também muda, com menos espaço entre os atletas. Por isso, é necessário trabalhar estes detalhes previamente com intuito de ser efetivo e minimizar riscos de lesões - aponta a especialista.