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Entenda a crise que fez o Boca Juniors tentar tirar Zubeldía do São Paulo

Estilo personalista de Riquelme, ex-jogador e atual presidente do clube, é um dos problemas

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Riquelme é o atual presidente do Boca Juniors e busca um novo técnico para a equipe (Foto: Juan Mabromata / AFP)

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O interesse do Boca Juniors no técnico Luís Zubeldía, do São Paulo, foi curto, mas escancarou a crise que o clube argentino tem atravessado nos últimos meses, com problemas dentro e fora dos gramados.

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O gigante sul-americano não vence há quatro jogos: um empate por 1 a 1 contra o Talleres, pela Copa da Argentina, com classificação para as quartas de final nos pênaltis; e três derrotas consecutivas diante de Racing (2 a 1), River Plate (1 a 0) e Belgrano (2 a 0).

Antes disso, a equipe foi eliminada pelo Cruzeiro nas oitavas de final da Copa Sul-Americana, nos pênaltis. Os resultados negativos resultaram na queda do técnico Diego Martínez, oficializada no último domingo (29).

Com carreira pouco expressiva (comandou Godoy Cruz, Tigre e Huracán antes de chegar ao Boca), o profissional de 45 anos nunca foi unanimidade no clube. A rejeição, no entanto, não é consequência apenas da idade ou do currículo com poucos títulos (conquistou apenas a segunda divisão de 2021, pelo Tigre): Martínez nunca foi a primeira opção de Juan Román Riquelme, ídolo e atual presidente do clube.

- Ele escolheu um técnico sem grande experiência, quase que por eliminação. Não havia outro. É muito difícil para o Boca escolher alguém que não tenha passado pelo clube, pela desconfiança que provocaria na torcida. Não tem um técnico fácil de escolher, Carlos Bianchi não está mais disponível - explica Juan Pablo Méndez, repórter do "Olé", tradicional jornal argentino.

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Riquelme costuma colocar amigos dos tempos de jogador (foto) em cargos estratégicos do Boca Juniors (Foto: AFP)

Além da escolha do treinador e da má atuação no mercado, Riquelme se tornou alvo de críticas pela maneira personalista como administra o clube. Prova disso é que o ex-jogador costuma contratar amigos para cargos considerados estratégicos, inclusive o de treinador, desde quando era apenas vice-presidente do Boca (entre 2020 e 2023).

O primeiro foi Miguel Ángel Russo, técnico com o qual trabalhou - e venceu a Libertadores - em 2007, entre os anos de 2020 e 2021. Na sequência, repetiu a dose com o ex-volante Sebastián Battaglia, entre 2021 e 2022, e o ex-lateral Hugo Ibarra, entre 2022 e 2023.

Diego Martínez, embora não seja amigo, foi contratado, entre outras coisas, por não ter peso o suficiente para encarar o dirigente. E seu substituto deve ser, mais uma vez, alguém que nutre relação íntima com Riquelme: o ex-volante Fernando Gago, que tem conversas adiantadas para dirigir o Boca Juniors - mas ainda não foi confirmado.

Diante deste cenário, o que fez Zubeldía entrar na mira do clube então? Para Juan Pablo Méndez, a resposta está no fato do técnico do São Paulo ser um profissional argentino com bons trabalhos no exterior.

- Zubeldía foi relacionado (ao Boca) basicamente porque fez sucesso na LDU, vai relativamente bem no São Paulo e é argentino. Não é fácil para Boca escolher um técnico estrangeiro. Ou seja, naturalmente, seria vinculado a dirigir o Boca. Mas está descartado, aparentemente - analisa o jornalista.

Zubeldía, técnico do São Paulo
Trabalhos na LDU (Equador) e no São Paulo colocaram Zubeldía na mira do Boca Juniors (Foto: Alexandre Loureiro/AGIF)

Um rei e seus súditos

Embora seja o presidente, Riquelme não dirige o Boca Juniors sozinho - ao menos em tese. Ao seu lado, há um Conselho de Futebol, órgão formado por três membros que auxiliam o dirigente a tomar decisões. Curiosamente, os três são ex-jogadores da equipe - e amigos do mandatário: Maurício Serna, Jorge Bermúdez e Raúl Cascini.

Pessoas que acompanham o dia a dia do clube afirmam: os três seguem o dirigente quase como se fossem súditos atrás de um rei. Embora pitoresca, a cena não surpreende. A idolatria do ex-camisa 10 é tamanha que lhe rendeu mais de 30 mil votos nas eleições do clube, em dezembro de 2023. Foi quem mais recebeu votos na história.

Isso faz com que, entre outras coisas, a torcida tenha um pouco mais de paciência com os erros do ex-jogador. Os jogadores, por outro lado, não têm a mesma sorte. Recentemente, após a derrota para o River Plate, alguns atletas se envolveram em confusão com torcedores que direcionavam xingamentos para o campo.

- Acho que o personalismo de Riquelme, como presidente do clube, está jogando um pouco contra o Boca. Mas a torcida vai seguir o apoiando por enquanto - cravou Juan Pablo Méndez.

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Riquelme no meio da torcida: ex-jogador foi o presidente do Boca Juniors eleito com mais votos na história (Foto: Julian Alvarez / AFP)

Vale lembrar que o Boca Junior ocupa atualmente a modesta 13ª posição do Campeonato Argentino, e está longe de uma vaga para a próxima Libertadores. Garantem participação no torneio os campeões da Primeira Divisão, da Copa Argentina (que o clube ainda disputa e está nas quartas de final) e da Copa da Liga Argentina.

Os três melhores terceiros colocados da classificação geral de 2024 (somando os campeonatos do primeiro e do segundo semestre), também ganham vaga para a Libertadores. O Boca, no entanto, é somente o oitavo colocado da tabela. Mesmo com grandes chances de não disputar o principal torneio do continente, o clube está garantido no novo Mundial de Clubes da Fifa de 2025.

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