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Gramado sintético: como os clubes da Champions League entram no discurso?

Assunto virou alvo de polêmica entre equipes do futebol brasileiro

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imagem cameraGramado sintético virou assunto polêmico entre clubes do Brasil (Foto: Tiago Winter/Barra FC)
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Lucas Borges
Rio de Janeiro (RJ)
Supervisionado porPedro Werneck
Dia 19/02/2025
13:57
Atualizado há 2 horas

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O famigerado assunto "gramado sintético" tomou conta do panorama do futebol brasileiro nos últimos dias. Jogadores se posicionaram contra a utilização do piso artificial, por aspectos como a diferença no jogo e o número de lesões, e optaram por dar apoio ao retorno da naturalidade no chão de estádios relevantes no país, como o Allianz Parque e a Ligga Arena.

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➡️ Neymar, Gabigol e mais jogadores iniciam campanha contra gramado sintético

Entretanto, a discussão praticamente não existe quando avançamos ao holofote atual do ludopédio: a Europa. Em análise na principal competição de clubes do continente, a Champions League, percebe-se que a utilização do sintético é praticamente invisível, e o consenso é de que atuar na grama plantada favorece a prática do futebol.

🏟️ Quantos times da Champions usam o gramado sintético?

Dos 32 clubes que jogaram a fase de liga da edição de 2024-25, apenas um tinha gramado artificial em seu estádio: o Young Boys, que manda os compromissos no Stadion Wankdorf. Todas as outras 31 equipes participantes usam a grama natural em suas arenas espalhadas pelo continente. Apesar do trunfo, os aurinegros jogaram quatro vezes em seus domínios na competição e foram derrotados em todas, caindo para Aston Villa, Inter de Milão, Atalanta e Estrela Vermelha.

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Na última temporada, o Manchester City de Pep Guardiola visitou os suíços em Berna, e o treinador espanhol se mostrou ser contra o sintético em entrevista coletiva ao analisar o confronto.

- Campos de grama são melhores do que os artificiais. 99% dos principais clubes jogam em grama; caso contrário, a Uefa e a Fifa escolheriam jogar exclusivamente em campos artificiais. É apenas senso comum. Em todo caso, se a Uefa permite que jogos sejam disputados no estádio do Young Boys, é porque o campo está em boas condições. É por isso que viajamos cedo quando chegamos a Berna: para permitir que os jogadores cheguem ao campo mais cedo e entendam melhor a superfície, como a bola se move, como correr para a esquerda, para a direita, para trás e para a frente - explicou o comandante.

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📝 O que o regulamento da Uefa diz sobre o gramado sintético?

A reclamação de Guardiola, porém, cai por terra no regulamento da competição. A Uefa permite, de forma assegurada em seu regulamento, que gramados sintéticos sejam utilizados em jogos da Champions League, excetuando a final - já que a própria decide o local do jogo único. Veja abaixo o que diz o órgão principal do futebol europeu:

"Artigo 35.1: Com exceção da final, que será jogada em grama natural, jogos na competição podem ser jogados em gramados artificiais, segundo o Regulamento de Infraestrutura dos Estádios da Uefa. Qualquer estádio onde o campo de jogo está equipado com grama artificial deve ter o certificado FIFA Quality Pro, válido por toda a duração da competição.

Artigo 35.2: O clube mandante é totalmente responsável por alcançar os requerimentos acima e, se necessário, concluir os acordos apropriados com o dono da grama artificial, em particular os que se relacionam a:
1. trabalho de manutenção e medidas de melhora contínua; e
2. medidas de segurança e ambientais conforme estabelecido no Programa de Qualidade da FIFA para Gramados de Futebol – Manual de Requisitos e no Programa de Qualidade da FIFA para Gramados de Futebol – Manual de Métodos de Teste.

Artigo 35.3: O clube mandante precisa de garantias suficientes relacionadas ao material e à instalação da grama artificial por parte dos proprietários, dos fabricantes e dos instaladores.

Artigo 35.4: A Uefa não pode ser responsabilizada por nenhum problema com terceiros resultante do uso da grama artificial."

Stadion Wankdorf - Young Boys
Stadion Wankdorf, do Young Boys, foi o único de gramado sintético na fase de liga da Champions (Foto: Reprodução)

🌍 Por que se usa pouco o gramado sintético na Europa?

A utilização da grama sintética em certos estádios se deve ao cuidado com a influência climática nos países. Este tipo de piso, por exemplo, facilita que o campo seque mais rápido em relação a chuvas fortes e tempestades de neve. Países caracterizados por invernos rigorosos, portanto, costumam optar pelo uso do artificial, para manter a bola rolando com facilidade e evitar que atletas passem os 90 minutos derrapando nas ações das partidas.

Entre clubes que optam por se basear no clima típico local para adotar este tipo de piso, além do Young Boys, estão o Bodo/Glimt-NOR e o Elfsborg-SUE, que enfrentaram recentemente a Roma em campanhas continentais. Na visita à Noruega, os Giallorossi foram derrotados por 6 a 1, na pior derrota da carreira de José Mourinho como treinador.

- A Roma, quando tinha Mourinho, veio jogar aqui no inverno com dois metros de neve em volta do estádio, temperaturas negativas e um gramado muito rápido, ainda mais com o gelo. Muitos times visitantes, quando chegam habituados ao campo natural, sobem à Noruega e encaram dias complicados - analisou David Ribeiro, treinador-adjunto do Valerenga-NOR.

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Para a prática do futebol de toques, com extrema aplicação tática e obediência ao entendimento do jogo, como é hoje, urge a necessidade do gramado natural. O piso, quando feito com qualidade desde o plantio até o alinhamento, enfrenta menos variações e ajuda os atletas.

- Faz muita diferença, obviamente. Acho que é muito melhor. Pode ser que seja mais difícil manter um bom gramado, até por questões econômicas, mas a nível de qualidade de jogo, de a bola andar rápido e de proteger os jogadores contra lesões, o gramado natural é sempre muito melhor - afirmou Bernardo Silva, astro do Manchester City.

Dentro da discussão, especialistas estudam, atletas reclamam, mas ainda não há um gabarito sobre o que é melhor. Arriscar uma manutenção pesada do gramado natural, com investimentos, variação climática e excesso de jogos - ainda mais no calendário do Brasil -, ou manter o sintético menos desgastante, porém mais seco e com uma diferença no rolar da bola. Fato é que a briga não é nova e, pelo visto, não será resolvida tão cedo.

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