Matheus Cunha mostra ‘cartão de visitas’, sonha com Seleção principal e revela vontade de jogar no Brasil

Em conversa com o LANCE!, o artilheiro do Pré-Olímpico falou sobre Seleção Brasileira, racismo, futebol brasileiro, seu novo clube e sua amizade com Pepê, do Grêmio

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Um artilheiro brasileiro que fez a carreira na Europa. No Pré-Olímpico, um belo cartão de visitas aos que ainda não o conheciam. Matheus Cunha foi artilheiro do campeonato, com cinco gols, sendo dois deles no jogo decisivo contra a maior rival, a Argentina. Como qualquer jogador, a Seleção principal é o maior sonho, e já conta com o apelo de alguns torcedores.

- Olha, costumo brincar que toda vez que entro em campo pela Seleção existe esse questionamento (cartão de visita). O que fiz no Torneio de Toulon e nos amistosos que tivemos nesse período me aproximaram muito do público brasileiro. Claro que em um torneio com maior apelo do povo brasileiro essa aproximação aumenta. Sou muito feliz e grato por poder representar a Seleção.

Em relação à artilharia, o atacante passou no último jogo um dos destaques do torneio, o argentino Mac Allister, e não escondeu a alegria.

- Sensação única e indescritível. Nosso objetivo era a classificação para as Olimpíadas. Conseguimos. Felicidade em dobro por conseguir a classificação e também mais uma artilharia com a camisa da Seleção Brasileira. Foi também uma briga entre dois grandes amigos meus: Paulinho e Pepe. Isso mostra a força da nossa seleção - contou.

Apesar de só ter jogado nas categorias de base do Coritiba, o camisa 9 revelou o desejo de voltar ao Brasil no futuro e disputar um Brasileirão.

- Tenho um desejo muito grande de, um dia, disputar um Campeonato Brasileiro. É um desejo que possuo. Obviamente não penso nisso agora. Meu objetivo é construir uma linda carreira aqui no futebol europeu. Mas, penso sim, um dia disputar um Campeonato Brasileiro.

Além disso, o jogador agradeceu a criação da sua mãe e comentou sobre os casos de racismo sofridos por companheiros brasileiros na Europa.

- Não tive nenhum ocorrido mais específico contra mim, mas acompanhei muitos outros casos. A gente lamenta profundamente que, em 2020, ainda tenhamos que falar sobre esse assunto. Precisamos levantar a voz para esse tipo de atitude sim. Não podemos nos calar em casos desse tipo. Ter um mundo melhor passa, e muito, pelo combate a todo e qualquer tipo de discriminação. Os ensinamentos da minha mãe me ensinaram a entender o mundo de maneira mais rápida. Sou grato a ela pela criação que me deu - disse.

Confira a entrevista completa na íntegra com Matheus Cunha.

A Seleção empolgou na primeira fase, terminou jogando bem. No final se complicou um pouco e teve que ganhar o último jogo contra a Argentina para se classificar. Por que acha que o desempenho caiu e não conseguiram a classificação antes?
Matheus Cunha: Sabíamos que seria uma competição muito complicada. Enfrentamos adversários fortes e que estavam fazendo, contra nós, uma marcação muito pesada. Terminamos a competição invictos. Sem perder nenhuma partida. Claro que gostaríamos de termos tido resultados melhores contra Uruguai e Colômbia no quadrangular, mas o importante era a classificação. Buscar agora evoluir e melhorar visando as Olimpíadas.

Esse elenco tem muitos talentos conhecidos e admirados no país, além de alguns jogadores importantes que não foram liberados por seus clubes. A Seleção chega com muita pressão para as Olimpíadas, ainda mais sendo a atual campeã?
- A pressão ela vai existir independente do momento. Seja defendendo o título ou buscando, a pressão por vestir a camisa da Seleção Brasileira será sempre grande. Temos um grupo de jogadores experientes e que estão preparados para aguentar todo e qualquer tipo de pressão. Mostramos isso no jogo contra a Argentina.

Os torcedores estão encantados com o seu futebol, principalmente nas redes sociais. Como você reage a isso?
Com muita felicidade. Receber esse carinho da torcida brasileira é incrível. Vestir a camisa da Seleção Brasileira é uma grande conquista para mim e um orgulho enorme. Espero seguir podendo representar meu país fazer alegria ao povo brasileiro. Vestir a amarelinha é especial.

Acredita que poderá assumir a titularidade da Seleção principal nos próximos anos e jogar a Copa de 2022? Algumas pessoas já estão pedindo ao Tite para dar uma chance a você.
- Trabalho diariamente pensando, sim, ser convocado para a seleção principal. É um sonho que eu tenho. Tenho a consciência que para conseguir a convocação para principal, tenho que seguir fazendo o trabalho bem feito no meu clube e na seleção sub-23. É manter o foco e seguir evoluindo.

'Trabalho diariamente pensando, sim, ser convocado para a seleção principal.'

Por qual motivo você escolheu ir para o Hertha Berlim, que nesta temporada está lutando na parte de baixo da tabela, deixando o RB Leipzig, que era líder da competição na época?
- Por todo o projeto que me foi apresentado pelo Hertha. Recebi ligações e o carinho veio desde a primeira ligação do clube. Me senti parte do futuro do clube e estou muito feliz com a possibilidade de defender a equipe. Um clube com um projeto de longo prazo sensacional. Espero poder ajudar e que possamos ter grandes feitos.

Matheus Cunha assinou com o Hertha Berlin (Foto: Reprodução)

O Hertha está apenas a quatro pontos de diferença da zona dos playoffs e do rebaixamento. Você acha que já irá chegar ‘no fogo’, ainda mais depois do bom desempenho no pré-Olímpico?
- Irei chegar para buscar meu espaço e pensando em ajudar o clube a sair dessa situação. É nisso que estou focado. Que consiga repetir no Hertha o desempenho que venho tendo na Seleção Brasileira.

Sua amizade com Pepê, do Grêmio, vem desde a escola. Espera um dia refazer ela jogando por algum clube? Na Seleção vocês disputaram a artilharia do Brasil. Sempre foi uma competição saudável?
- Seria um prazer muito grande. Pepê é um grande jogador e, quem sabe, conseguimos nos encontrar novamente em algum clube pelo mundo. Que possamos seguir parceria na Seleção. Seja na principal ou olímpica. Desejo todo o sucesso do mundo para ele nesta temporada com a camisa do Grêmio.

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