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‘Oportunidade para Neymar decidir o que de fato quer ser quando crescer’

'Ninguém duvida do talento do camisa 10 da Seleção de Tite.  A questão é como ele usa e como vai usar esse talento daqui para frente, agora que tem o papel de protagonista'

Neymar e Mbappé juntos
imagem camera(Foto: FRANCK FIFE / AFP)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 23/09/2017
14:37
Atualizado em 24/09/2017
08:35

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A indicação de Neymar para o prêmio de melhor do mundo da Fifa é mais uma oportunidade para que o atacante do PSG decida o que de fato quer ser quando crescer. Ganhar de Messi, e principalmente de Cristiano Ronaldo, depois de tudo o que o gajo fez na temporada, ganhando mais um título espanhol e a Champions, é missão (quase) impossível. Mas estar ali, entre os grandes, já é um grande feito. E vai permitir ao atacante brazuca refletir sobre seu futuro - e mudar o seu presente.

Ninguém duvida do talento do camisa 10 da seleção de Tite. Este não é um ponto a alimentar discussões. A questão é como ele usa e como vai usar esse talento daqui para A frente, agora que tem o papel de protagonista em um clube do porte do PSG, com a clara missão de levar o time a conquistas muito além do campeonato francês. E no ano em que vai chegar à Copa do Mundo com um status ainda maior do que em 2014, definitivamente, sem nenhuma contestação, ao nível de outras estrelas do futebol mundial.

O começo da jornada francesa, se foi fulminante com a bola no pé, marcando gols, dando assistências e fazendo jogadas de efeito, foi também um desastre no quesito comportamento. A discussão com Cavani pela cobrança do pênalti contra o Lyon, no fim de semana passada, não e algo que combine com quem pretende ser líder de um time. Muito ao contrário, foi uma postura divisionista, própria desses paneleiros que se fazem aos montes no ambiente insalubre do futebol. Faltou maturidade para discutir o assunto depois, fora de campo, internamente e longe dos holofotes. Mas ele foi além na infantilidade: bloqueou o rival uruguaio no seu Instagram, um gesto típico de criança mimada, daquele que é o dono da bola na pelada, que escolhe quem vai jogar no seu time e, se não gostar, bota a pelota de baixo do braço e acaba com a brincadeira, Só faltou mesmo fazer isso...

Há mais o que tratarmos sobre esses últimos tempos do “novo” Neymar. Na primeira convocação para a Seleção Brasileira depois da ida para o PSG, no jogo contra o Equador, o espírito de Peter Pan, do menino que não quer crescer, de novo baixou no atacante. O que se viu em campo foi um moleque, abusando da individualidade sem objetividade, extrapolando nas reclamações, no não-me-toques-que-eu-caio, no melhor estilo sabe com quem está falando?. Coisas que Messi e o português – diga-se o que quiser de CR7, sua marra e sua vaidade – há tempos (ou nunca!) não são vistos fazendo.

Quando Neymar trocou Barcelona por Paris muito se falou de sua decisão. Para muita gente, este colunista inclusive, independentemente dos milhões de euros a mais na conta bancária, trocar a zona de conforto que tinha no time catalão, à sombra do estrelato de Messi, pelo desafio de levar um time nas costas foi uma atitude corajosa. E que poderia revelar, enfim, uma virada de chave em suas posturas. O entrevero com Cavani mostrou que não era nada disso. Que a diferença entre ser o líder de um grupo e simplesmente ser o dono da bola não foi captada pelo craque.

O final da “briga dos pênaltis” foi o mesmo de tantas outras vezes em que Neymar envolveu-se nesse tipo de confusão, provocadas por seu destempero. Um pedido de desculpas. Reuniu os jogadores do PSG antes de um treino, reconheceu que não deveria ter feito o que fez e pôs – ou pensa que sim – um ponto final no assunto. Foi mais ou menos o que fez quando trocou ofensas na internet com torcedores, quando foi expulso em jogo da Seleção contra a Colômbia ou quando saiu de campo xingando Dorival Júnior, ainda nos tempos de Santos, e foi chamado de monstro por Renê Simões, que assistia à cena do banco do adversário.

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Passados exatos sete anos – a advertência de Renê foi em 15 de setembro de 2010 – o monstro que se criava continua a viver dentro de Neymar. Desculpas e choro não consertam nem apagam suas atitudes. Ainda mais quando calculadas, cuidadosamente preparadas por assessores que cuidam de sua imagem. Crescer é a única forma de controla-lo. Neymar precisa tomar porrada para crescer – ao contrário do que lhe deram o cacique e o técnico do PSG, colocando panos quentes e passando a mão em sua cabeça no episódio dos pênaltis. Neymar precisa, para um dia deixar de ser coadjuvante e tornar-se o protagonista da festa dos melhores da Fifa, se entender com ele mesmo. Pois o maior adversário que tem para subir no topo do pódio de melhor os melhores tem nome: chama-se Neymar Junior.

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