Talvez você não conheça e não tenha ouvido falar de Jonatan Lima, um meio de campo brasileiro que joga no FC Lviv, da Ucrânia. Com passagens por pequenos clubes do Brasil, o volante está em sua segunda temporada no futebol do leste europeu após ter saído do Novorizontino. Ao LANCE!, o jogador de 28 anos comentou sobre o tratamento no país em que vive, principalmente em relação ao racismo, e também explica sobre sua adaptação após sua chegada em 2018.
RACISMO
A Ucrânia foi alvo recente de polêmica em relação ao tema que tem assolado o futebol europeu. Um dos casos mais emblemáticos foi o do Taison que foi vítima de injúria racial em partida contra o Dínamo de Kiev. Jonatan lembra de momentos em que se sente estranho aos olhares das pessoas locais.
- Não (fui vítima de racismo) diretamente, mas sinto nos restaurantes, hotéis e até no mercado em que frequento muita diferença no tratamento.
O volante diz que não conversou com o compatriota que foi vítima do problema, mas lamenta o fato do racismo ser algo tão comum no futebol ucraniano e não acredita em uma mudança de mentalidade tão cedo.
- Infelizmente (o racismo) é algo muito comum aqui. Apesar de ser um absurdo, acabamos nos acostumando, pois isso vai ser uma guerra para ser debatido aqui por parte de muitas pessoas.
ADAPTAÇÃO
Após diversas passagens por clubes do interior de São Paulo, o volante acredita estar vivendo uma experiência muito boa na Europa, tanto profissional quanto pessoalmente, e revela as grandes diferenças que vê de um país para o outro em relação ao trabalho no mundo do futebol.
- Aqui na Ucrânia é cobrado dos atletas um profissionalismo ao extremo. É um futebol de contato físico muito grande, portanto exige bastante da preparação dos atletas, enquanto no Brasil exige mais técnica. Eu me encontrei aqui. Morar sozinho fora do meu país com uma cultura totalmente diferente foi muito difícil, mas agora estou bem adaptado.
Jonatan Lima não é o único brasileiro no elenco do FC Lviv e a presença de outros compatriotas no plantel ajuda a tornar a vida e o tempo na Ucrânia melhores, podendo se encontrar e se relacionar com conhecidos que falem a mesma língua.
- Sempre quando podemos, nos reunimos em uma de nossas casas para assistir um jogo ou fazer uma janta para nos sentirmos mais próximos do Brasil.
OBJETIVOS
O meia não possui interesse de voltar para o Brasil no momento, embora tenha revelado oportunidades para sair do FC Lviv, mas preferiu permanecer pelas questões esportivas e financeiras, visto que os salários na Europa são maiores que no mercado nacional.
- Não tenho vontade de voltar agora. Só se acontecer de um clube me oferecer boas condições, mas estou muito feliz aqui. Acredito que nos meus 28 anos estou chegando na minha melhor fase em maturidade e entendimento de jogo, principalmente taticamente. Tenho pretenção e condições de almejar grandes clubes tanto aqui na Europa quanto no Brasil.