Ao LANCE!, Bruno Guimarães fala sobre Lyon e Olimpíadas: ‘É possível conquistar o bicampeonato olímpico
Volante brasileiro do Lyon falou ao L! sobre sua experiência no futsal, a passagem em Athletico e Lyon até chegar à Seleção Olímpica
Em entrevista ao LANCE!, Bruno Guimarães, volante do Lyon e da Seleção Olímpica, falou sobre as características de seu estilo de jogo sendo formadas desde a infância no futsal, sobre como é chegar às semifinais de Champions League e ainda comentou sobre as Olimpíadas.
Veja a tabela do futebol olímpico
Começou o Brasileirão! Conheça o aplicativo de resultados do LANCE!
Ao L!, Bruno Guimarães falou sobre a influência do futsal em sua carreira no futebol. A formação do jogador nas quadras, em sua visão, foi essencial para adquirir determinadas características que foram levadas, em sequência, aos campos.
- Principalmente o jogo curto e o pensamento mais rápido que os outros. Dominar a bola já observando atrás. O futsal, como é um jogo mais curto, você tem que sempre estar virando o pescoço, olhando para trás. Eu, como jogo no meio-campo, tenho que sempre estar fazendo isso no futebol de campo. Acho que o domínio, o controle de bola, o pensamento mais rápido que os outros… eu vejo isso como principal diferencial do salão, que eu carrego comigo até hoje - disse Bruno Guimarães.
O jogador, que chegou a atuar no futsal de clubes como Flamengo, Helênico e Pentágono, falou sobre a rotatividade de posições que o esporte impõe e como isso foi importante para que ele absorvesse uma noção maior do jogo.
- Hoje, na posição de volante, você marca e ataca. Antigamente tinha aquela questão que o primeiro volante, o cabeça de área, ficava para ajudar a defesa, enquanto o outro jogava mais como um meia ofensivo. Hoje não tem mais isso. Hoje todo mundo, hoje todo mundo marca. Essa rotatividade que o futsal tem é muito importante. Eu, quando jogava, era fixo, mas sempre aparecia na segunda trave para fazer gol. Então eu vejo essa rotatividade sendo muito importante - seguiu.
Em seguida, Bruno Guimarães falou ao LANCE! sobre seu tempo no Athletico Paranaense e como seus dois treinadores no clube, Fernando Diniz e Tiago Nunes, o ajudaram para ser ainda mais completo como volante.
- Eu aprendi muito com isso, com todos os treinadores que eu tive, principalmente com o Fernando Diniz e mais ainda com o Tiago Nunes. Ele (Tiago) era um cara que me cobrava muito para eu pisar na área, dar assistências, fazer gols. Eu sempre fui um cara que preferia dar passe a fazer gol, mas ele me cobrava muito para fazer gol. Dizia que “quem aparecia era quem fazia gol”. Então foi um cara que me cobrou muito isso. Eu já tinha isso comigo de marcar, mas a questão de me cobrar, de ser um ‘box-to-box’, de pisar na minha área e na área do adversário eu aprendi muito com o Tiago. Eu vejo que isso me abriu muitas e muitas portas - adicionou.
Ainda sobre o Athletico, o jogador que conquistou a Copa do Brasil e a Copa Sul-Americana pelo clube paranaense também garantiu que a experiência com Diniz e Tiago Nunes foi essencial para torná-lo um jogador capaz de jogar em alto nível na Europa.
- Hoje em dia o futebol é muito moderno, muito dinâmico. Você tem que estar pronto para todas as situações. Você tem que marcar, você tem que fazer gol, tem que tirar bola de carrinho em cima da linha para defender… Então acho que isso que eu aprendi no Athletico. O jogador que eu me tornei no Brasil, guardo muito para utilizar na Europa - disse Bruno.
Ao sair do Athletico Paranaense, Bruno Guimarães precisou fazer uma escolha importante relacionado ao seu futuro na Europa. O jogador teve que decidir entre Atlético de Madrid, clube que tinha a preferência de compra, e Lyon, que contava com Juninho Pernambucano como diretor.
- Escolher entre o Atlético de Madrid e o Lyon foi uma das decisões mais difíceis da minha carreira. Mas eu acabei dando preferência ao clube que mais me deu preferência. O Atlético de Madrid tinha minha prioridade de compra durante seis meses, mas não exerceu. A partir do momento que eu fui para a Seleção Olímpica, onde eu me destaquei, eles voltaram atrás, quiseram me contratar, mas naquele momento eu senti que deveria dar preferência a quem me preferiu - falou.
A escolha de Bruno pelo Lyon ao invés do Atlético de Madrid foi explicada na entrevista ao LANCE!.
- Eu senti que no Lyon eu seria abraçado, que eu seria mais importante naquele momento para o Lyon do que para o Atlético de Madrid. Foi por isso que eu escolhi o Lyon. Também pela confiança do Juninho Pernambucano, que é o ‘Reizinho’ aqui. E ter o aval do diretor, que para mim é o jogador mais importante da história do clube, é um grande passo. Mas como eu disse, não foi uma decisão fácil, foi bem difícil, enfim… Hoje estou aqui no Lyon, já vou completar um ano e seis meses de clube. Estou feliz com a minha decisão - disse.
