Lei Marcial na Coreia do Sul colocaria o futebol em risco no país?
Medida foi adotada no país asiático, mas revogada horas depois após pressão popular
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A Lei Marcial instaurada na Coreia do Sul na terça-feira (3) deixou todo o povo local em alerta. O presidente Yoon Suk Yeol decretou a imposição do domínio militar de forma surpreendente e fora do que é praticado pela nação asiática há décadas.
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Ainda que, horas depois, o mandatário tenha recuado e revertido a decisão por conta da repercussão amplamente negativa entre o povo, a situação segue como um choque para todo o mundo. Em um país que tem como símbolo de orgulho o comprometimento com a democracia, os protestos e pedidos de impeachment seguem tomando as ruas.
E no futebol, não é diferente. Apesar do fim da temporada local, a K-1 League conta com diversos brasileiros espalhados por respectivos times. Por isso, o Lance! procurou entender a situação de uma forma mais profunda na Coreia do Sul.
🤔 O que é a Lei Marcial?
Para compreender a situação, faz-se imperioso entender o que é uma Lei Marcial de fato. Segundo especialistas no assunto, a imposição da decisão é uma espécie de restrição parcial de alguns direitos aos cidadãos de um país, bem como uma submissão maior dos próprios aos órgãos e autoridades militares.
A promulgação da lei costuma acontecer em situações de risco, como desastres naturais que prejudicam o país de forma ampla ou eclosões de guerras repentinas. Ao declarar a decisão, Yoon justificou a batida de martelo como uma resposta a ações da oposição, que estaria tentando "incitar a rebelião com um comportamento claramente antiestatal".
⚽ E como ficaria o futebol diante da Lei Marcial?
Com a adoção da Lei Marcial, o futebol na Coreia do Sul não estaria em risco em uma primeira análise. A bola continuaria provavelmente a rolar em 2025, mas, nas arquibancadas, a segurança militarmente centralizada poderia proibir, por exemplo, manifestações políticas contrárias ao governo de Yoon Suk Yeol.
A suspensão de garantias civis previstas em uma aberta democrática também poderia ser um efeito da Lei Marcial, mas de fato não se sabe quais seriam os reflexos da situação nas ligas locais. Dentro das legalidades, atletas poderiam ser enviados para auxiliar nas Forças Armadas e desfalcar seus respectivos times, ou até mesmo a boa seleção nacional, por um longo tempo.
Na Coreia do Sul, existe uma relação assertiva das obrigações militares que já afetou futebolistas em determinadas ocasiões. Heung-min Son, craque do Tottenham, chegou a ser convocado para o alistamento durante sua carreira, mas um acordo com o governo fez com que a conquista dos Jogos Asiáticos de 2018 se tornasse um redutor amplo do período de serviço de dois anos para três semanas, cumpridas durante a paralisação do futebol em 2020. Já em novembro de 2024, notícias na imprensa europeia apontaram que o zagueiro Kim-min Jae, do Bayern, cumpriu boa parte do serviço obrigatório antes de deixar o Napoli rumo a Munique, em 2023, e completaria a missão de forma remota.
O Lance! entrou em contato com alguns jogadores brasileiros que têm contrato com clubes sul-coreanos. Entretanto, após o fim da K-1 League de 2024, muitos voltaram para o Brasil ou deixaram os centros da Coreia do Sul, e não estão por dentro da situação, mas disseram que estão bem e ainda não foram comunicados pelas respectivas diretorias sobre o futuro no país.
👀 Veja a lista de atletas brasileiros que jogam na Coreia do Sul:
🐅 Daegu: Edgar Silva, Cesinha, Lucas Barcelos e Caio Marcelo
🐅 Jeonbuk Motors: Andrigo, Tiago Orobó e Hernandes
🐅 FC Seoul: Willyan e Lucas Silva
🐅 Jeju United: Reis, Italo, Yuri Tanque e Galego
🐅 Pohang Steelers: Wanderson, Oberdan e Jorge Teixeira
🐅 Gangwon: Welinton Júnior e Vitor Gabriel
🐅 Daejeon: Leandro Ribeiro, Victor Bobsin e Kelvin
🐅 Ulsan Hyundai: Matheus Sales e Yago Cariello
🐅 Gwangju: João Magno e Gabriel Tigrão
🐅 Suwon FC: Anderson Oliveira
Na última temporada, Matheus Sales e Yago Cariello sorriram no fim ao conquistar o Campeonato Sul-Coreano. O ex-Palmeiras entrou em campo em 12 oportunidades, assim como o cria da base do América-RJ. Ao todo, o Ulsan Hyundai fez 72 pontos em 38 partidas, e por ter bom desempenho no ranking da Confederação Asiática de Futebol (AFC) nos últimos quatro anos, estará no Super Mundial de Clubes de 2025.
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📄 Confira a nota de promulgação da Lei Marcial na Coreia do Sul:
“Para proteger a democracia liberal da ameaça de derrubar o regime da República da Coreia por forças antiestatais ativas na República da Coreia e para proteger a segurança do povo, o seguinte é declarado em toda a República da Coreia a partir das 23:00 em 3 de dezembro de 2024:
- Todas as atividades políticas, incluindo as atividades da Assembleia Nacional, conselhos locais e partidos políticos, associações políticas, comícios e manifestações, são proibidas.
- Todos os atos que negam ou tentam derrubar o sistema democrático liberal são proibidos, e notícias falsas, manipulação da opinião pública e propaganda falsa são proibidas.
- Todas as mídias e publicações estão sujeitas ao controle do Comando da Lei Marcial.
- Greves, paralisações de trabalho e comícios que incitem o caos social são proibidos.
- Todo o pessoal médico, incluindo médicos estagiários, que estejam em greve ou tenham deixado a área médica devem retornar aos seus empregos dentro de 48 horas e trabalhar fielmente. Aqueles que violarem serão punidos de acordo com a Lei Marcial.
- Cidadãos comuns inocentes, excluindo forças antiestatais e outras forças subversivas, estarão sujeitos a medidas para minimizar inconveniências em suas vidas diárias.
Os infratores da proclamação acima podem ser presos, detidos e revistados sem mandado de acordo com o Artigo 9 da Lei Marcial da República da Coreia (Autoridade de Medidas Especiais do Comandante da Lei Marcial) e serão punidos de acordo com o Artigo 14 da Lei Marcial (Penalidades).
Comandante da Lei Marcial, General do Exército Park An-su, terça-feira, 3 de dezembro de 2024.”
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