Eleições na crise: entenda o cenário político do Barcelona
Em cenário de crise, clube catalão decidirá o seu novo presidente em eleições neste domingo; entenda o contexto existente
O Barcelona enfrenta um momento muito complicado na sua história. Neste domingo, os sócios do clube catalão votarão para decidir o seu próximo presidente. Os candidatos Víctor Font, Toni Freixa e Joan Laporta estão na disputa e são alguns dos nomes mais falados da Espanha neste momento. O LANCE! explica o cenário político e os detalhes da eleição do Barça neste dia 7.
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Atualmente, o Barcelona encontra o caos misturado à política do clube. Na última segunda-feira, Josep Maria Bartomeu, ex-presidente que renunciou ao cargo em outubro de 2020, foi preso por suspeita de seu envolvimento no caso conhecido como 'Barçagate'.
O Barçagate trata de uma investigação feita em uma empresa contratada pelo Barcelona para, supostamente, realizar campanhas de difamação nas redes sociais contra jogadores e dirigentes contrários à gestão de Bartomeu. Junto do ex-presidente, também foram presos Óscar Grau, ex-CEO, Jaume Masferrer, ex-assessor do presidente, e Roman Gómez Ponti, que era responsável pelo departamento jurídico do clube.
Os eventos da última segunda-feira apenas amplificaram uma crise que se arrasta há anos no Barcelona. Bartomeu tornou-se impopular entre torcedores e jogadores, principalmente Lionel Messi, que segue em um imbróglio de uma possível saída.
A dívida atual do clube chega ao valor de 1.130 bilhão de euros, sendo 164 milhões apenas em dívidas para jogadores. Os altos salários e as dificuldades para agir de forma certeira marcaram a gestão de Bartomeu, e dificultarão o caminho de qualquer candidato eleito.
OS CANDIDATOS
Joan Laporta foi presidente do Barcelona entre 2003 e 2010, permanecendo no cargo durante um dos períodos mais vitoriosos da história do clube. Candidato novamente em 2021, Laporta concorreu contra Bartomeu em 2015 e também o teve como membro de sua gestão.
Vice-presidente de Laporta entre 2003 e 2005, Sandro Rosell deu início a um novo período de gestão em 2010, quando protagonizou o papel de grande rival de seu antigo aliado. Rosell tinha Bartomeu, antigo diretor do Barcelona, como novo vice-presidente.
Sandro Rosell permaneceu no cargo de presidente até 2014, quando renunciou após uma confissão de um juiz para uma suposta tramitação da ação de usurpação na forma de distração e para simulação contratual na transferência de Neymar. Bartomeu assumiu, e venceu Laporta nas eleições de 2015.
O jogo de Joan Laporta é apresentar-se como o oposto de tudo que Bartomeu e Rossell representam. Para seus eleitores, Laporta é o resgate do 'verdadeiro barcelonismo', que seria ser adepto das ideias de Johan Cruyff, lenda do clube. O ídolo holandês foi excluído das grandes decisões do clube por Rosell e Bartomeu, e aspectos de suas ideias foram deixadas de lado após a saída de Laporta.
Hoje, Ronald Koeman é visto como um treinador de transição para o Barcelona. Laporta não acredita que Xavi está pronto para assumir o comando do Barça, e considera ter Mikel Arteta, técnico do Arsenal revelado pela equipe catalã, como novo comandante.
- Tenho a certeza que o Messi quer ficar, embora tenha ofertas de clubes estatais. A melhor forma dele ficar é eliminando o PSG. O Leo adora o Barça, está muito confortável no Barcelona. Gosto da credibilidade do Leo, isso é muito importante - disse Laporta.
O nome de Víctor Font também não é novo na política do Barcelona. O candidato já tentou assumir a presidência do clube em 2018, mas não venceu, e também nunca exerceu um cargo dentro do clube. Font é um empresário conhecido por fazer parte da Delta Partners Group e ser um dos fundadores do jornal Diari ARA.
Font carrega consigo o projeto 'Sí al futur', que tem La Masía, as categorias de base do Barcelona, como ponto principal para o futuro do clube. Em seu plano, o grupo de Font diz que estão 'empenhados em oferecer às lendas do clube o melhor lugar para continuarem a compartilhar o seu talento no Barça, seja no banco de reservas, nos bastidores ou como representante do clube'.
Neste plano para assumir a presidência, Víctor Font tem Xavi como elemento-chave para o cargo de treinador. O ex-jogador e ídolo do clube catalão havia sido cogitado ainda na gestão Bartomeu, mas Ronald Koeman assumiu o cargo. Para Font, Xavi está pronto e deve assumir o Barça assim que possível.
O candidato não só acredita na permanência de Messi, mas planeja o futuro do craque no Barcelona até mesmo após a sua aposentadoria. No site em que o plano é apresentando, é dito que 'Messi é o melhor exemplo e deve permanecer no Barça. Temos um plano para permitir que ele continue servindo ao clube pelo resto da vida'.
De acordo com o jornal Marca, da Espanha, Víctor Font tem oito nomes como alvos de mercado para a próxima janela de transferências.
Eric García (Manchester City), Wijnaldum (Liverpool), Depay (Lyon), Bernat (PSG), Aguero (Manchester City), Hakan Çalhanoglu (Milan), Alaba (Bayern de Munique) e Rui Silva (Granada) são jogadores que estão em final de contrato e estão na mira de Font para a próxima janela.
Toni Freixa foi uma carta presente nas gestões de Laporta, Rosell e Bartomeu, e agora tenta ter o seu próprio período como presidente do Barcelona.
Freixa permaneceu como membro do conselho de administração do Barcelona até 2015, quando candidatou-se ao cargo de presidente pela primeira vez. Na época, conquistou 1.750 votos (3,70% do total), sendo o menos votado entre os quatro candidatos.
O catalão manifesta o seu apoio à permanência de Ronald Koeman no comando do Barcelona, e já anunciou que Lluís Carreras, ex-jogador revelado pelo Barça, será o seu diretor de futebol.
O candidato diz também que Xavi deve começar pelo time B do clube catalão, assim como Pep Guardiola fez em sua chegada ao comando do time.
- Fiquei muito animado. Vi um Lionel sabendo como está o clube, colocando o Barça à frente de tudo e querendo jogar e ter sucesso. Se eu for presidente sei o que direi a ele e, acima de tudo, irei ouvi-lo - disse Toni Freixa.
As categorias de base do Barcelona também são vitais para Toni Freixa, que critica a desvalorização dos jogadores.
- É uma consequência de trazer 50 ou 60 jogadores que não vêm do nosso futebol de formação e que respondem a interesses externos. Os jovens percebem que têm um obstáculo pela frente e vão embora. Não tem havido confiança nos jogadores da casa, só no Ansu, mas porque ele é ótimo. Araujo e Mingueza não teriam tido oportunidade se Piqué e Umtiti não tivessem se machucado - falou.
As eleições do Barcelona ocorrem neste domingo, e o futuro de um clube em crise está em jogo.