Gramado sintético: Sevilla explica métodos de cuidado e manutenção com piso de estádio referência na Europa
Em entrevista ao Lance!, clube espanhol revelou ajuda de La Liga e passos para manter-se como modelo no assunto
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Sintético ou natural? A discussão sobre o melhor tipo de gramado se estendeu fortemente nos últimos dias. Jogadores do futebol brasileiro se posicionaram e organizaram uma campanha contra o uso da grama artificial; clubes que se utilizam do recurso defenderam sua escolha. Fato é que o gabarito do assunto está longe de ser anunciado publicamente no país.
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Por outro lado, o futebol europeu tem escolhas assertivas dentro da análise, e os repletos investimentos feitos favorecem a capacidade de unilateralismo. No alto escalão do futebol europeu, nenhum time dos 16 sobreviventes na Champions League tem o artefato em seu estádio, por exemplo.
Com isso, o Lance! conversou com especialistas no assunto para entender cuidados em uma das referências do assunto no Velho Continente. A reportagem entrou em contato com os responsáveis pelo gramado do Ramón Sánchez Pizjuán, estádio do Sevilla, exemplo de qualidade no local, e recebeu explicações sobre o processo do gramado natural amplamente elogiado pelos atletas.
Conhecido carinhosamente como "A Bombonera de Nervión", em alusão ao vibrante estádio do argentino Boca Juniors, o Pizjuán recebe cuidados específicos por parte do Sevilla, que tem uma rede de pessoas que destinam sua atenção ao pátio de ação dos atletas. Com a utilização de máquinas, produtos biológicos e a variação do piso entre as estações extremas do ano, o gramado se mantém intacto e adaptado para os jogos na Andaluzia.
- Em termos gerais, gerimos dois tipos de espécies vegetais adaptadas a diferentes climas. Para estações quentes, utilizamos uma base de grama bermuda, que permanece instalada permanentemente. No inverno, replantamos com a variedade fria, eliminada com o aumento das temperaturas. A estratégia, implantada desde 2009, nos permite manter um campo de elevada qualidade sem necessidade de substituição anual - explicou Carlos Venegas Gamero, chefe da manutenção do gramado sevilhano.
Diferentemente do que acontece com o futebol brasileiro, a direção de La Liga oferece suporte aos clubes para os cuidados com o campo. A organização do campeonato entende que o auxílio é necessário para manter a visibilidade em dia, valorizando seu produto, e qualificar o futebol praticado por craques da atualidade, como Vini Jr, Mbappé, Yamal e Griezmann.
➡️ Gramado sintético: como os clubes da Champions League entram no discurso?
- A direção de La Liga dispõe de um grupo de trabalho constituído por técnicos especializados das equipes da primeira e da segunda divisão. Ela mantém contato permanente com todos os clubes ao longo da temporada. Além disso, eles possuem um departamento de qualidade que monitora continuamente o estado dos gramados e presta assistência técnica quando necessário - relatou Gamero, que trabalha na função há mais de 18 anos.
Na realidade do Brasil, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) presta orientações aos clubes em relação a serviços de preparação, mas não há, no programa de auxílio, citações sobre investimentos por conta própria. Por isso, boa parte das diretorias optam por reduzir custos de manutenção se baseando na instalação dos gramados sintéticos, que geram menor necessidade de cuidados contínuos e também passam por um menor desgaste, oferecendo variações baseadas apenas na questão climática - quique da bola, aceleração elevada e derrapamento nos períodos de irrigação excessiva.
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Existe um consenso entre os clubes do grande escalão na Europa de que o sintético não é a melhor opção, escolhendo fazer os investimentos no gramado natural. Dos 32 clubes que disputaram a fase de liga da Champions de 2024-25, apenas o Young Boys, da Suíça, usava o artificial em seu estádio, o Wankdorf; a justificativa está nas temperaturas baixas, já que o sintético facilita uma rapidez maior no que tange à sequidão após chuvas fortes e tempestades de neve.
- O campo artificial é uma alternativa para superfícies de uso intensivo, mas nunca atinge a qualidade de um campo natural com conservação boa. Nas competições de La Liga, os profissionais realmente não consideram a grama sintética uma opção viável para equipes e jogos de alto rendimento - completou Carlos.
Sobre o estádio Ramón Sánchez Pizjuán
Considerado uma referência na Europa, o Ramón Sánchez Pizjuán teve seu terreno comprado em 1937, pelo presidente homônimo, mas as obras só foram iniciadas 19 anos depois. O primeiro jogo, não oficial, aconteceu em 7 de setembro de 1958, em empate por 3 a 3 entre Sevilla e Real Jaén. Oficialmente, o duelo inaugural foi justamente o Dérbi da Andaluzia, pela segunda rodada do Campeonato Espanhol de 1958-59, com vitória do lado verdiblanco da cidade por 4 a 2.
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