Opinião: Existem coisas que nem o futebol é capaz de explicar
Aos 49 minutos do segundo tempo, Alisson, goleiro do Liverpool, foi à área adversária e marcou o gol que garantiu os Reds vivos na disputa pela vaga na Liga dos Campeões
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49 minutos do segundo tempo. No The Hawthorns, estádio do já rebaixado West Bromwich, o Liverpool precisava de um gol para seguir vivo na disputa pelo quarto lugar da Premier League, que dá acesso à vaga na Liga dos Campeões do próximo ano. Como de costume em momentos de desespero, o goleiro vai para a área. Sem pretensões? Eu duvido.
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Alisson foi para a área como quem queria o gol. Ele precisava do gol. O momento individual e coletivo não é o mesmo que outrora trouxe a Premier League e a Liga dos Campeões à Anfield. Mas existem coisas que nem o futebol explica. Aos 49 minutos do segundo tempo, Alexander-Arnold cobrou o escanteio e o goleiro brasileiro subiu mais alto do que todo mundo para que, com uma linda cabeçada no contrapé adversário, garantisse os três pontos para a equipe comandada por Jürgen Klopp.
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A felicidade dos companheiros ao verem o gol do brasileiro diz muita coisa sobre o elenco dos Reds. Klopp parece formar uma família por onde quer que vá. E no Liverpool não seria diferente. Praticamente todos os jogadores que estavam em campo correram para abraçar Alisson, que se emociona muito. E não poderia ser de outra forma.
José Agostinho Becker, de 57 anos, pai dos goleiros Alisson e Muriel, faleceu há cerca de três meses. Ele nunca havia visto nenhum dos filhos marcar gols. Não estava acostumado com isso. Mas ontem, de lá do céu, ele pulou e comemorou mais do que qualquer torcedor da equipe inglesa.
Ao apontar para o céu após marcar, Alisson sabia que seu pai estava o assistindo. E José sabia que seu filho estava o homenageando. As lágrimas do goleiro em um momento de emoção foram sentidas por todos. "Tenho certeza que meu pai está celebrando agora em algum lugar", disse o atleta à Sky Sports.
O gol de Alisson foi o primeiro de um goleiro na história do Liverpool. Também foi a primeira vez em que o brasileiro balançou as redes. Quando eu disse que ele foi para marcar, não é da boca para fora. O filho de José subiu e testou como um verdadeiro atacante. Um lance plástico que poderia ser protagonizado por poucos.
Nas redes sociais, o Liverpool pediu para que o lance fosse colocado em um dos museus mais importantes do mundo: o Louvre, em Paris. No YouTube, no canal oficial do clube, um vídeo de quase seis minutos com todos os ângulos possíveis do gol.
Poderia ser com uma defesa sensacional (o que seria mais provável), mas a história precisava ser escrita com o nome dele na ficha técnica. Gol. Alisson. Aos 49 minutos do segundo tempo.
Quando se perde alguém querido, escancara a necessidade de se apegar em algo. Talvez o momento não fosse tão bom, mas Alisson nunca deixou de ser um goleiro de Seleção Brasileira. Aponta para o céu, filho de José. O momento é de vocês.
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