Como o Villarreal ajuda clube carioca em novo projeto de construção de SAF
Clube espanhol costura estruturação em time brasileiro que tem parceria com a Pelé Academia

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O debate para construção de novas SAFs no futebol brasileiro tem se popularizado e caminhado a passos largos para atingir clubes de diversos patamares em todo o país. Enquanto o começo dessa era teve times da elite nacional como alvo dos investidores, agora clubes de menor expressão têm se adequado ao mercado. No Rio de Janeiro, o Villarreal tem sido peça importante para estruturação de uma nova SAF no estado.
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O tradicional clube espanhol constrói desde o fim de 2024 uma parceria esportiva e de gestão com o Resende, uma das equipes mais antigas do estado e que hoje disputa a Série A2 do estadual. E o início da relação dos clubes teve início justamente com a chegada da SAF do Botafogo, em 2022.
Antes, os cariocas tinham um acordo com o Lyon, clube francês. Mas a participação de John Textor como dono da SAF alvinegra interrompeu a relação que durava cinco anos. Pela lei brasileira, um mesmo dono não pode participar de dois investimentos em clubes diferentes no país.

O Resende é um clube que há quase duas décadas tem buscado alternativas para se modernizar dentro do futebol brasileiro e tentar crescer no cenário no local. Por mais que ainda não tenha conquistado um resultado relevante na prática, a equipe tem evoluído no seu modelo de gestão e alcançado parcerias relevantes para sua estruturação.
A chegada dos espanhóis ao time faz parte do projeto Villarreal Academy, que tem hoje 30 unidades ao redor do mundo para identificar e formar novos talentos no futebol internacional, como Argentina, Estados Unidos e Coreia do Sul.
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Mas a vinda do Villarreal ganhou força através do trabalho da Pelé Academia, instituição criada pelo Rei do Futebol em 2018 e que é a realização de um sonho expressado pelo próprio Pelé na comemoração do seu milésimo gol da carreira. Para além do trabalho social e de formação de cidadãos e atletas, o instituto atua também com a preparação no futebol de base. O projeto trabalha com o Resende desde sua inauguração e carrega um “selo” de qualidade muito valorizado pelos espanhóis no momento de fechar o contrato.
A apresentação do Villarreal como mais um parceiro do projeto foi em cerimônia exclusiva no Cristo Redentor, que recebeu a projeção da imagem da tradicional camisa amarela do clube espanhol vestindo o ponto turístico carioca. Um dos nomes que fizeram parte das negociações e que ajuda nos projetos de parceria entre as marcas é o ex-jogador Marcos Senna, brasileiro naturalizado espanhol, campeão do mundo em 2010 com a Espanha e embaixador do clube - onde é ídolo.
Escolha do Resende para o projeto
Em entrevista exclusiva ao Lance! Biz, o CEO da Pelé Academia, Eduardo Gomes, destacou como a instituição escolheu o Resende como clube ideal para o projeto e a chegada do Villarreal como parceiro e consultor no processo de gestão da equipe. A entrevista aconteceu durante o evento La Liga Extra Time, em São Paulo.
-O Resende geria muito bem o plantel do profissional, mas por falta de recurso, por falta de estrutura, não conseguia desenvolver o mesmo trabalho na base. A Pelé Academia tinha uma exigência de que não podia ser clube com dívida. Então a gente tinha que aportar o projeto da Pelé Academia na parte de alto rendimento de algum clube sem dívida e a gente precisava da autonomia de gestão para não ter troca de comando a cada três ou quatro anos. O Resende foi o lugar perfeito que a gente encontrou essa segurança jurídica, essa viabilidade financeira de não ter dívidas que não podiam se conectar com a marca do Pelé, naturalmente - explicou.
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O executivo acrescentou que o histórico do Resende de ser um clube atuante no futebol a partir de parcerias e de investidores mesmo antes da Lei das SAFs trouxe mais segurança para a participação da Pelé Academia no negócio. Hoje, toda a estrutura que vai além do elenco que entra em campo é gerida pelo instituto.
-O modelo jurídico do Resende pode ser chamado de pré-SAF, porque é um modelo que a gente tem autonomia na governança e a responsabilidade financeira. Somos contratados pelo Resende para desenvolver o projeto de futebol de base com a Pelé Academia - completou o gestor.

O acordo entre as partes ainda prevê que a Pelé Academia fique com um percentual do lucro dado pelo Resende, que inclui as contas relacionadas às transferências e outras receitas do clube.
O dono da SAD do Villarreal (como são chamadas as SAFs na Espanha) é o bilionário Fernando Roig. O empresário tem relação com com Marcelo Montenegro, que é filho do ex-presidente do Botafogo Carlos Augusto Montenegro.
Construção da nova SAF
Por mais que o Resende tenha em seu DNA de trabalho o modelo de gestão próximo do que são as SAFs, o clube ainda não tem homologado em seu estatuto a oficialização desse processo. Desde 2022, a Pelé Academia tem buscado meios de fazer a transformação para o formato de Sociedade Anônima e viu no Villarreal um meio mais seguro de pensar na construção do modelo.
-É um desejo nosso para solidificar mais ainda o caminho que a gente tá fazendo de autonomia e governança. Agora, com o Villarreal, a gente tá estudando isso em conjunto com eles. Estamos em fase de estudo para ver de que maneira a gente vai fazer essa passagem para SAF com eles. Se vão estar dentro da SAF ou se vão ficar só no acordo de colaboração. Eles também estão entendendo como é que é a legislação brasileira. Mas a parceria tá seguindo todo o vapor.
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Entre as discussões sobre de que forma o Resende será estruturado como SAF está a busca por um investidor no projeto. Atualmente, não há uma definição sobre quem seria o responsável pela compra. Por mais que o Villarreal surja como uma oportunidade viável pela proximidade dos clubes, não, por enquanto, um indicativo que o time espanhol será dono de uma porcentagem da equipe carioca. Entretanto, a possibilidade não está descartada.
Entre as contribuições diretas do Villarreal ao Resende está a construção de mais um campo de futebol (este de grama sintética) nas instalações da Pelé Academia, que passa a ter três espaços para o desenvolvimento dos trabalhos sociais e de formação de novos atletas para o futebol profissional.
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