Liverpool x Manchester United: um clássico bem musical
Dérbi deste domingo coloca frente a frente duas cidades fundamentais para o rock
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Domingo é dia do grande clássico na Premier League, Liverpool x Manchester United. A rivalidade entre as quatro linhas já é antiga entre as duas cidades. Deixo o futebol para os especialistas. Prefiro imaginar o clássico de North West como um grande jogo entre os principais músicos que as duas cidades produziram. Quem ganharia? Eu não me arriscaria a palpitar.
Qual seria a escalação de Manchester? The Hollies, a primeira banda bacana de rock formada na cidade, com os seus belos arranjos vocais, pode ser o goleiro. Na zaga, a força punk dos Buzzcocks e o rock progressivo de Peter Hammill, do Van der Graaf Generator. Na laterais, poderíamos escalar o pós-punk do Joy Division (ou New Order, após a morte de Ian Curtis) e do The Fall. Ou seja, a nata do rock britânico dos anos 80. Um volante recuado? Colocaria Mick Hucknall, do Simply Red, com a sua cabeleira vermelha. No meio, a banda cerebral de Manchester, The Smiths (apesar de ser difícil imaginar Morrissey jogando futebol), os Herman’s Hermits e as fantásticas harmonias vocais dos Bee Gees, que revolucionaram a era “disco” nos Estados Unidos. Nas pontas, o movimento Madchester do final dos anos 80 e início dos 90 representado por Stone Roses e Happy Mondays. No ataque, a capacidade goleadora de produzir clássicos do rock dos irmãos Gallagher, do Oasis. Nada mal, não?
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E a escalação de Liverpool? A coisa complica. Se Manchester está mais para um time galáctico, tal qual aquele Real Madrid de Casillas, Zidane, Raul, Ronaldo, Beckham, Figo, Roberto Carlos e outros, Liverpool pode ser a Argentina da Copa de 1986. Se o nosso rival ganhou aquela Copa por conta do talento único de Maradona, Liverpool não teria muita dificuldade em ganhar essa “partida” apenas com os Beatles. Certamente não seria necessário mais nada. Tudo bem, eles ainda contariam com Billy Fury (espécie de “Elvis Presley britânico”), Frankie Goes To Hollywood, The Zutons, Clinic, Ladytron, The Coral... Boas bandas, é verdade, mas que, ao lado dos Beatles, apareceriam como meros figurantes, da mesma forma que Pumpido, Ruggeri, Burruchaga e Valdano.
Agora o difícil mesmo é decidir quem é melhor. O time galáctico do Real Madrid ou a seleção argentina de 1986? A música de Manchester ou a música de Liverpool?
Luiz Felipe Carneiro é jornalista cultural, advogado e autor do livro
"Rock in Rio – A história do maior festival de música do mundo"
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