Já em sua primeira temporada na Europa, Bruno Guimarães viu a pandemia de Covid-19 parar com o futebol na França e em outros países do mundo. O jogador falou sobre os desafios de lidar com a mudança para um país diferente.
- Avalio de forma positiva. Fico triste pela situação, pois tinha chegado muito bem, aparecendo bastante nos meus primeiros jogos de Champions, mas logo em seguida veio a pandemia da Covid-19. O futebol parou, ficamos cinco meses parado, eu me machuquei. Foi uma temporada de muitos altos e baixos, mas foi uma temporada que eu aprendi muito. Uma nova cultura, um novo país, novos desafios, novos companheiros, uma nova língua… foi bem diferente, mas eu avalio de forma muito positiva - avaliou.
Ainda em sua primeira temporada, Bruno Guimarães foi peça importante em uma época positiva do Lyon, que conseguiu chegar nas semifinais da Champions League, caindo para o Bayern, que acabou como o campeão da competição.
- Na minha primeira temporada eu já cheguei na semifinal de Champions League, fomos vice da Copa da França para o PSG nos pênaltis. Neste ano estamos buscando uma vaga na Champions League, já que o título ficou um pouquinho mais difícil, mas há muito tempo o Lyon não fazia uma campanha como nós estamos fazendo hoje, então eu avalio de forma bem positiva - adicionou.
No Lyon, Bruno passou a formar uma dupla com o brasileiro Lucas Paquetá, meia ex-Flamengo que recuperou a boa fase na França após passagem não tão boa pelo Milan.
- Eu me dou muito bem com o Lucas Paquetá, nós já éramos amigos antes dele vir para cá, nós já tínhamos uma boa relação. Ele ter vindo para o Lyon foi muito bom para a carreira dele, ele está confiante, tem feito um ótimo campeonato e é um dos nossos principais jogadores na temporada. É uma pessoa do bem, uma pessoa que trabalha, e eu me dou super bem com ele. Gosto de jogar com ele e ele também se sente bem jogando comigo. Acho que ele é uma grande pessoa, e avalio a chegada dele de forma muito positiva, e isso fez muito bem para a carreira dele - comentou.
Bruno Guimarães também comparou o futebol brasileiro com o futebol europeu, principalmente o francês, e garantiu que a intensidade do jogo é um fator primordial para a diferença.
- Principalmente o físico e a intensidade. Aqui no Lyon a média percorrida por partida é de 12 quilômetros. No Brasil, tinha jogo que eu corria 10, 11 quilômetros. Então são quase dois quilômetros de diferença por jogo. Aqui é muito mais intenso, os times são mais compactos. No Brasil nós temos mais jogadores criativos e de mais qualidade, mas aqui eles são muito rigorosos na questão tática, seguem muito o comando do treinador. Acho que essas são as maiores diferenças do futebol francês para o futebol brasileiro - comparou.
Para avaliar o que o futsal e a sua experiência no Athletico Paranaense adicionaram no seu jogo, Bruno fez uma avaliação final de suas características e o que o futebol europeu também influenciou.
- Eu sempre fui um jogador que gostou muito de ter a bola, de participar do jogo. Carrego isso comigo desde pequeno, isso foi muito importante na minha formação. Aqui no Lyon eu tenho feito algo que não fazia muito, que é marcar um pouco mais, de jogar em contra-ataque. Desde pequeno eu sou acostumado a jogar mais com a bola, de ter a posse a maior parte do jogo. Então essa mudança é algo que eu estou aprendendo agora. Mas o meu estilo do futsal eu carrego até hoje, de querer estar sempre perto da bola, sempre dando passe, movimentando - disse.
Por fim, o camisa 39 do Lyon também comentou sobre a Seleção Olímpica, dizendo que, além das Olimpíadas de Tóquio, gostaria também de ter entrado na lista para a Copa América, pois quer jogar de tudo com a camisa verde e amarela.
- O pensamento é esse (conquistar o bicampeonato olímpico). Espero estar na lista. Como já falei, eu sou fominha. Quero jogar a Copa América, quero jogar as Olimpíadas, quero estar sempre jogando com a camisa da Seleção, que sempre foi um sonho. Eu vejo o Brasil com um grande potencial para conquistar o ouro olímpico. Que bom que nós ganhamos da última vez, tirou esse peso de nunca ter vencido. Era uma coisa que, querendo ou não, ficava em cima dos outros jogadores. Acho que nós temos uma boa seleção. Temos muitos jogadores com a idade olímpica. Se eu for citar agora eu vou lembrar do Pedro, Lucas Paquetá, Gerson, Richarlison, Gabriel Jesus, Vini Jr., Rodrygo, Militão… É uma safra muito boa, de grandes jogadores, e eu acho que nós temos um grande time e um grande elenco, e que é possível conquistar o bicampeonato olímpico - concluiu.